Ciência

Meteoro superluminoso explode e clareia noite no Rio Grande do Sul

O fenômeno é considerado usual por astrônomos profissionais

Um facho luminoso vindo do espaço iluminou a noite da cidade de Caxias do Sul, a 96 quilômetros (km) da capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

O evento astronômico aconteceu na madrugada desta quinta-feira  (1º de novembro) e foi registrado pelo Observatório Espacial Heller & Jung e pela Brazilian Meteor Observation Network (Bramon).

Segundo dados divulgados pela Bramon, a luz criada pelo corpo celeste durou cerca de 6 segundos e terminou em uma explosão intensa, que superou a luz refletida pela Lua em direção à Terra.

As estimativas do observatório mostram que o superbólido - nome dado a meteoros luminosos de maior intensidade que o brilho da Lua - se movia a aproximadamente 60,9 mil quilômetros por hora.

A explosão da rocha espacial aconteceu a 22 km de altitude, sobre o município de Vacaria, também no Rio Grande do Sul.

Confira o momento em que o meteoro cortou os céus da cidade de Caxias do Sul?

Considerado usual por astrônomos profissionais, o fenômeno foi registrado por câmeras amadoras e divulgado pela Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), uma organização mantida por voluntários e colaboradores interessados no estudo dos astros e fenômenos celestes. As imagens captam o exato momento em que, por alguns segundos, a luz produzida pelo superbólido parece transformar a noite em dia.

De acordo com o astrônomo Marcelo De Cicco, o brilho intenso que costuma caracterizar os superbólidos é um fenômeno complexo, relacionado principalmente à velocidade com que os meteoroides rompem a atmosfera. Pesquisador do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), ligado ao Observatório Nacional e coordenador da Rede Exoss de Monitoramento de Meteoros, De Cicco trata o episódio como algo frequente.

“Todos os anos, entram na atmosfera terrestre cerca de 30 toneladas do que chamamos de meteoroides, que são pequenos pedaços de rochas capazes de gerar bólidos como este. A maior parte das vezes isto ocorre sobre o mar, já que a maior parte do globo é coberta por oceanos. Por isto não temos mais registros de casos como este”, disse o astrônomo à Agência Brasil.

“Em outubro de 2015, um superbólido extremamente brilhante cruzou a região oceânica do Rio de Janeiro, acordando muita gente no meio da madrugada. Foi um evento ainda mais intenso, mais crítico, mas sem a mesma repercussão, pois ainda não havia tantas câmeras captando imagens como as registradas ontem”, acrescentou De Cicco.

“Os superbólidos realmente brilham muito. Quando as pessoas veem imagens como estas, pensam que elas devem ter sido causadas por algo muito grande, do tamanho de um caminhão, mas não é. Em média, podemos dizer que são fragmentos de cerca de 100 quilos, no máximo 200 quilos, e que vão se fragmentando até quase se pulverizarem à medida que, na queda, enfrentam maior resistência da atmosfera”, acrescentou De Cicco, comentando que, até o início da tarde, os órgãos oficiais, como o Observatório Nacional, não tinham recebido relatos de que algum fragmento tenha atingido o solo.

“Como sempre, os caçadores de meteorito devem já estar atentos à corrida à caça ao tesouro”, comentou o astrônomo, se referindo aos grupos, de várias nacionalidades, que, no fim de agosto, acorreram ao sertão pernambucano à procura de resquícios minerais do material que caiu sobre a cidade de Santa Filomena (PE).

“Esperamos que isto não ocorra de novo. A gente recomenda que, caso alguém tenha visto ou encontre algum pedaço, entre em contato com uma universidade pública, federal ou estadual, para que o pessoal destas instituições possa acionar as autoridades devidas”, finalizou De Cicco.

A diferença entre meteoroides, meteoros e meteoritos

Meteoroides são destroços metálicos ou pedregosos que viajam pelo espaço sideral - alguns em direção da Terra. São menores que os asteróides, e contêm menos água e gelo que os cometas.

No momento em que os meteoroides entram na atmosfera da Terra eles se tornam meteoros ou "estrelas cadentes". A maioria dos meteoros nunca chega ao solo, despedaçando-se na atmosfera. 

Os que chegam ao chão, são chamamos de meteoritos.

O maior meteorito conhecido é o Hoba (também conhecido como Hoba West) e que caiu na Namíbia há estimados 80 mil anos. Devido à sua grande massa ele nunca foi retirado do local. Estima-se que pese cerca de 66 toneladas.


Meteorito Bendegó

O maior meteorito descoberto no Brasil é o Bendegó, também conhecido como Pedra do Bendegó ou simplesmente Bendengó, encontrado em 1784 no sertão da Bahia, região da atual cidade de Monte Santo.

Tem 5 360 quilos, mede aproximadamente 2,20 metros por 1,45 metro e 58 centímetros Pouco mais de cem anos desde a sua descoberta, foi transportado em 1888 para a cidade do Rio de Janeiro, passando a integrar o acervo do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista. Em 2018, o meteorito resistiu ao incêndio que destruiu o Museu Nacional.