A Petrobras concluiu as negociações com a Mubadala Capital para vender sua refinaria baiana Landulpho Alves (RLAM). A empresa dos Emirados Árabes Unidos, que atua no Brasil desde 2011, ofereceu US$ 1,65 bilhão (cerca de R$ 8,9 bilhões) pelo parque de refino e seus ativos logísticos. A assinatura do contrato, no entanto, está sujeita à aprovação pelos órgãos fiscalizadores.
A Refinaria Landulpho Alves (RLAM) foi a primeira refinaria nacional de petróleo. Sua criação, em setembro de 1950, foi impulsionada pela descoberta do petróleo na Bahia e pelo sonho de uma nação independente em energia.
Localizada no Recôncavo Baiano, sua operação possibilitou o desenvolvimento do primeiro complexo petroquímico planejado do país e maior complexo industrial do Hemisfério Sul, o Pólo Petroquímico de Camaçari.
Nela são refinados, diariamente, 31 tipos de produtos, das mais diversas formas. Além dos conhecidos GLP, gasolina, diesel e lubrificantes, a refinaria é a única produtora nacional de food grade, uma parafina de teor alimentício utilizada para fabricação de chocolates, chicletes, entre outros, e de n-parafinas, derivado utilizado como matéria-prima na produção de detergentes biodegradáveis.
No princípio, uma fazenda banhada pelas águas do Rio Mataripe, um braço de mar da Baía de Todos os Santos. Chamava-se Porto Barreto, porque pertencia a um fazendeiro chamado Horácio Sá Barreto Lemos, e, no passado, cultivava-se banana em suas terras. Um dia, começaram a chegar os equipamentos: imensos tanques metálicos, torres e tubulações.
Eles vinham de trem, de balsas, saveiros e até em trenós improvisados com tubos e puxados por tratores. Com as máquinas, vieram os homens. Gente de todo o Brasil e também do exterior: Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Polônia, Itália. O povo do Recôncavo Baiano - acostumado a lidar com lavoura, pesca e canavial - ia aprender um novo ofício: refinar petróleo.
Assim, ajudaram a construir a unidade, que nasceu em 17 de setembro de 1950, antes mesmo da criação da Petrobras, com o nome de Refinaria Nacional do Petróleo. Na época, o povo ia às ruas gritar “O Petróleo é nosso”, denunciando os interesses estrangeiros na exploração do ouro negro.
Enquanto isso, a produção do óleo em Candeias impulsionou o Conselho Nacional do Petróleo (CNP), um órgão federal, a investir na região. Com a entrada em operação da Refinaria Nacional, começa um novo ciclo de desenvolvimento para a Bahia e para o Brasil. A memória destes tempos pioneiros é um capítulo decisivo da nossa história.
A refinaria iniciou sua operação com uma produção significativa para a época: 2.500 barris por dia, acabando de vez com a crença de que não existia petróleo no solo brasileiro. A Landulpho Alves foi responsável por manter, durante quase três décadas, a Bahia como o único estado produtor de petróleo no Brasil, chegando a produzir 25% da demanda do país.
Em 1953, com a criação da Petrobras, a refinaria foi incorporada à recém criada companhia, sendo rebatizada em 1957, em homenagem ao engenheiro agrônomo e político baiano que lutou pela causa do petróleo no Brasil.
Características técnicas
-- Área Total: 6,5 km²
-- 26 Unidades de Processos
-- 31 produtos
-- 201 tanques de armazenamento
-- 18 esferas de armazenamento
Principais produtos
-- Diesel
-- Gasolina
-- Querosene de Aviação (QAV)
-- Asfalto
-- Nafta petroquimica
-- Gases petroquímicos (propano, propeno e butano)
-- Parafinas
-- Lubrificantes
-- GLP
-- Óleos combustíveis (industriais, térmicas e bunker)
Atende principalmente os estados da Bahia e Sergipe, além de outros estados da região norte e nordeste. Alguns produtos são ainda exportados para Estados Unidos, Argentina e países da Europa.
No Paraná
A Petrobras recebeu também propostas vinculantes para venda da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), no Paraná, mas decidiu pelo encerramento do processo, uma vez que as condições das propostas apresentadas ficaram aquém da avaliação econômico-financeira da Petrobras.
Os processos competitivos para venda da Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), no Rio Grande do Sul; Refinaria Isaac Sabbá (REMAN), no Amazonas; Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco; Refinaria Gabriel Passos (REGAP), em Minas Gerais; Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR), no Ceará; e Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná, continuam em andamento visando a assinatura dos contratos de compra e venda.
No dia 5 a controlada indireta Petrobras Uruguay Sociedad Anónima de Inversión (PUSAI) finalizou a venda da totalidade de sua participação na Petrobras Uruguay Distribución S.A. (PUDSA), no Uruguai, para a Mauruguay S.A., empresa subsidiária integral indireta da Disa Corporación Petrolífera S.A. (DISA).
Após o cumprimento de todas as condições precedentes, a operação foi concluída com o pagamento de US$ 62 milhões para a PUSAI, já com os ajustes previstos no contrato. O valor recebido no fechamento se soma ao montante de US$ 6,17 milhões pagos à PUSAI na data de assinatura do contrato de venda, em 2/10/2020, totalizando US$ 68,17 milhões.
De acordo com Roberto Ardenghy, diretor de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobras, a venda da PUDSA faz parte da estratégia da Petrobras Holding, que prevê a otimização permanente de seu portfólio de ativos.
“Estamos concentrando nossos recursos em ativos e segmentos nos quais temos vantagem competitiva, potencializando a geração de valor ao acionista. Estamos focando naquilo que sabemos fazer melhor e que nos dá mais resultado. A maximização do retorno sobre o capital empregado é um dos pilares do nosso Plano Estratégico para o para o quinquênio 2021-2025”, afirmou Ardenghy.
Para Francisco Javier de Argumosa, diretor de Desenvolvimento Internacional da DISA, o programa de desinvestimentos da Petrobras abre uma oportunidade para a DISA, que tem experiência nesses negócios e visão estratégica de desenvolvimento em novas regiões.
“O processo de negociação e transição entre as duas empresas ao longo deste projeto gerou a confiança necessária para continuar a falar sobre possíveis colaborações futuras. Ambas as empresas concordam com visões de longo prazo e compromisso com funcionários, clientes e fornecedores ”, disse Argumosa.
No Uruguai, a Petrobras atuava, por meio da PUDSA, no mercado de distribuição de combustíveis e lubrificantes, com um portfólio de ativos que inclui uma rede de 90 estações de serviços, sendo 88 em operação, 16 lojas de conveniência, um terminal logístico de lubrificantes, uma planta de QAV e entrega de combustíveis marinhos nos principais portos do país, sendo a segunda maior distribuidora de combustíveis do Uruguai. Também atuava na distribuição de fertilizantes líquidos, por meio de dois terminais logísticos de armazenamento, sendo a maior comercializadora de fertilizantes líquidos do país.
O Grupo DISA é o maior operador independente de distribuição de combustíveis da Espanha, administrando a quarta maior rede de estações de serviços do país. Possui um portfólio abrangente de produtos e serviços energéticos, que vão desde os combustíveis tradicionais à geração e comercialização de energia elétrica de fonte 100% renovável, onde nas Ilhas Canárias é a empresa privada líder de mercado, passando por outras energias alternativas como o AutoGás e o Gás Natural.
A DISA adquiriu recentemente os negócios de energia da empresa PRIO em Portugal, tornando-se o quarto operador português e iniciando a sua atividade como produtora de biocombustíveis.
Mais ativos vendidos
A Petrobras iniciou a fase não-vinculante referente à venda da totalidade de suas participações de 51% na Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S.A. (TBG) e de 25% na Transportadora Sulbrasileira de Gás S.A. (TSB).
Os potenciais compradores habilitados para essa fase receberão um memorando descritivo contendo informações mais detalhadas sobre as companhias em questão, além de instruções sobre o processo de desinvestimento, incluindo as orientações para elaboração e envio das propostas não- vinculantes.
A TBG é uma companhia que atua no transporte de gás natural e está presente no principal eixo econômico do Brasil, nas regiões do Centro-Oeste, Sudeste e Sul, sendo a proprietária e operadora do gasoduto Bolívia-Brasil em território brasileiro. Seu gasoduto tem extensão de 2.593 km, com capacidade de transporte de até 30 milhões de m3/dia de gás natural.
A TSB localiza-se no Rio Grande do Sul, com 50 km de dutos já instalados, com capacidade de transporte de até 7,68 milhões de m3/dia de gás natural e um projeto de 565 km adicionais que, uma vez concluído, permitirá a conexão dos campos de produção na Argentina à região metropolitana de Porto Alegre e ao gasoduto da TBG.