Mais de um terço da população sofre com problemas para dormir. Colocar em nosso cotidiano o ato de suspensão durante um tempo, como Freud pensava a capacidade de dormir, não está mais nos nossos planos. Buscamos nos manter em um estado de vigília permanente.
Do que estamos abrindo mão? Por que nos é tão difícil deixar-nos embarcar no sono?
O livro A Erótica do Sono, do psiquiatra e psicanalista Mario Eduardo Costa Pereira — professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Campinas (Unicamp) —, publicado pela Aller Editora, aborda o tema desde diferentes perspectivas do assunto, fazendo-nos perceber que, para dormir em paz, há muito mais em jogo do que somente a necessidade fisiológica.
Mario Eduardo apresenta as estatísticas atuais sobre a insônia e o consumo de medicamentos para dormir. E, a partir disso, disseca, nos capítulos posteriores, os dramas humanos e suas consequências de ficar em constate estado de alerta.
Para isso, debruça-se nas obras de Shakespeare, dedica especial atenção a Macbeth e Hamlet, e escreve como a relação das personagens com a noite e o dormir estão diretamente relacionados às tragédias vividas por cada uma delas.
Poder dormir é permitir-se baixar defesas, entregar-se ao desconhecido, ao sonho que apresenta os desejos mais escondidos em cada um.
Poder ser acompanhado no adormecimento fez parte da vida de muitos de nós quando pequenos.
O acalanto cantado por aquele ou aquela que estava ao nosso lado nesse momento em que os olhos se fechando insistem em abrir-se ou no cafuné ritmado que pode convidar também a outros prazeres.