Cena do filme "O Planeta dos Macacos"

"A Revolução dos Bichos’, o clássico de George Orwell, escancara o totalitarismo. Na trama, com a “destituição” do fazendeiro, os animais vivem sob o governo autoritário do porco Napoleão. Vivem como um humano. E o autor é didático quando nos pede para lembrar sempre de nosso dever de inimizade para com o Homem e todos os seus desígnios. O livro continua sendo uma porrada!  O que quer que ande sobre duas pernas é inimigo, o que quer que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.

E que na luta contra o Homem não devemos ser como ele. "Fortes ou fracos, espertos ou simplórios, somos todos irmãos. Todos os animais são iguais..."  É que o homem pode mais, pode tudo, pode até voar, mas não consegue suportar o vizinho. Rasteja! E isso nós já sabemos!

Encontramos "igualdade" nas leis, nas teorias, nas escrituras, na boca do político, na panca do charlatão. Mas não há igualdade na prática, não na vida real. Qualquer tipo de opressão significa a falência da nossa raça. Repito: qualquer tipo de opressão significa a falência da nossa raça. 

Minha vó dizia, com orgulho, que tinha sangue índio correndo em nossas veias. Eu, criança, curioso:  perguntava. E ela respondia. A vó não sabia muito dos detalhes acerca da origem e tals, mas tinha paciência comigo e tentava responder às minhas perguntas e dúvidas de criança. 

Meu amigo Pinduca (poeta/jornalista Ademir Assunção) escreveu que torcia pros "indios" nas brincadeiras, nos filmes de sua infância. Eu também, meu amigo! E pros macacos também. Aliás, eu torço pros pássaros, girafas, baleias, jacarés, lobos, tigres, gatos, tubarões. Mas torço, do fundo do coração, por todos nós!

Lembro que quando assisti ao filme "O Planeta Dos Macacos: A Origem", com meu pai, percebi que o pai tinha lágrimas nos olhos (eu também, caramba!). Ele disse: "Filho, a gente passa o filme inteiro torcendo pro macaco, né?"  Exatamente o que minha filha quis dizer ao me perguntar: "Por que o Homem mata as baleias, pai?" Não tive o que responder para ela; disse só: "Não sei"...

A lista da nossa matança é muito extensa. Mas vou continuar torcendo por todos, todos nós - do mundo inteiro. Até o fim. Afinal, este jogo é uma espécie de coração de mãe. Precisa caber todo mundo para que aconteça a vitória, meus irmãos!