Desde o ano de 1977, a data de 1º de outubro foi inserida no calendário festivo para celebração do Dia do Vegetarianismo. A ideia original de homenagear quem escolhe não consumir carne e derivados foi da Sociedade Vegetariana Norte-Americana (NAVS). Dez anos depois, a comemoração também virou símbolo de consciência alimentar e ambiental em todo o planeta por meio da União Vegetariana Internacional.
De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Opinião e Pesquisa (Ibope), até o ano de 2018, cerca de 14% dos brasileiros declaravam-se vegetarianos. Só na região Sudeste do país, 16% dos habitantes não consomem carne nas refeições.
É o caso da estudante de engenharia ambiental Izabella Soares, 24 anos, que não se alimenta de animais desde 2009. Além de alegar ser apreciadora de vegetais desde a infância, ela conta que a proteção da fauna e do meio-ambiente foi fundamental para optar pela dieta natural.
“Me tornei vegetariana por sentir a necessidade de ajudar os mais indefesos, por me conectar mais com os animais que tanto amo sem levar a culpa de que estaria me alimentando deles e carregando comigo o dever de contribuir com o meio ambiente”, fala.
Segundo Izabella, a possibilidade de se conectar à natureza por meio da alimentação trouxe a ela mais respeito à vida de maneira geral. Para a estudante, o vegetarianismo não é apenas opção alimentar. “Vai muito além de um prato de comida. O vegetarianismo é uma filosofia de vida, onde as pessoas que aderem estão conectadas com todo o ecossistema e sabem de sua devida importância para o planeta”, completa.
Consciência ambiental
A bióloga Flávia Carolina Ferreira, 27 anos, é adepta do vegetarianismo desde os 15. Para ela, a opção por consumir alimentos naturais está relacionada ao processo de produção da carne, que empobrece o solo, polui o ar e é cruel com os animais.
“Para a pesca de camarão, por exemplo, são utilizadas redes de arrasto que passam por quilômetros matando a maioria dos animais que encontra. Além de todo o desequilíbrio ambiental e social, ainda há dor e morte de um ser que tem direito à vida”, ressalta. “O planeta Terra não aguentará muito se continuarmos dessa forma, 2020 deu uma prévia disso com o novo Coronavírus, o ar muito seco, falta de chuvas, altas temperaturas e queimadas na Amazônia e Pantanal”, considera.
Segundo Flávia, a transição para a alimentação vegetariana ampliou seus horizontes em relação ao conhecimento sobre assuntos pertinentes ao modelo alimentar. A evolução da bióloga foi da consciência social até a gastronomia.
“Comecei a entender sobre questões ambientais, saúde, culinária, animais, políticas, leis, além do prazer de cozinhar comidas maravilhosas”, cita a profissional da biologia, que se arrisca e elabora pratos tradicionais na mesa dos vegetarianos.
“Gosto muito de hambúrgueres de lentilha, feijão, grão de bico, berinjela, soja, cogumelos e receitas como brócolis empanado, sopas e tomate recheado”, declara.
Alimentação saudável
Para a health-coach Tâmara Borges, o vegetarianismo precisa deixar de ser observado com desconfiança. A pesquisadora em nutrição ressalta que, além do respeito à dieta e ao estilo de vida, é abrir caminho para opções alimentares que não sejam nocivas ao meio ambiente e contribuam para a melhoria da saúde.
“O mais importante é ter uma boa orientação e buscar cada vez o envolvimento com o alimento, seu preparo e a cadeia produtiva que antecede sua chegada à mesa”, aponta. De acordo com a especialista, um cardápio vegetariano ideal mantém o corpo sadio sem a necessidade de ingestão de proteína animal.
“A alimentação rica em frutas, verduras e legumes, por si só, já é benéfica para o organismo como um todo. No entanto algumas dicas como a combinação de cereais e leguminosas, a variedade de cores no prato e a atenção às fontes de ferro e cálcio vão garantir boa saúde mesmo sem carnes ou derivados de animais”, explica a health-coach, que também derruba o mito de que a alimentação vegetariana não carrega todos os nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo.
“Quando se fala em energia, deve-se pensar primordialmente nos carboidratos encontrados em frutas, legumes e tubérculos. Para garantir o aporte de proteínas, que é uma grande preocupação, existem opções como os feijões, por exemplo”, recomenda Tâmara.