Influenciada por preços mais altos e o aumento nos embarques de celulose, minerais, e produtos metalúrgicos, dentre os mais importantes, as exportações baianas tiveram incremento de 1,2% em janeiro quando comparadas a igual mês de 2020, alcançando US$ 615,4 milhões.
As informações foram analisadas pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria de Planejamento (Seplan).
“Este é o terceiro mês consecutivo de alta nas vendas externas do estado, alavancadas pelas vendas do agronegócio, de commodities minerais, e do fortalecimento da China como principal parceiro comercial do Estado”, ressalta o secretário estadual do planejamento, Walter Pinheiro.
“Além dos preços médios estarem reagindo, a pandemia já causava em janeiro do ano passado uma desaceleração das compras feitas pela China, o que diminuiu a base de comparação para 2021”, avalia Arthur Cruz, economista da SEI.
As exportações de minerais, principalmente de minério de cobre e seus concentrados, cresceram 379,2%, desempenho maximizado pela valorização dos preços em 38,5%, bem como ao aumento do volume exportado (+245,9%), em uma conjuntura de oferta limitada por parte dos principais produtores mundiais (o que talvez justifique os embarques, já que tradicionalmente a Bahia é importadora do produto para fabricação de fios e catodos de cobre). Estímulos econômicos em vários países, incentivarem o consumo de aço e outros metais que por sua vez aumentam o consumo de minério de cobre, elevando seus preços.
Outro setor que se destacou foi o de máquinas e aparelhos mecânicos/elétricos, com os equipamentos eletrogêneos de energia eólica e motores para eletrogeradores, tendo destaque. As vendas do setor como um todo cresceu 1.028%, comparados a janeiro/20 com receitas que alcançaram US$ 12,2 milhões.
Já as importações atingiram US$ 662,7 milhões, crescimento de 71,3% na mesma base de comparação. A última vez em que as importações haviam tido crescimento tão expressivo no comparativo interanual foi em julho de 2018, quando tiveram um incremento de 94,7%.
Em janeiro, as importações de combustíveis puxaram a alta com incremento de 146,3%, principalmente de nafta com aumento de 377,2%. As compras de produtos intermediários cresceram 39,6 %, com destaque para trigo, minério de cobre, grafita, cloreto de potássio e fósforo branco.
A indústria de bens de capital, registrou crescimento de 30,2%, com destaques para os equipamentos para indústria eólica e solar como células solares em módulos ou painéis, motores de corrente alternada, moldes para metais, moduladores e aparelhos receptores para radiodifusão. Houve queda nas compras de bens de consumo em 13,5%, reflexo nesse caso, da persistente valorização do dólar.
Assim como ocorreu a nível nacional, a balança comercial da Bahia apresentou um déficit de US$ 47,3 milhões, em relação ao ano anterior, resultado do aumento maior das importações do que das exportações. A corrente de comércio que mede o dinamismo comercial e a integração econômica do estado ao mercado internacional atingiu, no mês passado, US$ 1,28 bilhão, com aumento de 28,4%.
Produção industrial recua
Em dezembro de 2020, a produção industrial da Bahia, descontados os efeitos sazonais, teve queda (-4,0%) após ter apresentado sete meses de resultados positivos ou estabilidade.
Foi o maior recuo da indústria entre as 15 áreas investigadas pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) do IBGE, e um desempenho bem pior que o verificado no país como um todo, onde, de novembro para dezembro, a produção industrial aumentou 0,9%, com avanços em 11 locais.
Já na comparação com dezembro de 2019 a produção industrial baiana apresentou variação positiva (0,4%), a segunda consecutiva após sete meses de quedas seguidas (em novembro, a indústria havia avançado 0,6% no estado).
Nesse confronto, o desempenho da indústria da Bahia também ficou bastante aquém do nacional (a produção industrial brasileira cresceu 8,2% na comparação dezembro 20/ dezembro 19) e foi o 3o pior resultado entre os 15 locais. Ficou acima apenas do verificado no Rio de Janeiro (-3,9%) e em Goiás (-3,5%), únicos estados que mostraram queda de produção.
Assim, a indústria da Bahia fechou 2020 com uma nova queda de produção (-5,3%) em relação ao ano anterior, o segundo resultado negativo consecutivo nesse indicador anual - já havia recuado 2,9% em 2019.
A queda da produção industrial baiana em 2020 (-5,3%) foi a mais profunda em cinco anos, desde 2015, quando a indústria do estado havia registrado seu pior resultado na nova série histórica da Pesquisa Industrial Mensal (iniciada em 2002): um recuo de 6,9% frente ao ano anterior.
A trajetória negativa do setor se iniciou em 2014 (-2,6%) e, desde então, a produção industrial da Bahia só teve resultado positivo em 2018 (0,8%).
O desempenho da produção industrial baiana no ano de 2020 (-5,3%) foi pior que a média nacional (-4,5%) e acompanhou as retrações verificadas em 12 dos 15 locais pesquisados pelo IBGE. No ano passado, a indústria só teve resultados positivos em Pernambuco (3,7%), Rio de Janeiro (0,2%) e Goiás (0,1%). Os maiores recuos do setor foram verificados no Espírito Santo (-13,9%), no Ceará (-6,1%) e em São Paulo (-5,7%).
Em 2020 o recuo (-5,3%) na produção industrial baiana foi resultado do desempenho negativo tanto da indústria extrativa (-6,7% no acumulado no ano) quanto da indústria de transformação (-5,2%). Das 11 atividades investigadas em separado no estado, 6 viram sua produção cair no ano passado.
Apresentando os maiores recuos anuais da série histórica do IBGE (iniciada em 2002), a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-41,6%) e a metalurgia (-30,4%) foram, nessa ordem, as atividades que mais contribuíram para a queda da produção industrial na Bahia, no ano passado.
O segmento automobilístico mostrou recuo na produção em 11 dos 12 meses do ano, crescendo apenas em janeiro (8,6%), e foi o mais duramente afetado nos meses iniciais da pandemia da Covid-19. Encerrou 2020 com queda de 9,8% em dezembro, frente ao mesmo mês de 2019.
Já a metalurgia teve quedas mês a mês até dezembro, quando apresentou crescimento de 42,3% frente ao mesmo mês do ano anterior.
O resultado da produção industrial baiana em 2020 não foi pior porque segmentos muito relevantes na estrutura do setor apresentaram avanços no ano.
As cinco atividades industriais que fecharam 2020 em alta, na Bahia, foram lideradas pela fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (13,7% no acumulado no ano), fabricação de celulose, papel e produtos de papel (7,5%) e de outros produtos químicos (4,2%).