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Tropas russas se preparam para entrar na capital da Ucrânia (Kiev)

Ao menos 33 alvos civis foram bombardeados pela Rússia na Ucrânia nas últimas 24 horas

Kiev encontra-se sob tensão, à espera da invasão russa

O Ministério da Defesa da Ucrânia afirmou na manhã desta sexta-feira, 25, pelo horário de Brasília, período da tarde no horário local, que as forças russas entraram no distrito de Obolon, a menos de nove quilômetros do centro de Kiev, de acordo com o jornal The New York Times. O ministério também recomendou que os moradores se protejam em locais fechados. As autoridades ucranianas dizem que militares russos estão posicionados no distrito residencial de Obolon, perto do Parlamento ucraniano, no centro da cidade.

Os bombardeios também aumentaram nas últimas horas, e puderam ser ouvidos e sentidos em vários pontos da capital ucraniana, relata o enviado especial do Estadão na Ucrânia, Eduardo Gayer. Em sua conta no Twitter, o ministério do Interior da Ucrânia disse ainda que os moradores devem "preparar coquetéis molotov" para tentar deter os invasores.

As forças russas aproximaram-se de Kiev após avançar rapidamente de três eixos, no Norte, Sul e Leste da Ucrânia. As duas primeiras frentes dirigiam-se à capital no início da ofensiva, segundo autoridades de inteligência ucranianas.

Agências de notícias informam que o ataque começou com helicópteros, pouco antes das 4h locais (23h de Brasília. Sirenes de ataque aéreo soaram sobre a cidade de 3 milhões de habitantes, onde algumas estavam abrigadas em estações de metrô subterrâneas.

Um alto funcionário ucraniano disse que as forças ucranianas defendem a capital em quatro frentes, e estão em menor número. Autoridades ucranianas disseram que um avião russo foi derrubado e colidiu com um prédio em Kiev durante a noite, incendiando-o e ferindo oito pessoas

Ataques continuam também em várias outras cidades ucranianas. Grandes explosões altas foram ouvidas em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, e a cidade grande mais próxima à fronteira com a Rússia. A prefeitura pediu para a população procurar abrigo.

Em Lviv, no Oeste, sirenes de ataque aéreo soaram. As autoridades relataram fortes combates na cidade oriental de Sumy

Em um prédio de dez andares de um conjunto habitacional perto do principal aeroporto de Kiev, uma bomba explodiu pouco antes do amanhecer e deixou uma cratera de dois metros. Um policial disse que as pessoas ficaram feridas lá, mas que não foram registradas mortes.

Civis convocados

O Exército da Ucrânia fez uma convocação para todos os civis se alistarem. "Precisamos de todos os recrutas, sem restrições de idade", disse uma primeira mensagem publicada em uma rede social A convocação, presumivelmente, vale também para menores de idade, e alcança homens e mulheres. Desde dezembro, todas as mulheres ucranianas "aptas ao serviço militar" entre 18 e 60 anos fazem parte da reserva em tempos de guerra.

Pouco depois, houve uma segunda convocação: "hoje, a Ucrânia precisa de tudo. Todos os procedimentos de adesão são simplificados. Traga apenas seu passaporte e número de identidade".

O governo encorajou moradores a fazerem coquetéis molotov, enquanto também aconselham outros a procurarem abrigo. "Pedimos aos cidadãos que nos informem sobre os movimentos de tropas, façam coquetéis molotov e neutralizem o inimigo", afirma um texto.

Queda da capital

Na noite de quinta-feira, 24, funcionários do alto escalão do governo dos Estados Unidos afirmaram que acreditam que Kiev poderia cair rapidamente com o avanço das forças russas. De acordo com os setores de inteligência americanos, as forças militares da Rússia, enviadas de Belarus, aproximam-se de Kiev.

Os combates se intensificaram entre a noite de quinta-feira e madrugada de sexta (horário de Brasília), com intenso bombardeio em diversas cidades do país.

Sirenes de alerta foram soadas em Kiev e Lviv, e ao menos três soldados da patrulha de fronteira ucraniana foram mortos durante um bombardeio em Zaporizhia.

Moscou vem afirmando reiteradamente que os ataques miram alvos militares da Ucrânia, o que foi contestado pelo presidente Volodmir Zelenski, que afirma que alvos civis foram atingidos durante os bombardeios.

A opinião dos EUA

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou na noite de quinta-feira, 24, pelo horário de Brasília, que está convencido de que o presidente russo Vladimir Putin irá tentar derrubar o atual governo estabelecido da Ucrânia.

Em entrevista à rede ABC, o diplomata apontou que o plano de Putin é colocar Kiev em perigo, atacando a capital e outras grandes cidades.

Sobre as ações do governo americano em resposta, disse que se o russo "escalar, nós também iremos". Parte das tropas russas se aproxima da capital ucraniana nesta sexta-feira, 25, e explosões foram ouvidas nos arredores da cidade.

Segundo Blinken, em termos de opções, "tudo está sob a mesa", inclusive sancionar diretamente Putin. Sobre as medidas aplicadas até o momento, o secretário afirmou: "sanções que tomamos junto com nossos aliados terão consequências severas para a Rússia".

Segundo ele, as restrições irão afetar capacidade russa de levantar dinheiro no cenário internacional e de conseguir tecnologia, e o impacto será sentido ao longo do tempo.

Questionado sobre planos de Moscou de agir para além da Ucrânia, Blinken respondeu que é uma possibilidade que Putin tente realizar. No entanto, neste caso, "há o artigo 5 da Organização dos Países do Atlântico Norte (Otan)", apontou, citando uma cláusula de defesa comum que prevê a intervenção dos países da aliança em caso de agressão externa.