Assisti a um filme. Não importa o nome, agora. Nem fazer uma resenha, dar estrelinha, comparar, nada disso.
As cenas foram passando e vi um Fernão Capelo Gaivota ("Jonathan Livingston Seagull — a story") fazendo acrobacias, tentando ser algo melhor, algo além de si mesmo, inspirando liberdade, sendo amor no estado mais puro da palavra. E vi suas asas sendo arrancadas pela maldade.
Vi um "Manchester à Beira-Mar", tipo de filme que você não dá nada quando começa a assistir e, de repente, se vê mergulhado numa tristeza tão profunda e angustiante (claustrofobia?!), agarrado à tragédia, querendo entrar na tela da televisão e mudar os fatos a todo custo, e vai perceber, no final, bem diante dos olhos, que para certas dores: não existe cura, segunda chance, superação!
E vai quase entender um José Datrino, o Profeta Gentileza.
Quinhentos mortos num incêndio de um circo, em Niterói. A maioria dos mortos e queimados: crianças. Ele não suportou assistir impunemente tamanha comiseração.
José abandona tudo. Abandona esse mundo como o vemos e compactuamos, em vida. Não quer prêmios! Não aponta dedos! Vira uma espécie de "bandeira branca" ambulante. Vai oferecer sua vida.
Um jardim e uma horta sobre os escombros, sobre as cinzas dos cadáveres. Flores! José vai confortar os familiares das vítimas da tragédia com suas palavras e, especialmente, gestos de bondade... É o que nosso mundo mais precisa. Daquele dia em diante, passou a se chamar "José Agradecido", ou "Profeta Gentileza".
Eu agradeço com toda a força do meu coração a todos os Gentilezas anônimos (ou conhecidos) que "enlouqueceram" por amor. Amor à nossa raça. Porque o amor não faz o mundo girar. O amor é o que faz o giro e os tombos valerem a pena.