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Número de mortes mostra que o coronavírus está longe de ser controlado no Brasil

O que os números dizem sobre o novo coronavírus no Brasil

Foto: Pexels.com/Creative Commons
Coronavírus
Nas últimas duas semanas de julho, em média 1.064 pessoas perderam a vida por dia

No último mês – diga-se entre 26 de junho e 26 de julho –, o número de pessoas diagnosticadas com Covid-19 no Brasil dobrou.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, hoje, 31 de julho, são 2.610.102 casos confirmados, 91.263 mortes acumuladas, 1.129 casos novos e uma taxa  3,5 % letalidade.

O número de mortes causadas pela doença também cresceu. Nas últimas duas semanas de julho, em média 1.064 pessoas perderam a vida por dia.

Mais do que um mês atrás, quando a média diária era de cerca de 1.000 vítimas fatais. Apesar dos discursos positivos de enfrentamento à disseminação do novo coronavírus e celebrações pelas pessoas recuperadas e reabertura das atividades econômicas em várias cidades, o que os números mostram é que o Brasil está longe do controle da doença. 

Do ponto de vista de saúde pública, os números são importantes para o entendimento do comportamento da doença no país e a definição de políticas para sua contenção e tratamento dos pacientes.

“Independentemente do uso político dos dados, os números são muito claros e mostram que não estamos sendo capazes de controlar o vírus e que as medidas tomadas até agora foram insuficientes”, explica Marcio Sommer Bittencourt, médico cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP). 

O Brasil está no caminho inverso de países como a China, berço do novo coronavírus, que após quatro meses do início do surto, começou a apresentar importantes quedas no número de novos casos e mortes.

“Quatro meses depois do início do surto, os números no Brasil continuam crescendo e, ao mesmo tempo, vemos a reabertura dos serviços. A perspectiva não é boa. Isso já foi visto em lugares como a Flórida, nos Estados Unidos, que é hoje o epicentro do novo coronavírus naquele país. “Como abrir tudo em um momento de alta da doença?”, indaga o médico. Entenda os números: 

Não está estável 

“Não podemos, de forma alguma acreditar que o número de mortes está estável. 1300 mortes por dia por uma doença evitável não é normal, nem estável. Estamos sim, na manutenção de um número elevado de óbitos”, afirma Bittencourt.

Por isso, ele lembra que os dados devem ser analisados sempre comparando períodos, para que não sejam banalizados. “A gente começa a considerar início do controle, normalmente após uma sequência de 14 dias, que é o tempo de dois ciclos do vírus, de queda nos números de novos casos”, diz.  O mesmo acontece com as mortes. 

 

JUNHO 

Novas Mortes 

Total Mortes 

 

JULHO 

Novas Mortes 

Total Mortes 

DOM 

26/06 

990 

55.961 

 

DOM 

26/07 

555 

87.004 

SAB 

25/06 

1.141 

54.971 

 

SAB 

25/07 

1.211 

86.449 

SEX 

24/06 

1.185 

53.830 

 

SEX 

24/07 

1.156 

85.238 

QUI 

23/06 

1.374 

52.645 

 

QUI 

23/07 

1.311 

84.082 

QUA 

22/06 

654 

51.271 

 

QUA 

22/07 

1.284 

82.771 

TER 

21/06 

641 

50.617 

 

TER 

21/07 

1.367 

81.487 

SEG 

20/06 

1.022 

49.976 

 

SEG 

20/07 

632 

80.120 

DOM 

19/06 

1.206  

48.954  

 

DOM 

19/07 

716  

79.488 

SAB 

18/06 

1.238  

47.748  

 

SAB 

18/07 

921  

78.772  

SEX 

17/06 

1.269  

46.510  

 

SEX 

17/07 

1.163  

77.851  

QUI 

16/06 

1.282 

45.241  

 

QUI 

16/07 

1.322  

76.688  

QUA 

15/06 

627  

43.959  

 

QUA 

15/07 

1.233  

75.366  

TER 

14/06 

612  

43.332  

 

TER 

14/07 

1.300  

74.133  

SEG 

13/06 

892  

42.720  

 

SEG 

13/07 

 733  

72.833  

 

Contaminados

É a contagem diária de pessoas que foram diagnosticadas com o Sars-CoV-2 desde o início da contagem, ou seja, do primeiro caso confirmado no Brasil, em 25 de fevereiro. 

Só no último domingo (26 de julho), de acordo com o Ministério da Saúde, foram 54.771 novos casos, mais que o dobro que o valor registrado em 19 de junho. Não há uma queda constante. 

 

JUNHO  

Total Casos 

Novos Casos 

 

JULHO 

Total Casos 

Novos Casos 

DOM 

26/06 

1.274.974 

46.860 

 

DOM 

26/07 

2.419.091 

24.578 

SAB 

25/06 

1.228.114 

39.483 

 

SAB 

25/07 

2.394.513 

51.147 

SEX 

24/06 

1.188.631 

42.725 

 

SEX 

24/07 

2.343.366 

55.891 

QUI 

23/06 

1.145.906 

39.436 

 

QUI 

23/07 

2.287.475 

59.961 

QUA 

22/06 

1.106.470 

21.432 

 

QUA 

22/07 

2.227.514 

67.860 

TER 

21/06 

1.085.038 

17.459 

 

TER 

21/07 

2.159.654 

41.008 

SEG 

20/06 

1.067.579 

34.666 

 

SEG 

20/07 

2.118.646 

20.257 

DOM 

19/06 

1.032.913  

54.771  

 

DOM 

19/07 

   2.098.389  

23.529  

SAB 

18/06 

978.142  

22.765  

 

SAB 

18/07 

   2.074.860  

28.532  

SEX 

17/06 

955.377  

32.188  

 

SEX 

17/07 

   2.046.327  

34.177  

QUI 

16/06 

923.189  

34.981  

 

QUI 

16/07 

   2.012.151  

45.403  

QUA 

15/06 

888.271  

20.647  

 

QUA 

15/07 

   1.966.748  

39.926  

TER 

14/06 

867.624  

17.110  

 

TER 

14/07 

   1.926.824  

 41.857  

SEG 

13/06 

850.514  

21.704  

 

SEG 

13/07 

   1.884.967  

20.286  

 

Taxa de letalidade 

É o índice que mostra qual a proporção de mortes entre as pessoas diagnosticadas com Covid-19.

No Brasil, esta taxa é de 3,5%. Isso quer dizer que quase 4 pessoas a cada 100 pessoas com a doença morrem no país. Este número, explica o médico do Einstein, evidencia o problema da falta de testagem no Brasil.

“Sabemos que a taxa de letalidade da doença no mundo está próxima ou abaixo de 1% e este é um valor que não tem mudado muito, exceto em populações mais jovens.

No Brasil é mais alto porque temos ao menos quase quatro vezes menos pessoas testadas para o novo coronavírus. Estamos diagnosticando menos a doença”, afirma.  

É difícil prever 

O médico do Einstein diz que, com base nos dados, é difícil prever quando a Covid-19 estará sob controle por aqui. “Não estamos vendo uma tendência de queda.

As atividades estão sendo retomadas, as pessoas estão circulando mais nas ruas e, do ponto de vista prático, poucas medidas além do distanciamento físico têm sido tomadas para conter o vírus. Agora, com mais casos ativos, fica mais difícil controlar”, diz.