É claro que eu queria dizer, ou melhor, só dizer coisas "boas". Eu queria paz na Terra. Já rezei (escondido), de joelhos, por isso. "Era só repartir melhor o pão", né? Ação!
Mas isso parece que tá longe de acontecer por essas bandas. Eu que já recomecei tantas vezes. Do zero. Zero nada. Do menos 20, do menos 30. Ando até meio envergado, acho, depois de tanto tombo, porrada por tudo que é lado. Mas minha cabeça tá de pé, pô.
Eu que consegui andar de novo. Tenho bons amigos. Os melhores. Eu que já pulei no abismo sem paraquedas. Eu que escalei na raça. Saí fora da porcaria daquele buraco. "Deste mangue num sai caranguejo não" - me disseram, sentenciando. Na lama: eu tava. Mas não acreditei, não. Paguei pra ver.
Pra mim era tudo tão mais simples. Rezei o velho "Pai Nosso", como fazia quando era criança. Senti um certo alivio. Neste mundo sem nexo!
Eu que já arrisquei tudo por aquele beijo, porque achei que não teria outra chance. Eu que já quebrei a coluna e até os joelhos. Eu que já me maltratei tanto.
Senti dó da minha carne, mas o mal maior foi na alma.
Eu que não imaginava que ia passar dos 22 anos de idade. Busquei em tantos lugares, mas o que eu buscava não estava na direção que as placas do mundo me indicaram - o GPS do mundo é tão doido e cruel.
Hoje, com quarenta e tantos (mas me sinto com uns 300), sou pai de duas lindas meninas... O tesouro e a alegria da minha vida.
Escondo lágrimas rebeldes (que insistem em escapar dos meus olhos), aqui na sala, sozinho. E aqui, no chão da nossa casa, escuto a canção...
Eu que tenho tanto a agradecer... A fazer. Chega de ferir e ser ferido. Um mundo melhor pra quem vem depois. Um mundo melhor. Um mundo!