Salvador, aos pés de Helô
Já viu que a primavera chegou? Domingo, hoje, encerrou o inverno. Tá bom, não temos esse inveeerno todo aqui na Bahia, mas tivemos muita chuva e a temperatura caiu um ‘mirréis’, pra não matar a gente de vergonha e ficar nos trinta e tantos a quarenta graus. Chegou em 24 graus... Para prestigiar, calcei meias para dormir. Não, não deu para tirar cobertor de lã, que aí é exagero, mas uma meinha, deu pra usar. Tão pensando que aqui é só calorão de matar? Não, senhor, temos uma amostra grátis de inverno, lindinho. Sai pra lá com sua boca de agouro. Temos um arremedo de inverno, sim. Tenho dito.
E agora que adentramos a primavera, é olhar e cheirar as flores, a exuberância das cores da estação, como diz Érico Verissimo, “olhai os lírios dos campos”, e verás muita beleza, verás todo o esplendor da Natureza. Eu amo este período do ano. Quando terminei o curso primário, fui fazer o curso ginasial em Ilhéus. E uma das coisas que eu mais me deslumbrava era quando vinha com meus tios Fernando e Edelvira para Ibicaraí, para visitar meus pais, ou ia para a fazenda, no Banco Central, e via a estrada todinha coberta de flores, as árvores todas coloridas, jogando as pétalas sobre os carros e pessoas. O percurso Itabuna-Ilhéus, então, era todo coberto de flores. Eu ficava com o nariz no vidro do carro, apreciando a beleza da primavera.
Isso me fez lembrar o dia que eu levei uma colega da Faculdade, Elizete Rodrigues, uma juazeirense da gema, para conhecer Ibicaraí. Quando entramos na região cacaueira, a tabaroa do São Francisco quase deixa o queixo cair, e só exclamava: “Meu Deus, mas é muito verde, muito, muito verde”, e não descolava também o nariz do vidro do ônibus. A região dela tem muita água, mas é toda cercada pela caatinga, mata verde lá é coisa rara.
Quando eu estava presidente do Sindicato dos Jornalistas, fizemos um congresso lá em Juazeiro, quando levamos centenas de coleguinhas – que também não conheciam a região – e, depois das reuniões, do ‘conversê’, passeávamos de balsa com Targino Gondim, ainda novinho mas já muito competente, tocando para nós. Targino é irmão de Paulinho Maciel, que era o diretor do Sindicato em Juazeiro. E era quem fazia os eventos pra gente.
Coisa boa é tomar cerveja na balsa Saldanha Marinho encostada na cidade ou ir tomar banho no Velho Chico, principalmente se for no Rodiadouro, trecho do rio que tem até praia. Eu passava boa parte do dia dentro do rio acompanhada do peixinho frito e da louríssima gelada, lógico. Paulinho sabia receber bem os coleguinhas da imprensa, véio, colé o problema? Agora que voltei para a Associação Bahiana de Imprensa, ABI, vou articular com o Sindicato dos Jornalistas pra levar os coleguinhas lá de novo, né, Paulinho, vamos pensar nisso, meu neguinho amadinho? Quando acabar essa agonia de Covid, a gente conversa.
Falar em ABI, dia 10 de setembro foi empossada a nova diretoria, da qual eu faço parte, com o meu querido amigo Benneh Amorim, que veio me buscar para irmos para solenidade. Olhaí, uma instituição que tem a sorte de ser conduzida pelo que há de melhor no Jornalismo – Samuel Celestino, Walter Pinheiro, só para citar os dois últimos presidentes – e agora segue com Ernesto Marques, meu ex-aluninho, hoje profissional respeitado e competente de rádio e jornal. Espero que possamos dar todo apoio que a categoria necessita para uma informação isenta, atualizada e abrangente.
No dia da posse, estive apreciando a beleza da cidade da varanda do prédio da ABI, que fica na Praça da Sé, e tem uma vista privilegiada do oitavo andar. Ver Salvador sem nada na frente, é translumbrante. Nossa cidade é linda demais. Difícil era voltar para a solenidade. Mas, eu voltava e era outra alegria rever os coleguinhas, mesmo com a chatura das máscaras e mantendo distância recomendada. É muito bom estar com meus amados colegas, a maioria ex-aluninhos queridos, que mantém uma relação de muito afeto e carinho. Foi uma manhã muito especial, que me deu muita felicidade. Amo estar com os coleguinhas.
Mas saímos de lá, uma turma boa, e fomos almoçar no Mercadinho do Rio Vermelho, onde mergulhei numa dobradinha, bem servida por nosso Sócio. Seu menino, estava uma delícia. Juntou tudo: quase seis meses sem sair de casa, estar com amigos queridos, bom papo e boa comida, cês querem mais o quê? Como se diz na minha terra, botei o biquíni e ‘mergulhei’ no prato da dobradinha. Nham! Maravilha! Foi um dia muito especial.
Mas vosmicê não vai ficar aí babando no prato pela dobradinha não, né, fio? O meu querido Mauro Rabelo me deu a dica de uma dobradinha que vou lhe passar. É como ele diz, bucho, ou você ama ou odeia (risos). Eu gosto muito. Segue a receita do Mauro pra um bucho com feijão, a nossa dobradinha. Aventais a postos, vamos para a cozinha preparar esta delícia.
Bucho com feijão manteiga (ou branco) de Mauro Rabelo
Ingredientes
-- 500 g de bucho
-- 3 xícaras de feijão manteiga ou feijão branco
-- Uma linguiça calabresa cortada em rodelas
-- Meia linguiça, sem cortar
-- Um nabo sem casca e três batatas inglesas cortados em cubos grandes e uma cenoura cortadas em rodelas
-- 3 cebolas picada
-- 4 dentes de alho amassados
-- 2 folhas de louro
-- Uma xícara de salsa picada
-- Meia xícara de azeitonas
-- Sal a gosto
Modo de preparar:
1 - Limpar o bucho, retirando a gordura e, se quiser, esfregando suco de limão, lavando bem em água corrente; levar em uma panela de pressão com água, dois dentes de alho amassados e uma folha de louro, por 20 minutos após a panela chiar. Cortar o bucho em pedaços e reservar;
2 - Em uma frigideira, colocar um pouco de azeite e refogar a linguiça calabresa com a cebola. Quando estiver bem refogada, acrescentar o bucho e refogar um pouco mais. Acrescentar a batata, cenoura, azeitonas e nabo, desligar o fogo e reservar;
3 - Em uma panela de pressão colocar o feijão, uma folha de louro, 2 dentes de alho amassados, meia linguiça calabresa, e cozinhar na pressão pro 20 a 30 minutos. Quando sair a pressão, abrir a panela e acrescentar o conteúdo da frigideira. Deixar cozinhar as batatas e a cenoura, prestando atenção para não agarrar no fundo. Deixar descansar, apurando os sabores por 10 minutos. Provar o sal e fazer correção se necessário. Acrescentar a salsa picada. Servir com arroz branco.
E ficar aguardando os calorosos aplausos para a (o) excelente cozinheira (o) que você mostrou que é. Beijins!