As mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço, porém, ao chegarem mais perto da liberdade de expressão e de seus projetos de vida, acabam acumulando outros desejos, sem encontrarem o seu equilíbrio emocional.
Graças a luta por direitos igualitários, hoje as mulheres ocupam muitas tarefas e responsabilidades antes vistas como masculinas, como cargos de chefia, dupla jornada de trabalho e funções de destaque até mesmo na política, tendo, ainda que conciliar tudo isso junto ao papel de dona de casa, esposa e mãe.
Tal mudança reflete diretamente em sua saúde emocional. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a depressão é uma doença que afeta 322 milhões de pessoas no mundo. Cientistas da Universidade da Califórnia, nos EUA, descobriram que o transtorno afeta mais mulheres que homens. Entre os jovens de 14 a 25 anos, por exemplo, as mulheres têm duas vezes mais probabilidade de ter depressão que o sexo masculino.
“Sofrer de depressão é sofrer ‘de pressão’. Justamente, a pressão que a mulher coloca em ter que ser uma excelente esposa, mãe e profissional, além de estar jovem, bonita e em forma sempre, entre tantas outras coisas, traz tudo isso”, explica Mauricio Patrocinio, especialista em felicidade, autor do livro “Por que as pessoas não são felizes?”, empresário e palestrante.
“A maravilha de ser mulher é ser boa para ela mesma, para o que faz sentido para ela, para o projeto de vida dela, sem se comparar tanto com os outros e olhando para as escolhas dela. Quando passarem a olhar mais para si para, depois, olhar para os que amam, teremos mulheres mais felizes e menos deprimidas”, completa.
“A mulher tem essa habilidade natural de fazer muita coisa ao mesmo tempo, diferente do homem, que abre uma caixinha por vez e que se andar e mascar chiclete ao mesmo tempo, cai. Por mais que exista essa habilidade natural, não dá pra ser tudo ao mesmo tempo. Muitas coisas acabam ficando para trás. E está tudo bem”, comenta Mauricio. Há situações genéticas e fisiológicas ligadas à depressão e o porquê ela atinge mais pessoas do sexo feminino. E é necessário que busquem ajuda. Porém, um olhar mais verdadeiro para elas mesmas as ajudará a tirar muitas destas cobranças. “Infelizmente, ao decidirem se dedicar a uma determinada função - como, por exemplo, serem profissionais de sucesso - e fazê-la com excelência, as mulheres deixam outros fatores de lado e, com isso, logo vem a cobrança de não terem sido mães, de não terem casado ou de não estarem em forma”, explica.
Mauricio dá algumas dicas que as mulheres podem tomar para que aumentem sua autoestima e, assim, alcancem o seu equilíbrio emocional.
“A coisa mais importante que aconselho é fazer uma lista das suas cinco principais qualidades e virtudes. Uma vez feita, repeti-las para si mesma diariamente, se olhando no espelho e se apreciando. Junto com isto, um exercício para agradecer tudo que se tem e tudo que se é. Os problemas e dores já são normalmente latentes em nossa mente, o exercício deve ser o contrário”, explica. “Por fim, olhar-se no espelho com admiração, independentemente da idade, da forma que está, ver a sua beleza hoje, se amar. Exercitando o amor próprio, certamente, a gente passa a se cuidar mais”, completa o especialista.
O especialista ainda aconselha: “As mulheres precisam entender seu real valor pessoal e individual, entender que são livres para fazerem o que querem. Isto ajuda muito também a lidar com a violência, assédio, preconceito, entre outras questões que enfrentam diariamente. Quando olhamos para nosso valor pessoal, sabemos, então, o que aceitamos e não aceitamos para nós. Por bem, vivemos em uma sociedade hoje que, apesar de ainda haver situações lamentáveis, está mais atenta aos abusos, e que tem, sim, que se posicionar e exigir igualdade”.