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Brasil fica em 1º lugar em ranking de países dos que mais sentem solidão

Pesquisa foi realizada com 28 nações pela Ipsos

Foto: Pixabay.com
Solidão
A sensação de solidão aumentou no último semestre, segundo 52% dos brasileiros

A solidão tem sido um sentimento recorrente para metade da população do Brasil. Isso é o que revela o levantamento Perceptions of the Impact of Covid-19, realizado pela Ipsos,  uma empresa de pesquisa de mercado, com pessoas de 28 países – sendo mil brasileiros –, 50% dos respondentes locais afirmam se sentir solitários.

Dentre todas as nações, é o maior índice. Em segundo lugar, estão os turcos (46%) e, em terceiro, os indianos (43%). A média global é de 33%. Na contramão do Brasil, os respondentes da Holanda (15%), do Japão (16%) e da Polônia (23%) são os que menos se sentem sós.

A sensação de solidão aumentou no último semestre, segundo 52% dos brasileiros. Já na média de todos os países, 41% das pessoas disseram que se tornaram mais solitárias nos últimos 6 meses. Para 43% dos respondentes no Brasil, o último semestre gerou impacto negativo em sua saúde mental. Por outro lado, 1 em cada 5 (21%) declarou que o impacto foi positivo.

Segundo Adriana Guerra, psicóloga, o ser humano necessita de outro indivíduo para viver e a pandemia afetou a convivência entre as pessoas. Para ela, o ser humano vai ter que aprender a lidar psicologicamente com o distanciamento.

"Acredito que o aumento do sentimento de solidão se dê em grande parte ao cenário atual de isolamento social que estamos vivendo. Somos seres sociais, precisamos do outro para sobreviver, mas acontece que com o agravamento da pandemia tivemos que aprender a lidar com esse distanciamento, os encontros com amigos e familiares  reduziram significativamente, as escolas tiveram que ser fechadas, a maioria das empresas começaram a atuar através do home office ou com escalas reduzidas. Além disso, ainda existe a incerteza com relação ao tempo de duração da pandemia. Isso afeta a mente das pessoas", diz.

Globalmente, considerando todos os participantes da pesquisa, 40% relataram impacto negativo dos últimos 6 meses no bem-estar mental e 22% relataram um impacto positivo. Os países com maior impacto positivo foram Peru (47%), México (44%) e Índia (42%). Já Canadá (54%), Reino Unido (53%) e Hungria (52%) tiveram maior impacto negativo.

“O impacto da pandemia foi muito duro particularmente para os brasileiros - que se sentem muito mais solitários que a população nos demais países -,  e não veem o resultado de longo prazo como positivo para sua saúde mental”, avalia Marcos Calliari, presidente da Ipsos no Brasil.

Mesmo com a solidão, a solidariedade está em alta

Mesmo com as pessoas se sentindo sozinhas, há uma percepção de que os membros das comunidades locais estão mais solidários uns com os outros nos últimos 6 meses. No Brasil, 36% concordam que a solidariedade aumentou. O índice global é de 32%. Os países que mais notaram crescimento na solidariedade foram China (55%), Índia (55%) e Arábia Saudita (51%). Em contrapartida, no Japão (10%), Rússia (13%) e Turquia (17%) a quantidade de pessoas que acham que o sentimento solidário cresceu no último semestre é relativamente menor.

A pesquisa on-line foi realizada com 23.004 pessoas com idade entre 16 e 74 anos de 28 países. Os dados foram colhidos entre 23 de dezembro de 2020 e 08 de janeiro de 2021 e a margem de erro para o Brasil é de 3,5 pontos percentuais.