Como fazem todos os anos, as baleias-jubarte estão de volta às águas brasileiras para sua temporada de reprodução.
E, apesar das restrições sanitárias causadas pela pandemia de coronavírus na sociedade humana, que são essenciais para salvar vidas, os pesquisadores do Projeto Baleia Jubarte voltaram, na segunda quinzena de junho, a realizar os cruzeiros de monitoramento da espécie, dando início à 32ª temporada contínua de pesquisa da espécie no País.
O primeiro cruzeiro de pesquisa feito neste ano no Banco dos Abrolhos, no dia 13 de junho, seguiu à risca o protocolo de embarque, visando minimizar os riscos de contágio da Covid-19.
A equipe foi reduzida para três pesquisadores, com o uso de máscaras e álcool gel a bordo, segregação de funções e equipamentos, e preparo individual de alimentação.
Segundo o coordenador geral do Projeto Baleia Jubarte, Eduardo Camargo, “os cruzeiros precisam ser realizados, mesmo em meio à pandemia, para que não percamos a série de dados que coletamos há mais de três décadas e que são fundamentais para informar as ações de conservação da espécie”.
Para tanto, ressalta Camargo, “estamos aplicando e aprimorando todos os protocolos de segurança para evitar contágio, os quais, no futuro breve, também poderão ser úteis para a retomada do turismo de observação de baleias no Sudeste e Nordeste”.
O cruzeiro, realizado a partir da cidade de Caravelas, no extremo sul da Bahia, onde se encontra a base mais antiga do Projeto patrocinado pela Petrobras, já rendeu informações importantes: na região dos recifes de Popa Verde, na área sul do Banco dos Abrolhos, foram registrados 14 grupos de jubartes, incluindo um grupo competitivo (de acasalamento).
Nove baleias foram foto-identificadas, seis tiveram seu tamanho determinado por meio de fotogrametria com drone, e uma biópsia para análise genética foi realizada.
O coordenador de comunicação e administrador da base do Projeto Baleia Jubarte na Praia do Forte, Enrico Marcovaldi, está animado com a retomada do trabalho também no litoral norte baiano: “No princípio de julho, foram reiniciados os cruzeiros entre Salvador e Praia do Forte, seguindo os mesmos protocolos estritos de segurança, e esperamos ter uma presença forte das jubartes novamente neste ano”.
Também na segunda quinzena de junho iniciaram os cruzeiros no Espírito Santo, com uma navegação entre Vitória e Aracruz, durante a qual foram registradas 22 jubartes, bastante afastadas da costa e em comportamento de navegação, provavelmente rumo aos Abrolhos.
E no Rio de Janeiro e São Paulo, parceiros do Projeto vêm realizando atividades sistemáticas de observação, indicando que teremos uma temporada 2020 de muitas baleias em águas brasileiras.
Projeto Baleia Jubarte
Atuando há mais de 30 anos na pesquisa e conservação das baleias-jubarte e do ambiente marinho no Brasil, o Projeto Baleia Jubarte, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, integra a Rede Biomar juntamente com outros projetos patrocinados pela empresa (Projeto Albatroz, Coral Vivo, Golfinho Rotador, Meros do Brasil e Tamar), que atuam de forma integrada na conservação da biodiversidade marinha do Brasil.
O Projeto Baleia Jubarte é realizado pelo Instituto Baleia Jubarte a partir de suas sedes na Praia do Forte e em Caravelas, na Bahia; e em Vitória, no Espírito Santo.
Por meio deste projeto são realizadas ações de pesquisa científica, turismo responsável, ações de educação ambiental, bem como atividades de conservação que tem contribuído para o sucesso da recuperação da população de jubartes do Atlântico Sul Ocidental.