Palco

Espetáculo entra em cena em SP e Liverpool simultaneamente

Pedro Granato e israelense Ruthie Osterman apresentam espetáculo

Foto: Nadja Kouchi
Pedro Granato

Co-produção Brasil-Israel-Reino Unido, Weapon is a Part of my Body é um espetáculo desenvolvido entre o brasileiro Pedro Granato e a israelense Ruthie Osterman.

Em telhados de suas respectivas cidades (Granato em São Paulo e Ruthie em Liverpool) compartilham histórias pessoais que cruzam nascimentos, guerras, mortes e conquistas. O espetáculo estreia em quatro sessões dias 24 e 31 de outubro e 7 e 14 de novembro, às 11h.

A montagem também integra a programação do festival Porto Alegre em Cena, nos dias 24 e 31 de outubro.

Em cena, dois artistas de teatro beirando os quarenta anos, pais de primeira viagem, questionam como a violência está atrelada às suas identidades, suas sobrevivências e conexões a um lugar.

O ponto de partida para a criação foi a ideia de violência segundo o conceito do filósofo esloveno Slavoj ?i?ek, que aborda não apenas sua aparência óbvia e visível, mas também seu caráter simbólico e como toda forma de poder está profundamente conectada a ela.

Nascida em Israel e atualmente morando em Liverpool, Ruthie Osterman aborda como a violência moldou seu modo de viver usando os relatos de opressão com que se deparou em sua juventude durante a Guerra do Golfo, o aprendizado com sua avó – uma sobrevivente do Holocausto – e a experiência no Exército Israelense.

O paulistano Pedro Granato cruza estas histórias com sua experiência no poder público e a aproximação a políticos e seus violentos jogos de poder. “No Brasil vivemos uma violência muito grande no tecido social, que muitas vezes, são mais contundentes e explicitas do que um próprio ato violento, é a violência das regras, da disputa de poder. E a maternidade/paternidade também é um processo visceral que envolve limites, brigas e disputas”, fala Granato.

A colaboração entre os artistas começou em 2019 com Babylon Beyond Borders – Babilônia Sem Fronteiras, espetáculo que acontecia simultaneamente em quatro cidades ao redor do mundo (Londres/Bush Theatre, Nova York/Harlem Stage, São Paulo/SESC Consolação e Joanesburgo/Market Theatre), com transmissão ao vivo, e que teve grande repercussão de público e crítica em diferentes países.

Em a Weapon is a Part of My Body, continuam explorando a temática do exílio contemporâneo, agora focado no cruzamento entre Israel e Brasil, explorando as tensões políticas atualmente existentes entre os dois países e dentro de cada um, tentando entender e revelar como a violência formou suas identidades.

Para desenvolver a montagem, os criadores trabalharam a ideia de mostrar a cidade como cenário, a partir de um lugar significativo para cada um. Ruthie trabalha em cima de um prédio abandonado em reconstrução, e Granato no terraço da Secretaria Municipal de Cultura, onde passou boa parte das experiências relatadas em cena.

O formato digital permite a criação de um trabalho para o público dos países de origem, e simultaneamente, para pessoas ao redor do mundo. “A combinação entre mídias digitais e apresentação ao vivo não apenas funciona como também complementa o conteúdo de nossa pesquisa artística, com a linguagem contemporânea que representa o espírito do tempo”, diz Granato.

“Acreditamos que neste momento de pandemia, com fronteiras fechadas, radicalização, medo do outro e domínio das mídias sociais, o encontro humano e colaborações internacionais sejam criticamente necessárias e tenham o verdadeiro poder de gerar uma mudança significativa.

É por isso que criamos juntos. Além disso, é importante para nós que estas colaborações não sejam apenas pontuais, mas sim, a longo prazo. A colaboração, o diálogo, o envolvimento com os participantes e o público são muito mais profundos e interessantes”, completa Ruthie Osterman.

Sinopse

Uma mãe e um pai, com continentes de distância refletem sobre como o poder e a violência moldaram suas trajetórias. Em telhados de suas cidades compartilham histórias pessoais que cruzam nascimentos, guerras, mortes e conquistas.

Ruthie Osterman

Nascida em 1982 em Israel, Ruthie é criadora, diretora, dramaturga e intérprete de teatro. Atualmente, mora em Londres. Graduada em Dramatic Arts do Kibbutzim College em Tel Aviv e na Royal Central School of Speech & Drama de Londres. Já realizou espetáculos em Israel, Polônia, Londres e Índia e ganhou uma variedade de prêmios por seus trabalhos.

Ruthie participou como representante israelense no Lincoln Center Directors Lab NYC em 2013 e 2014. Em 2015, o conselho de artes da Inglaterra a definiu como uma "artista promissora" e recebeu um "visto de talent excepcional" para o Reino Unido. http://www.ruthieosterman.com/

Pedro Granato

Atualmente Coordenador de Formação na Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, em 2019 e 2020 foi também Coordenador dos Centros Culturais e Teatros Municipais. Em sua gestão em um ano, dobrou o público destes espaços e inaugurou o Centro Cultural da Diversidade, além de participar da criação e execução de Festivais como Verão Sem Censura e Palco Presente. E reinaugurou os teatros Paulo Eiró e Arthur de Azevedo.

No Pequeno Ato investiga o teatro imersivo e a formação de novos públicos. Essa pesquisa permanente resultou em espetáculos criados colaborativamente que conquistaram a crítica e o público jovem: Fortes Batidas - Prêmio APCA de Melhor Espetáculo em Espaço não Convencional, Prêmio Especial por Experimentação de Linguagem no Prêmio São Paulo e Prêmio Zé Renato para circulação e 11 Selvagens pré-indicado para “melhor texto original” no Prêmio São Paulo; entre os 10 melhores espetáculos de 2017 pela Revista Veja e PROAC Circulação para viagens ao interior do estado.

Em 2019, em absoluta sintonia com o momento político do país, o Núcleo estreou Distopia Brasil, indicado ao Prêmio Aplauso Brasil nas categorias Melhor Arquitetura Cênica e Melhor Figurino para o 1º Semestre de 2019. Foi contemplado pelo Prêmio Cleyde Yaconis realizando 20 apresentações em espaços públicos do centro de são Paulo, tendo os ingressos esgotados em menos de 5 minutos, e 8 apresentações em CEUs.

Em 2021, conquistou público e critica com Caso Cabaré Privê eleito como Melhor Espetáculo Jovem no Prêmio APCA; Prêmio WeDo! nas categorias Performance, Direção, Prêmio do Júri Popular e Interatividade; também foi destaque pelo Observatório do Teatro nas categorias Luz, Figurino, Atriz Coadjuvante (Gabriela Gonzalez), e no Guia da Folha entre as 5 melhores atrações do ano para se ver pela internet. A mais recente montagem, Descontrole Público estreou em agosto de 2021, um espetáculo onde o público controla personagens como avatares de um videogame.