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Novo vídeo mostra que George Floyd implorou para não ser morto

Imagens mostram ele dizendo que amava família e que não era mau

Durante mais um dia de audiências pela morte de George Floyd, cometida pelo policial branco Derek Chauvin, um novo vídeo com as imagens daquele fatídico 25 de maio de 2020 mostram o norte-americano implorando para não ser morto e dizendo "não ser um cara mau". As imagens foram reveladas pela BBC.

Floyd, um homem negro de 46 anos, foi morto por sufocamento após Chauvin ficar quase nove minutos com o joelho no pescoço dele. A abordagem ocorreu porque o homem tinha usado uma nota falsa de US$ 20 para comprar um maço de cigarros em uma loja de Minneapolis.

As imagens mostradas para o júri são da câmera na farda do agente Thomas Lane, que também é investigado pela morte, mas em um processo separado. Floyd implora para que os policiais "não atirem nele" e diz que "acabou de perder a sua mãe". Até o momento que ele é levado para a viatura, ele diz que "fará tudo que disserem" e que não vai entrar em confronto com os agentes.

No entanto, ao ser colocado na viatura, Floyd começa a chorar e resiste, dizendo sofrer de claustrofobia em um aparente crise de ansiedade. Então, Chauvin e outro agente, Tou Thao, também aparecem nas imagens. Os três tiram o homem do carro e o deitam no chão, com Chauvin colocando seu joelho no pescoço dele.

Por várias vezes, como havia sido revelado em outros vídeos, Floyd diz que não consegue respirar e pede para as pessoas dizerem que ele ama seus filhos. Chauvin ironiza a cena e diz que "é preciso ter bastante oxigênio para ficar falando isso".

Também é possível ouvir diversas testemunhas criticando os policiais pela abordagem e pedindo que o pulso de Floyd seja sentido. Essa fase do processo também está ouvindo aqueles que acompanharam toda a ação e, nesta quarta-feira, entre eles, estava o jovem Christopher Martin, de 19 anos, que foi quem recebeu a nota falsa.

Segundo seu depoimento, Floyd parecia "estar chapado", mas era "amigável e acessível" dentro da loja e com os funcionários.

Martin destacou que percebeu que a nota era falsa por conta das texturas, mas disse duvidar que Floyd soubesse disso.

O rapaz disse que pensou em deixar a loja descontar os US$ 20 de seu salário, mas decidiu comunicar o gerente. Um outro funcionário foi quem chamou a polícia. Martin ainda revelou que sente "culpa" por tudo que ocorreu porque se "só tivesse não aceitado a nota, isso tudo poderia ser evitado".

O processo contra Chauvin deve durar até maio. Enquanto a acusação diz que o policial "traiu seu distintivo" ao matar Floyd, a defesa vai usar a tese de que o homem morreu por efeito das drogas e não pela abordagem do agente - mesmo que a autópsia tenha mostrado a asfixia como causa do falecimento.

A morte de Floyd foi o estopim para as intensas manifestações contra o racismo do movimento Vidas Negras Importam e que cobram uma grande reforma dos métodos da polícia norte-americana, já que episódios do tipo são registrados com frequência.