Bahia / Comportamento

Negros lideram atendimentos feitos por Defensores baianos

Além do recorte de cor, pensão alimentícia está entre os principais serviços realizados à população

Foto: Nappy.com/Creative Commons
Os dados são do levantamento feito pelo Grupo de Trabalho pela Igualdade Racial da DPE
Os dados são do levantamento feito pelo Grupo de Trabalho pela Igualdade Racial da DPE

Na Bahia, das pessoas que buscam diariamente pelo serviço da Defensoria Pública do Estado (DPE-BA), 90 % são pretas e a maioria tem renda abaixo de R$500 reais.

Os dados são do levantamento feito pelo Grupo de Trabalho pela Igualdade Racial da DPE, instituído em 2019. A coordenadora do Grupo, Vanessa Nunes, destaca a importância de implementar uma politica antirracista nos órgãos para diminuir a disparidade e o racismo estrutural da sociedade, levando em conta quais são os serviços buscados e quem são, de fato, essas duas mil pessoas que buscam por ajuda todos os dias. 

“A política de promoção da equidade racial e enfrentamento ao racismo da Defensoria Pública deve começar em um processo interno, como exemplo de mudança cultural na instituição. Outros dois pontos importantes do funcionamento dessa política são a garantia de ocupação, nas funções de confiança, de pelo menos 50% de mulheres e 30% de pessoas negras - o que enriquece a composição da gestão e promove representatividade - e a priorização de pautas importantes dos movimentos negros para a atuação das defensoras e defensores que estão na ponta”, detalha Vanessa. 

Debate Nacional

A partir desta quarta-feira (19), quando é comemorado o dia do Defensor Público, a  Associação Nacional dos Defensores e Defensoras (ANADEP) traz a questão racial e o olhar a outras minorias para o debate com a campanha anual - "Racismo se combate em todo lugar: Defensoras e Defensores Públicos pela equidade racial". A partir da discussão, a categoria visa trazer à tona a necessidade de equidade no acesso a direitos e às políticas públicas de pessoas indígenas, negras, quilombolas e povos tradicionais. 

De acordo com o Presidente da Associação das Defensoras e Defensores Públicos do Estado (ADEP-BA), Igor Santos, atuar em prol dos minorias é um dos principais papéis da categoria e, em meio à pandemia, essa tarefa tem sido ainda maior.

“No dia dedicado a nós, defensores, nada mais humano que nos voltarmos para o debate em torno dos grupos vulneráveis de nossa sociedade e seus aspectos estruturais, que ensejam a perpetuação das desigualdades”, elucida Santos.