Hoje, sábado, 26 de setembro é o Dia Nacional dos Surdo. Aproximadamente 10,7 milhões de brasileiros têm deficiência auditiva e, desse grupo, 2,3 milhões apresentam surdez severa.
O problema, que pode pode piorar com o aumento da idade, causa preocupação na comunidade médica brasileira, já que a população está em processo de envelhecimento e especialistas apontam para uma tendência de aumento dos números atuais nos próximos anos.
Nos países desenvolvidos, mais de 50% da surdez na infância é atribuída à causa genética conhecida. Nos idosos, apesar de as causas envolvidas terem multifatores, a predisposição individual envolve mecanismos genéticos e fatores hereditários, como explica a médica otorrinolaringologista Adja Oliveira, da Singular Medicina de Precisão, empresa baiana de saúde que atua com Medicina de Precisão em todo o território nacional.
“O estudo dos genes pode auxiliar na identificação das alterações genéticas e, no futuro, direcionar para um tratamento mais individualizado, inclusive com perspectivas para prevenção contra a surdez”, explica.
De acordo com a especialista, as lesões sensorioneurais ( perda que acomete à célula ciliada do ouvido interno para o cérebro, através do nervo auditivo) levam ao tipo mais comum de surdez.
A degeneração das células auditivas pode ocorrer pela idade, exposição a barulhos ou doenças circulatórias e metabólicas, como hipertensão arterial e a diabetes. A médica explica que estudos recentes colaboram com o entendimento de que as alterações genéticas são as principais envolvidas nesse processo, inclusive com a predisposição individual à perda auditiva pela idade.
“Uma vez que conhecemos os mecanismos molecurales e genéticos envolvidos na perda auditiva, poderemos atuar de maneira mais individual e direcionada para prevenção e tratamento. Por exemplo, sabemos que algumas perdas auditivas estão relacionadas a uma alteração do DNA e nesse caso, perceber que esses pacientes são mais susceptíveis a perda de audição induzida por antibióticos ototóxicas (as drogas ototóxicas podem lesar estruturas da orelha interna, impactando negativamente suas funções auditiva e do equilíbrio, remédios como antibióticos, hipertensão arterial, doenças neurológicas, podem causar zumbido e alguma perda auditiva). Além disso, entender os mecanismos celulares permitem terapias para a progressão do paciente e até a sua melhora. São estudos promissores, mas ainda não estabelecidos para clínica atual. É um futuro, que esperamos ser bem próximo”, explica a médica
Como prevenir
Cuidados com exposição ao barulho e o controle de doenças vasculares e metabólicas, ajudam a impedir que a perda auditiva se torne mais aguda nos pacientes. Avanços científicos na área contribuem para decifrar o problema.
Nas mulheres grávidas, doenças como sífilis, rubéola e toxoplasmose podem provocar a surdez nas crianças. Nestes casos, o indicado é uma orientação médica pré-natal. Há a indicação também de mulheres se vacinarem contra a rubéola durante a adolescência, para que durante a gravidez estejam protegidas.
O “Teste da Orelhinha” nos recém-nascidos também permite verificar possíveis anormalidades auditivas. É importante ter cuidado com objetos pontiagudos que, introduzidos nos ouvidos, podem causar lesões. E para profissionais que atuam com ruídos ou barulhos, é necessário o uso de equipamentos de proteção.
O tratamento
Atualmente, existem muitas propostas para tratamento da surdez, que vai depender da gravidade e da idade de instalação do problema. O trabalho é multidisciplinar e envolve, além dos médicos, a participação de fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais e pedagogos:
“Podem ser propostos desde uso de aparelhos de amplificação sonora individual a diferentes tipos de cirurgias. A perspectiva futura é compreender os mecanismos moleculares e genéticos envolvidos com cada perda auditiva individual e direcionar um tratamento preciso, inclusive envolvendo terapia gênica”.
A dificuldade para inclusão social e chances menores no mercado de trabalho e na educação formal para a população surda ressaltam a importância do debate sobre o tema. Por ser uma deficiência não visível, em muitas ocasiões os surdos são incompreendidos e discriminados, aumentando também o isolamento social e a depressão.
“É preciso facilitar o acesso ao aparelho auditivo e outras terapias tratamento. Dificultar o tratamento ao deficiente auditivo gera um ciclo vicioso que prejudica muito a inserção deles na sociedade”, conta.