Esta semana uma mulher sofreu uma tentativa de feminicídio logo após solicitar medida protetiva contra o ex-marido, em São Paulo. Em Recife outra mulher levou um tiro. Em Salvador o marido espancou a esposa por desconfiar que o estava traindo e ela ficou em estado grave. Em Minas mais duas tentativas de homicídio. Já está na hora de parar com isso. A Justiça tem de adotar um modelo de punição que esteja dentro do Código Penal, mas que represente algo mais forte, mais intenso, mais punitivo.
A mulher que foi atacada pelo marido chegava em casa com as três filhas e um carro entrou na contramão e foi jogado em cima do dela. Era o ex-marido que agia com ciúmes, vez que ela tinha estado com o namorado junto com as meninas, o que era algo que não passava por sua cabeça doente. E depois de jogar o carro, tendo quebrado o fêmur da própria filha de oito anos, buscou um pedaço de ferro na tentativa de matar.
Parece que ainda estamos vivendo no início do século passado quando mulher não podia se separar que ficava mal falada pelo bairro inteiro e até na família, com as pessoas se esquivando delas como se tivessem doença contagiosa. Tempo em que mulher para trabalhar precisava de um documento do marido autorizando. Época em que mulher usar calça era coisa vista como de pessoa anormal. Período em que mulher abrir a boca para questionar o marido era passiva de espancamento e os vizinhos e vizinhas ainda davam razão ao agressor.
Mas estamos em pleno século XXI. Bom ficar sabendo que a maioria das mulheres brasileiras (86%) percebeu um aumento na violência cometida contra pessoas do sexo feminino durante 2021 seguindo pesquisa “Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher”, realizada pelo Instituto DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência.
A pesquisa é realizada a cada dois anos, desde 2005. A edição de 2021 revelou um crescimento de 4% na percepção das mulheres sobre a violência em relação à edição anterior. O estudo ouviu 3 mil pessoas. Para 71% das entrevistadas, o Brasil é um país muito machista. Segundo a pesquisa, 68% das brasileiras conhecem uma ou mais mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar, enquanto 27% declaram já ter sofrido algum tipo de agressão por um homem.
De acordo com a pesquisa, 18% das mulheres agredidas por homens convivem com o agressor. Para 75% das entrevistadas, o medo leva a mulher a não denunciar. O estudo demonstra, no entanto, que 100% das vítimas agredidas por namorados e 79% das agredidas por maridos terminaram a relação.
Tem é de terminar com isso tudo. Cabe ao Congresso Nacional providenciar novas leis, pois enquanto isso o sangue delas, das vítimas de espancamento e feminicídio, escorre também por suas mãos. Se bem que tem até senador e deputado que bateu na mulher.