Brasil

Trânsito faz 1,6 milhão de vítimas no País em 10 anos (7 por minuto)

O custo direto é de quase R$ 3 bilhões para o Sistema Único de Saúde (SUS)

Os acidentes nas estradas brasileiras continuam matando como em uma guerra

O Brasil registrou 27.839 indenizações pagas por acidentes de trânsito com mortes entre janeiro e outubro de 2020. Os números mostram que, a cada 7 minutos uma pessoa é vítima de um acidente em alguma via, trazendo impactos sociais e econômicos imensuráveis para as famílias das vítimas e também para a economia do país. Cerca de 87,6% dos acidentes de trânsito são causados devido a desatenção e excesso e velocidade.

A perda de produção bruta por morte - cálculo que integra o relatório executivo do Ipea sobre os Impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras - foi de R$ 2,018 trilhões em 2017, cerca de R$ 760 bilhões a mais que em 2011, quando foi intensificado o monitoramento eletrônico em vias e rodovias do país. No período foi possível constatar uma queda de 33% na taxa de mortes por 100 mil veículos e redução em 55% nas colisões entre veículos.

O CFM-Conselho Federal de Medicina divulgou estudo apontando que os desastres nas ruas e estradas do país já deixaram mais de 1,6 milhão de feridos nos últimos dez anos, ao custo direto de quase R$ 3 bilhões para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Obter estatísticas como estas, atualmente, é possível devido aos investimentos realizados em inteligência artificial e mobilidade urbana. Equipamentos de tecnologia em trânsito como, por exemplo, os radares geram dados de acordo com requisitos para que foram configurados.

"Os radares servem para garantir a segurança da população. Ao aferir a velocidade, a tecnologia ajuda a evitar acidentes e mortes em vias, rodovias e em locais como no entorno de escolas, hospitais e residências", afirma Guilherme Araújo, especialista em mobilidade e diretor-presidente da Velsis.

Os radares - com tecnologias que variam entre o laço indutivo, doopler (ultrassom), laço virtual (cálculo sobre imagem) ou laser - são capazes de capturar informações sobre presença e tempo de passagem dos veículos, permitindo registrar informações estatísticas e as infrações de trânsito. Entre elas, veículos acima da velocidade permitida, parada sobre faixa de pedestres, avanço de semáforo no vermelho, fluxo em contramão e conversão proibida.

A combinação de equipamentos de captura e processamento de imagens das placas de veículos (OCR/LPR) e de um software com inteligência artificial faz com que o sistema seja classificado como não intrusivo, ou seja, reduz o período de manutenção e necessidade de interdição de obras nas pistas para realizar a sua implantação.

A tecnologia LAP (Leitura Automática de Placas), por exemplo, incorporada aos radares eletrônicos, é capaz de proporcionar a leitura da placa dos veículos e verificar, em questão de segundos, a situação em relação a débitos, indicativos de furtos, ou bloqueios. "O equipamento é um auxiliar na fiscalização do trânsito. Além da segurança ocasionada pela redução de velocidade, os radares contribuem para a melhora da gestão das vias, para a gestão do tráfego e convidam o cidadão a cumprir diariamente as normas estabelecidas", completam Guilherme.

Um exemplo é a cidade de Salvador, que com o uso de tecnologia de monitoramento conseguiu reduzir em 50% o número de mortes no trânsito nos últimos dez anos, saindo de 260 mortes ao ano para 130 mortes por ano.

O diretor de Trânsito da Transalvador, Marcelo Correa, explica que o uso de sistemas e informações obtidas em equipamentos tecnológicos são essenciais para os resultados positivos que vêm sendo obtidos nos últimos anos para o monitoramento de veículos e pedestres, do trânsito, da capacidade dos transportes públicos, do sistema viário e da própria segurança pública.

"As tecnologias controlam os principais corredores de tráfego na cidade, monitorando os gargalos com eficiência e em tempo real, fiscalizando avanços de velocidade . Isso é fundamental para estimular as leis de trânsito - e para contribuir com o direito de passagem, já que reduzem o tempo de deslocamento dos cidadãos", afirmou Marcelo.

Na pandemia

Apesar da queda do movimento nas rodovias em todo país, estimado em cerca de 15% em 2020, por causa da pandemia, a Polícia Militar Rodoviária de São Paulo fiscalizou com mais rigor os abusos de velocidade, mais frequentes devido às pistas vazias. O resultado foi que São Paulo conseguiu reduzir as mortes em 10%, próximo da queda do movimento, enquanto as rodovias federais não registraram quase nenhuma redução.

Nas rodovias federais foi como se a pandemia não existisse, o número de mortos foi o praticamente o mesmo de 2019.