Cinema / Televisão

M8 Quando a morte socorre a vida: Democracia, abre as asas sobre nós!

Não percam! Disponível na Netflix

Foto: Divulgação
M8 Quando a morte socorre a vida

Recentemente ocorreu o XVIII Fórum Pedagógico da Escola de Medicina de Saúde Publica com o tema : Democracia : abre as asas sobre nós. Foi um evento muito rico e participativo com pessoas incríveis, que pode ser acessado em parte pelo site do youtube. Recomendo.

Nesta ocasião tivemos a oportunidade de conversar um pouco sobre cinema e educação médica. O filme escolhido para trabalhar o tema foi o nacional M8- quando a morte socorre a vida, dirigido por Jeferson De e lançado em 2020.

Protagonizado por Juan Paiva como Mauricio e com a incrível atuação de Mariana Nunes como Cida, sua mãe, o filme aborda a história de um jovem negro proveniente da periferia do rio de janeiro que inicia seus estudos na faculdade de Medicina da UFRJ.

Três temas entrelaçados se destacam na trama: O racismo, a desigualdade social e o ensino / práticas medicas. Ocorre que Mauricio (Juan), como todo calouro, ao iniciar nas aulas de anatomia, fica impressionadíssimo com os corpos expostos para dissecção. Especialmente o cadáver M8. Como são indigentes, não tem nome, família, história.

E quando uma história é apagada de um corpo, o que resta? A trajetória de Mauricio é dada em 3 etapas. Sua busca por identidade, por pertencimento e por dignidade. M8 representa dentre outras coisas o desconhecimento da nossa história.

Ao se deparar com mães negras que buscam por seus filhos desaparecidos, Mauricio questiona quem são esses cadáveres, identifica-se empaticamente com esses “ninguéns”. Como lidar com o tema da morte em um curso de saúde que não traga para cena a questão da espiritualidade, da transcendência, de uma metafisica possível?

Como pode ser que que tais questionamentos não façam parte de um ensino desta natureza? A empatia (e a falta dela) permeia toda a trama, costurada com esmero. Mauricio diz: ...”é uma questão espiritual. Eu preciso enterrar o M8”. Como no livro vermelho de Jung, os mortos que não podem descansar solicitam de nós um olhar.

Assim como os nossos M8 precisam de reconhecimento e um lugar digno. Jeferson De deixa muito pano pra manga para discussão, M8 é um filme que não se esgota, continua andando pela nossa cabeça, pelo nosso universo (e universidades!), pelas ruas de um país desigual que clama por uma resposta. O final é belíssimo e conta com a breve e literal condução do nosso querido Lazaro Ramos.

Não percam! Disponível na Netflix.