Por ter adotado um menino branco, Peter Mutabazi, que é um homem negro nascido em Uganda, país localizado na África Ocidental, relata episódios de racismo por conta do seu filho adotivo. Durante uma refeição em um restaurante da Carolina do Norte, Estados Unidos, uma mulher se aproximou do homem e de seu filho de sete anos e perguntou pela mãe do garoto. "Eu sou o pai dele", respondeu Peter.
"Olá, polícia, por favor. É um homem negro, acho que ele está sequestrando um garotinho branco", denunciou a mulher.
Depois de sair da África e conseguir se estabilizar financeiramente nos Estados Unidos, Peter relata à BBC que decidiu adotar uma criança ao perceber que existia também quem precisasse de um lar além dos pequenos que vivem no continente africano.
“Havia apenas um outro homem solteiro que se inscreveu para ser pai adotivo no Estado da Carolina do Norte na época”, aponta Peter. Ele lembra que, aos preencher o formulário, pensou que seria automaticamente associado a crianças afro-americanas, mas ficou surpreso ao saber que o seu filho do coração era um menino branco de cinco anos.
"Foi quando percebi que todas as crianças precisavam de um lar, e a cor não deveria ser um fator para mim", salienta.
A BBC mostra que ao longo de três anos, Peter foi guardião de nove crianças por vários meses, usando sua casa como uma espécie de porto seguro antes que esses menores fossem devolvidos às suas famílias biológicas.
Em uma dessas guaritas, Peter conheceu Anthony, um rapaz de 11 anos, também branco. O menor tinha sido colocado para adoção aos dois anos de idade e adotado por uma família aos quatro anos de vida. Sete anos depois, ele foi abandonado pelos pais adotivos do lado de fora de um hospital.
Diante disso, Peter resolveu adotar Anthony. Mas, como era de se esperar, o racismo se manifesta nesses casos. O homem negro lembra que, em um feriado americano, a segurança do aeroporto parou o menor e perguntou onde estavam os seus pais. "Este é o meu pai", respondeu Anthony, apontando para Peter.
Mas a mulher não acreditou e foi verificar os antecedentes criminais do homem. "As pessoas que se parecem comigo nem sempre são bem tratadas. Seu trabalho é não ficar com raiva das pessoas que tratam assim, seu trabalho é garantir que você trate as pessoas que se parecem comigo com honra", pontua Peter.