Política

Túlio Gadêlha diz que Marília Arraes sugeriu "rachadinha"

A denúncia foi feita pela Revista Veja, que divulgou áudio do deputado

Em gravação divulgada pela Veja, o deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE) relata conversas que teve como Marília Arraes (PT), nas quais teria recebido dela a sugestão para embolsar parte dos salários dos servidores de seu gabinete, como forma de financiar sua futura campanha eleitoral, prática conhecida como “rachadinha”, e que levou o Ministério Público do Rio a denunciar o senador Flávio Bolsonaro por crimes como peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Gadêlha diz que, em uma das conversas, Marília lhe perguntou: “Tu tá juntando fundo de caixa para a campanha?" Gadêlha ressaltou que aquela conversa deveria ficar entre ele e um dos interlocutores para quem contou a história: “Mas fica entre a gente, né?”, diz o deputado em um trecho da gravação.

O parlamentar conta no áudio que Marília Arraes sugeriu a ele que juntasse 30 mil reais para o caixa de campanha. O deputado disse que não daria para juntar tanto dinheiro. Marília, no entanto, reafirmou que era necessário juntar os 30 mil, segundo reproduziu o deputado: “Não, 30 mil, tem que juntar da assessoria”, afirmou Marília, conforme reproduziu Túlio na gravação.

Segundo o deputado, Marília Arraes disse que essa prática de pegar dinheiro de assessoria é comum entre os parlamentares: “Ah, Túlio, todo mundo faz isso, todo mundo faz”.

À Revista Veja Gadêlha disse por intermédio de sua assessoria que não vai se pronunciar sobre o fato. A assessoria da candidata informou que “esta é uma questão de Túlio e não de Marília”. 

Outras denúncias

A Veja lembra denúncia do Ministério Público de Pernambuco contra a candidata, uma ação civil por improbidade administrativa à época em que a petista foi vereadora do Recife, entre 2014 e 2017, com a cobrança da devolução de R$ 156 mil aos cofres públicos.

Marília Arraes distribuiu nota afirmando que uma ação com essas mesmas questões já foi realizada. As investigações foram iniciadas em 2017, absolvendo a então vereadora em "várias incursões nos vários tipos de atos probatórios". Essa ação criminal está arquivada desde fevereiro de 2019.

Marília Arraes foi denunciada pela 43ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania por improbidade administrativa, juntamente com quatro ex-assessores. A denúncia foi realizada em 10 dezembro de 2019.

A promotoria pediu à Polícia Civil do Recife a instauração de inquérito para apurar denúncia de irregularidades no pagamento de servidores do gabinete na época que Marília era vereadora, nos anos de 2014 e 2017.

O inquérito concluiu que Marília nomeou quatro assessoras para cargos comissionados, que recebiam salários e não prestavam serviços ao gabinete.

De acordo com o texto do MP, a investigação de 2017 não caminhou "em face do anonimato da notícia e da falta de estrutura desta Promotoria de Justiça para promover uma investigação mais aprofundada dos fatos noticiados".

"Ao final da investigação, a autoridade policial não logrou comprovar a apropriação pela vereadora Marília Arraes de parte das verbas salariais dos assessores lotados no seu Gabinete, na Câmara Municipal do Recife. Contudo, restou apurado o enriquecimento ilícito das servidoras comissionadas Mônica Crisostomo Johnston, Eugênia Barbosa Fialho Pedrosa, Clarissa Fialho de Oliveira e Lindinalva Lourenço da Silva Machado que trabalhavam em outros órgãos e empresas enquanto percebiam remuneração da Câmara Municipal do Recife."