O estado da Bahia registrou queda de 4,2% nas exportações em 2020 na comparação com o ano anterior. As perdas no ano em que a pandemia da Covid-19 se deflagrou somaram US$ 7,8 bilhões. Ainda assim, o estado nordestino contabiliza desaceleração inferior à média nacional, em que as vendas para o exterior caíram 6,9%.
Os dados são do Relatório de Acompanhamento do Comércio Exterior da Bahia (Raceb), publicação da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, a FIEB.
No ano em que a economia global sentiu os efeitos da crise causada pelo novo coronavírus e medidas de distanciamento social, a economia baiana contou com uma maior demanda por produtos importantes de sua pauta de exportações para minimizar as consequências negativas, explica Carlos Danilo Peres, especialista em desenvolvimento industrial, da FIEB.
“As exportações baianas caíram menos do que as exportações nacionais devido ao fato de que a nossa pauta aqui da Bahia é muito mais concentrada do que a pauta de exportações do Brasil. Para se ter uma ideia, apenas 10 produtos respondem por cerca de dois terços do que foi exportado pela Bahia. Dentre esses 10 produtos, os dois principais, que são a soja e o óleo combustível apresentaram crescimento excepcional”, explica.
Surfando na onda da safra recorde de soja produzida pelo Brasil no ano passado, a Bahia arrecadou cerca de US$ 1,33 bilhão com a exportação do grão. Em relação a 2019, houve um aumento de 15,6%, de acordo com relatório.
Já as vendas de óleo combustível para o mercado internacional cresceram devido a uma nova exigência para o diesel que abastece os navios, a qual a indústria baiana já estava adaptada e se aproveitou. Tanto que, no ano passado, exportou US$ 1,1 bilhão do produto, alta de 35,8%.
O aumento nas exportações da soja e do óleo combustível, no entanto, não foi suficiente para impedir a retração nas exportações baianas de forma geral. A queda na venda de produtos para o exterior se explica, sobretudo, pelas menores vendas de automóveis, cátodos de cobre, fios de cobre, celulose em pasta e para dissolução, pneus, entre outros.
Somente as exportações de automóveis caíram cerca de 56%, o que representa um declínio de US$ 172 milhões. Já a cadeia de produtos de cobre deixou de ganhar US$ 300 milhões na comparação entre 2020 e 2019.
“Os segmentos que apresentaram as maiores quedas nas exportações foram aqueles não ligados ao consumo essencial. São produtos que as pessoas que estão nos outros países não precisam demandar urgentemente, o que acarretou em menos demanda para as exportações da Bahia”, explica Peres.
Segundo ele, o estado da Bahia vai retomar as exportações em níveis anteriores à pandemia. No entanto, o processo será lento e, provavelmente, só será concluído em 2023, de acordo com projeções do Banco Mundial.
“A previsão do Banco Mundial é que o comércio internacional volte a crescer de forma mais vigorosa a partir de 2023. Dessa forma, a Bahia e o Brasil devem seguir essa tendência internacional. Para retomar as exportações a nível pré-pandemia, é necessário que a economia e o comércio internacional voltem de forma mais vigorosa, o que acabará influenciando positivamente as nossas exportações”, avalia.
De acordo com o relatório, os principais mercados de destino dos produtos baianos são a China (28,8%), Cingapura (13,4%), Estados Unidos (10,5%), Argentina (5,4%) e Suíça (3,9%). Em 2020, a Bahia ficou em 10º lugar no ranking de exportações brasileiras, com participação de 3,6%. Já na comparação com a região Nordeste, o estado foi responsável por 50% do valor total exportado pela região.