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Pandemia eleva depressão entre profissionais de saúde no mundo

Pesquisa revela que muitos desses profissionais têm pensamentos suicidas

Foto: OIM | Nate Webb
Com a pressão da pandemia, muitos profissionais tiveram a saúde mental abalada

A pandemia de Covid-19 tem contribuído para índices elevados de depressão entre profissionais de saúde da América Latina. Uma pesquisa liderada pela Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, mostra que os níveis de stress psicológico e até mesmo de pensamentos suicidas também estão altos.  

O estudo foi feito em parceria com a Universidade do Chile e a Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Entre 14,7% e 22% dos profissionais de saúde entrevistados apresentaram sintomas de depressão e até 15% confirmaram já ter tido pensamentos suicidas.  

No Brasil

Segundo a Opas, em alguns países, o atendimento psicológico só estava ao alcance de apenas um terço dos profissionais que precisavam do serviço. O diretor de Departamento de Saúde Mental da Opas declarou que “a pandemia aumentou o peso sobre os profissionais de saúde” devido às horas de trabalho ainda mais exaustivas e dilemas éticos que tiveram um impacto na saúde mental.  

Anselm Hennis lembrou que a pandemia ainda não acabou e por isso, “é essencial cuidar daqueles que cuidam de nós”.  

Foram entrevistados mais de 14,5 mil médicos, enfermeiros e outros trabalhadores de saúde na Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Guatemala, México, Peru, Porto Rico, Venezuela e Uruguai.  

A Opas lista vários fatores que afetaram a saúde mental dos profissionais: necessidade de receber apoio emocional e financeiro, receio de infecção de familiares, conflitos com parentes de infectados e pessoas sob cuidados médicos e mudanças regulares nos turnos de trabalho.  

Por outro lado, a confiança em que as instituições de saúde e os governos poderiam lidar com a pandemia, ter o apoio dos colegas de profissão e ter uma conexão religiosa ou espiritual foram apontados como fatores que ajudaram a proteger a saúde mental.  

Um dos principais autores do estudo, o pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade do Chile, Rubén Alvarado, declarou que “a pandemia aumentou o stress, a ansiedade e a depressão entre profissionais de saúde, revelando que os países não têm políticas específicas para proteger a saúde mental do grupo”.  

Por isso, o estudo destaca ser urgente desenvolver esse tipo de política e de ações, garantindo ainda um ambiente de trabalho com condições adequadas, salários decentes e condições contratuais estáveis. 

O epidemiologista da Universidade de Columbia e também autor do estudo, Ezra Susser, destaca que dois anos depois da pandemia, muitos profissionais não estão tendo o apoio necessário. Ele teme que muitos desenvolvam doenças mentais nos próximos anos.  

Para promover estilos de vida saudáveis entre profissionais de saúde, a Opas acaba de lançar um curso online gratuito sobre autocuidado. A capacitação ajuda a avaliar o stress relacionado ao trabalho, identificar riscos e sinais de saúde mental desequilibrada.