Feriado prolongado se aproximando, muita chuva na previsão meteorológica, então é um momento para ficar quentinho no sofá assistindo um bom filme. A sugestão é assistir “O Bombardeio”, que embora não seja um filme longo (1h e 47minutos) é um filme denso e com tensão crescente.
Filme dinamarquês, disponível na Netflix, tem fotografia cuidadosa e belíssima, mesmo nas cenas mais difíceis. Conta com roteiro e direção de Ole Bornedal, que tem uma carreira de sucesso na filmografia dinamarquesa (Plano Quase Perfeito e Possessão) além de um elenco afinado e com grande cumplicidade artística.
Tenho que admitir que não conheço tanto os atores e atrizes dinamarqueses, mas por outro lado tive maravilhosas surpresas, com destaque especial para três jovens: Fanny Bornedal, 21 anos, filha de Ole Bornedal, que dá beleza e dignidade a controversa Madre Teresa, Betram Bisgaard (16 anos) no papel do traumatizado Henry, e a excepcional Ella Josephine Lund Nilson (no máximo, 11 anos) cujo desempenho no filme é diretamente proporcional ao tamanho do seu nome. A Eva vivida por Ella (permita-me o trocadilho) é intensa, verdadeira e carismática.
A sinopse diz que “O Bombardeio” é um filme de guerra. Sim, é um filme baseado em um fato real, que nos mostra os horrores da guerra, e nos choca por trazer à tona mais um erro da Segunda Guerra Mundial, levando ao bombardeio de locais onde civis deveriam estar protegidos, nesse caso específico agravado por se tratar de crianças e mulheres. Nos choca também por colocar no raio da nossa visão a realidade da atual invasão da Ucrânia e todo sofrimento que seu povo está vivendo. A guerra não afeta um país, afeta o mundo e todos os indivíduos.
Engana-se quem pensa que “O Bombardeio” é mais um filme de guerra. Vai muito além disso. É um filme que tendo a guerra como cenário, entrelaça a vida dos personagens, trazendo toda diversidade e complexidade dos seres humanos. A guerra a todos iguala no sentimento coletivo, mas aprisiona e fragiliza nos sentimentos individuais.
“ O Bombardeio” é um filme ao qual não se sai imune e seu encanto reside justamente no seu realismo sem exageros, na emoção dos personagens e no olhar apurado do diretor sobre o valor da vida durante a guerra.