Considerado como uma das principais vias de acesso ao ensino superior, o ENEM (Exame Nacional de Ensino Médio), é aplicado todos os anos para milhões de estudantes.
Na última prova, em 2019, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), foram 3,9 milhões de candidatos.
O calendário oficial da prova é:
- 17 de janeiro de 2021– Linguagens e Códigos, Redação e Ciências Humanas.
- 24 de janeiro de 2021– Ciências da Natureza e Matemática.
No entanto, um grupo de 100 mil candidatos (espalhados por diversas cidades brasileiras, em todas as regiões) irão prestar a versão digital da prova, que acontecerá nas datas de:
- 31 de janeiro de 2021 – Prova digital de Linguagens e Códigos, Redação e Ciências Humanas.
- 07 de fevereiro de 2021– Prova digital de Ciências da Natureza e Matemática.
Apesar dos gabaritos oficiais do Enem serem comumente divulgados já na semana seguinte à realização do exame, as notas só saem cerca de 2 meses após as provas, deixando muitos estudantes ansiosos sobre em qual instituição de ensino superior poderão cursar, já que o Enem é o principal método de ingresso na graduação, e em muitos casos, substituiu o vestibular.
Devido à pandemia, durante todo o tempo de realização da prova, os candidatos estarão obrigados a usar máscaras de proteção da forma correta, tapando o nariz e a boca, sob pena de serem eliminados do exame. Além disso, o álcool em gel estará disponível em todos os locais de aplicação.
Quem for diagnosticado com covid-19, ou apresentar sintomas desta ou de outras doenças infectocontagiosas até a data do exame, não deverá comparecer ao local de prova e sim entrar em contato com o Inep pela Página do Participante, ou pelo telefone 0800-616161, e terá direito a fazer a prova na data de reaplicação do Enem, nos dias 23 e 24 de fevereiro.
Dicas
Ainda que com dificuldades e muitos obstáculos a serem superados, o estudante precisará estar atento e bastante empenhado para obter bons resultados na prova, que avalia o desempenho em conteúdos do ensino médio.
Professor Luizinho Magalhães, diretor acadêmico da rede de escolas Luminova, compartilha uma série de dicas importantes para ajudar nos estudos para quem vai se submeter à prova.
Aproveite o fim do ano e o recesso escolar para estudar - As férias são para descansar, espairecer. Mas, dada a importância do Enem na vida do estudante, é importante que ele reserve algumas horas do dia para retomar os estudos, mesmo longe da sala de aula. Há muitas plataformas digitais e gratuitas que oferecem revisão de conteúdo ou simulados do Enem e dos principais vestibulares do País.
Mantenha uma rotina de estudos, sem exageros, mas com foco - Vale revisar conteúdos, sobretudo os que têm maior dificuldade, mas também é preciso fazer pausas, estabelecer limites e horários para estudos. Nessa fase, o ideal é que o jovem estude de vinte minutos até uma hora e meia por dia. Sabendo diferenciar esses períodos dos momentos de lazer, a rotina que antecede a prova se torna mais leve e menos desgastante.
Do caderno ao tablet: anote! - Seja pelo tradicional caderno, lápis e livro, ou pelo tablet, computador e até mesmo celular, fazer anotações sobre o conteúdo é uma importante ferramenta de memorização. Leia o texto e escreva palavras-chaves de um lado e informações mais esmiuçadas do outro. Depois, faça um resumo – que pode ser também desenhos, fluxogramas ou gráficos – e leia tudo novamente.
Leia obras literárias obrigatórias e as que lhe agradam mais - Embora a prova cobre algumas obras literárias, ler é um hábito saudável e enriquecedor. Melhoramos nosso vocabulário substancialmente e aprendemos muito com a leitura, seja de títulos obrigatórios ou não. Além disso, ler também pode ser muito prazeroso e uma forma de espairecer e se distrair. Este último é algo importante, também, para quem se prepara para uma avaliação complexa como o Enem.
Leve em conta o lado emocional - Somos seres humanos, sofremos, nos decepcionamos e ficamos inseguros, mas é preciso passar por cada uma dessas emoções com serenidade e equilíbrio. Estudar é importante, revisar conteúdos é fundamental, mas estar bem consigo mesmo fará toda diferença ao se submeter à prova.
Evite passar mais de duas horas seguidas estudando e procure praticar um hobby, ou alguma atividade que goste mais, em pequenos intervalos. Relaxar e descansar na véspera fará com que o candidato esteja bem, física e psicologicamente, quesitos tão importantes quanto dominar os assuntos da avaliação.
E, como o ano de 2020 foi difícil e muito atípico para todos, é importante ter em mente que, independentemente de resultados, demos o nosso melhor e o que resta agora é buscar equilíbrio entre estudos e lazer, praticar atividades ou hobbies, lembrando que, nestes tempos, sempre com a devida segurança.
O doutor em letras Pablo Jamilk, lista 5 dicas que irão ajudar os candidatos a se concentrarem para os dias de provas.
Revise rapidamente os tópicos mais importantes até o dia da prova - Em Linguagens e suas Tecnologias, por exemplo, é fundamental relembrar conteúdos como as figuras de linguagem, a periodização literária, a variação linguística e as funções da linguagem, porque são tópicos altamente incidentes em todas as edições do Enem. Cai muito bem, nesse momento, maratonar aquelas aulas que encontra no YouTube de maneira leve e descontraída.
No vídeo
Resumo de literatura brasileira
Não se deixe tomar pela tensão e pela ansiedade - Muitos alunos pedem sugestões para que possam se livrar da tensão pré-prova. Eu recomendo dois rituais que funcionam bem para qualquer pessoa: o primeiro consiste em praticar um tempo de meditação apenas para se concentrar no tempo presente. "Não é difícil, não precisa de nenhum mantra, basta se sentar confortavelmente ou fazer uma caminhada leve, enquanto tenta limpar seus pensamentos, concentrando-se nos objetos ao seu redor ou nos sons que está ouvindo do ambiente. O segundo é desligar-se da tensão assistindo a um filme ou a uma série que possam massagear sua mente sem mergulhar você em pensamentos de ansiedade. Conversar com amigos e familiares também ajuda muito para se desligar dessa tensão."
Evite as armadilhas que prometem “ajudar” você - Não invente de se jogar em “aulões” mágicos com uma carga gigantesca de conteúdo cuspido em velocidade acelerada. Isso apenas fará você se lembrar de que esqueceu muita coisa. Apesar de parecer engraçado, muitos alunos entram em desespero, porque o professor está falando sobre coisas de que o aluno já não se lembra mais. Ouça suas músicas favoritas, seu podcast, até o blá blá blá das pessoas em rodas de amigos, mas não jogue mais pressão sobre seus ombros.
Alimente-se bem e hidrate-se bem nos dias que antecedem o exame - Não é apenas a sua saúde mental que deve estar em forma para a prova. Seu corpo também deve estar preparado. Mantenha uma dieta balanceada, sem descontar na comida a sua ansiedade. Beba bastante líquido, pois isso ajudará seu cérebro a funcionar corretamente. Adote um regime adequado de sono, porque é a chave para manter a mente tinindo para relembrar as estratégias de conteúdo que serão usadas durante a prova.
Leia apenas os seus resumos, não pegue o material de outra pessoa - Se você tiver feito resumos ao longo do ano, este é o momento de reler. Isso ajuda a reativas as sinapses empregadas no momento da confecção do resumo. É o que exercitará sua memória de longo prazo. Não pegue o resumo do seu colega, pois ele não usou a mesma lógica que você empregou na hora de escrever o seu material. Tente não acrescentar material novo para a reta final. Mantenha a confiança, não se cobre aprovação, cobre-se preparação – porque isso é possível mensurar.
Correção das provas
O Enem utiliza o método de correção da Teoria de Resposta ao Item (TRI), que leva em conta a dificuldade de cada questão respondida, ou seja, aquelas com baixos índices de acerto (consideradas difíceis) têm um peso maior na pontuação final do que questões com altos índices de acerto (consideradas fáceis). Sendo assim, as notas finais dependem do perfil das questões certas, e não da quantidade, tornando impossível ter uma ideia da nota apenas verificando o gabarito.
‘Com a TRI, a nota do aluno não representa um desempenho individual, mas sim a posição que ele ocupou na escala onde todos os demais participantes também são incluídos. Essas escalas são como uma reta numérica, em que os números representam posições. Para construí-las, a cada edição do Enem a dificuldade das questões é equalizada com a escala de proficiência padronizada do exame, o que faz com que os resultados possam ser comparáveis ano a ano, mesmo com a aplicação de provas diferentes em públicos distintos’, explica Diego Camacho, Chief Data Officer da TRIEduc, especialista no desenvolvimento de análises de dados educacionais.
Internet precária
Na reta final para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), estudantes contam como estão se preparando e como estudaram ao longo deste ano em meio a pandemia do novo coronavírus. As realidades e os desafios são diversos.
Em Porto Velho (RO), Heloísa Lara, 23 anos, que pretende cursar medicina, precisou enfrentar o ensino online - algo com o qual sempre teve dificuldade. No Rio de Janeiro, Lucas Bevilaqua, 17 anos, tenta driblar as telas e conseguir descansar um pouco às vésperas do exame. Em Cocal dos Alves (PI), Sergio Manoel Cardoso, 17 anos, passou a ter aulas por WhatsApp. Em Barreirinha (AM), Karen Eduarda Prestes, 18 anos, enfrenta a falta de internet, que atrapalha seus estudos.
“Eu achei que não fosse ter foco porque estudar em casa tem distrações. Achei que seria difícil, mas arrumei foco e arrumei um lugar onde pude ficar mais em silêncio”, diz Heloísa Lara, 23 anos. Há cinco anos, a estudante busca uma vaga em um curso de medicina. Já havia tentando fazer cursinhos online, mas não conseguiu manter a rotina. A pandemia a obrigou a voltar para o ensino remoto. “Eu tive que mudar minha mentalidade quanto a isso. O online foi bom porque eu sou muito tímida e pude mandar perguntas sem precisar falar em uma sala de aula. Consegui tirar todas as dúvidas que eu tinha”, conta.
Heloísa, este ano, investiu em um curso específico de redação. O ensino remoto permitiu que se matriculasse no Laboratório de Redação, em São Paulo. A estudante, que usa o celular para estudar, precisou também melhorar o pacote de internet que tinha para poder acompanhar as aulas. Ela passou ainda por uma mudança de cidade, em meio a pandemia, mudou-se de Cacoal (RO) para a capital do estado, Porto Velho. "Agora, estou revisando conteúdos do ano passado. Fiz resumos e estou fazendo bastante exercícios. Depois de várias terapias, agora estou tranquila".
Lidando com a ansiedade
Para o estudante do colégio Mopi, no Rio de Janeiro, Lucas Bevilaqua, 17 anos, a parte emocional pesou este ano. “Esse ano foi um ano muito complicado. Eu não sei se a questão da pandemia ajudou ou piorou meus estudos. Acho que a questão da cabeça piorou muito. Mas, em termos de estudo, ajudou a me concentrar porque estou em casa não tem muito o que fazer. Acabei conseguindo distinguir as coisas, focar no que precisava, embora tenha sido um ano difícil psicológica e emocionalmente.”
As aulas online ocupavam as manhãs e parte da tarde. “Uma coisa que pesou muito para mim, foi que ficava muito tempo no celular, no computador, sempre tinha que achar um tempinho para me recuperar, para achar um tempinho fora do computador", diz.
Ao lado do estudante, que pretende concorrer a uma vaga em um curso de psicologia, o irmão gêmeo Gabriel divide o espaço e a mesma angústia no preparo para o Enem. “Estamos meio que no mesmo barco”. Bevilaqua conta que, no último ano do ensino médio, ele sentiu falta da escola, “Pesou para mim não ir para escola, ver pessoas, conversar, pesou um lugar onde possa relaxar e tirar a pressão.”
Aulas por WhatsApp
Para o estudante da Escola Augustinho Brandão, em Cocal dos Alves (PI), Sergio Manoel Passos Cardoso, 17 anos, aprender apenas a distância gerou insegurança. “Além da forma de ensino ter mudado completamente, a distância física que temos das salas de aula cria um certo pane em relação ao que eu aprendi”, diz. Mas, o estudante diz que confia no trabalho feito pelos professores. “Eu acredito que apesar do ensino remoto, todos da minha turma irão se sair bem, pois, temos o apoio incondicional dos professores, de todas as formas possíveis”.
O estudante passou a ter aulas por WhatsApp. Os professores mandavam exercícios, vídeos que eles mesmos produziam, sempre buscando a melhor forma de compreensão do aluno. As dúvidas podiam ser tiradas sempre levantando a mão com um emoji.
“Esta reta final está sendo muito complicada, pois, além de se adaptar à nova rotina remota, buscar sempre manter a saúde mental também faz parte. Porém, com essa aproximação da prova, eu sinto que tenho que revisar o máximo de matérias e assuntos que conseguir, acredito que, aumentando minha ansiedade”, diz Cardoso, que pretende concorrer a vagas de direito ou odontologia. "Às vezes, quando quero me distrair um pouco, tento ir jogar bola, passo o dia sentado em uma cadeira.”
Dificuldade de acesso
A estudante Karen Eduarda Prestes, 18 anos, da Escola Estadual Professora Maria Belém, em Barreirinha (AM) Karen Eduarda Prestes, 18 anos, não chegou a conhecer pessoalmente os professores este ano. A escola estava em reforma no início do ano e logo em seguida foi fechada por conta da pandemia. As aulas passaram a ser dadas por WhatsApp.
“Isso complicou mais ainda porque nós, como alunos, como a gente faz parte da classe baixa, a dificuldade foi maior pelo acesso à internet. No nosso município a internet é ruim demais. A gente teve que achar um meio para lidar com isso. Muitos alunos desistiram”, conta a estudante que passou o ano acessando conteúdos escolares pelo celular.
Os professores e os estudantes precisaram se adaptar, mas Karen diz que eles conseguiram materiais e conseguiram fazer simulados este ano.
“Hoje eu passei o dia todo estudando para o Enem e encontrei dificuldade. Minha vontade é ser professora de português. Muitas vezes pensei em desistir, por ter a dificuldade da internet, por não ter computador para pesquisar, mas a minha vontade é muito maior do que o que está acontecendo. Muitos desistiram dos sonhos, mas eu estou tentando ao máximo focar nos meus livros, nas videoaulas”. Fazer a prova em meio a pandemia é outro desafio, de acordo com a estudante. “Tenho muito receio, me sinto insegura”, diz.
A pandemia exacerbou as desigualdades no Brasil. O acesso a internet, a computadores e celulares passou a fazer ainda mais diferença no aprendizado.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC) 2018, divulgada este ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada quatro pessoas no Brasil não tem acesso à internet. Em números totais, isso representa cerca de 46 milhões de brasileiros que não acessam a rede. Já a pesquisa TIC Domicílios apontou que 58% dos brasileiros acessavam a internet em 2019 exclusivamente pelo telefone celular.