JB Cardoso

Mamãe, não quero ser prefeito

Lembrei do trecho da música do Raul Seixas quando parei pra pensar na situação difícil que se encontram os prefeitos do Brasil com esta pandemia. As decisões de liberar, fechar, abrir, fiscalizar, orientar, ouvir, multar, entre outras, têm um peso enorme para cada um dos gestores. Em Feira de Santana não é diferente.

A maior cidade da Bahia é microcosmo do Brasil. Por aqui se vê de tudo: pessoas com máscaras nas ruas, carros e estabelecimentos comerciais. Mas vê-se também muita gente sem a proteção facial, como que desafiando o coronavírus. Enquanto a maioria da população – felizmente – segue as recomendações de distanciamento social e se protege contra a Covid-19, há uma minoria teimosa em acreditar que a doença que já matou mais de 60 mil pessoas no país não passa de uma “gripezinha”. E o prefeito Colbert Martins tem que lidar com tudo isto para gerenciar a situação e tomar as decisões.

Neste início de segundo semestre, Feira de Santana está com o comércio abrindo em dias alternados e horário reduzido. Os estabelecimentos precisam seguir o protocolo de prevenção, como oferecer álcool em gel e organizar o espaço para o distanciamento entre as pessoas. Mas o que se vê em muitos locais é assustador. Lojas sem nenhum controle, sem álcool para oferecer, sem distanciamento e pessoas aglomeradas formam o cenário propício para a propagação do vírus.

No meu entendimento Colbert precisa decidir entre duas ações, mas ambas precisam ser rígidas:

  1. Libera o funcionamento do comércio, mas jogue duro na fiscalização, com multas pesadas a pessoas e estabelecimentos que não seguirem à risca os protocolos de segurança sanitária. Só apertando no bolso o brasileiro costuma “se conscientizar” da importância de se cuidar.
  2. Impõe logo um lockdown severo, com ampla fiscalização e toque de recolher. Mas neste caso é bom preparar alguma ajuda a pessoas e empresas que terão sérios problemas financeiros antes mesmo do fim da pandemia.

Para ambas as hipóteses uma coisa é certa: a Prefeitura vai ter que gastar um bom dinheiro, seja para manter equipes de fiscalização, seja para socorrer os necessitados. O que não pode é esta situação em que o prefeito pensa que manda e algumas pessoas fingem que obedecem.

Esta é a minha opinião.