Brasil / Ciência / Saúde

Pesquisa vai mapear efeitos da pandemia em adolescentes

A participação é voluntária e é preciso a autorização de algum responsável

Foto: Pexels.com/Creative Commons
Adolescentes
Para isso, tem como base um questionário online, que deve ser preenchido pelos próprios adolescentes

Uma pesquisa coordenada pela Fiocruz vai mapear os efeitos da pandemia do novo coronavírus entre jovens de 12 a 17 anos.

A Convid Adolescentes - Pesquisa de Comportamentos tem como objetivo descrever as mudanças na rotina, nas relações com parentes e amigos, nas atividades escolares e nos cuidados à saúde, avaliando o estado de ânimo da juventude brasileira no período de distanciamento social.

Para isso, tem como base um questionário online, que deve ser preenchido pelos próprios adolescentes. A participação é voluntária e é preciso a autorização de algum responsável.

A iniciativa dá sequência à ConVid - Pesquisa de Comportamentos, coordenada pelo Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas.

A primeira parte da pesquisa consistiu na compilação de dados dos questionários feitos com a população adulta brasileira (18 anos ou mais) e apontou o aumento de problemas relacionados à saúde mental da população.

Gerou, ainda, uma análise sobre a perda de renda dos idosos durante a pandemia.

A pesquisadora-titular do Icict Célia Landmann Szwarcwald, que coordena o trabalho, explica que os próprios resultados da primeira etapa indicaram a necessidade do foco na juventude.

“Fomos motivados a elaborar a pesquisa específica para adolescentes pelos resultados da primeira etapa da ConVid - Pesquisa de Comportamentos, que mostraram que os problemas no estado de ânimo, como os sentimentos de tristeza e ansiedade, foram mais frequentes entre adultos jovens, com idade entre 18 e 29 anos”, afirma.

Os dados apontaram ainda que o sedentarismo e o consumo de doces e chocolates foram também maiores nessa faixa etária.

Ganho de peso e problemas de sono

Antes de elaborar o questionário da ConVid Adolescentes a equipe fez uma leitura prévia de vários artigos científicos já publicados, para investigar a experiência de outros países.

Estudos apontaram que os índices de estresse foram quatro vezes maiores em crianças que estiveram em quarentena, comparadas com as que não estiveram. Evidências sugerem que crianças e adolescentes que estão fora da escola são fisicamente menos ativos, têm maior tempo de exposição a telas e mais problemas de sono.

A ausência de aulas presenciais também acarreta em piora na alimentação, com consequente ganho de peso e perda de aptidão cardiorrespiratória.

Célia ressalta que os resultados auxiliarão famílias no suporte aos adolescentes, para minimizar os efeitos negativos do isolamento sobre a saúde física e mental, e que as informações podem servir também para as escolas, auxiliando a tarefa de assegurar que o conteúdo das aulas (presenciais ou a distância) atenda aos requisitos educacionais, e que o acesso ao aprendizado seja garantido.

“Em relação aos efeitos adversos do confinamento, a pesquisa poderá ajudar a identificar danos à saúde física e implicações psicológicas, que devem ser objeto de atenção dos diferentes níveis de governo e de ações intersetoriais, na elaboração de estratégias de promoção de saúde durante a pandemia, reforçando hábitos de vida saudáveis junto aos jovens brasileiros” conclui.

O questionário pode ser preenchido em 15 minutos, pelo celular ou computador, e ficará disponível por um mês. Caso sintam-se constrangidos ou desconfortáveis, os adolescentes não precisam responder às perguntas, tendo liberdade para interromper a tarefa a qualquer momento.

As informações são totalmente confidenciais, sendo coletadas diretamente pela internet e armazenadas, sem o nome ou qualquer outro tipo de identificação, no servidor do Icict.

A pesquisa está regulamentada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa para Seres Humanos (Conep) do Ministério da Saúde. Espera-se uma amostra que inclua cerca de doze mil adolescentes.

Tendo em vista que a amostra não é probabilística, para a análise estatística dos dados serão utilizados procedimentos de pós-estratificação baseados na distribuição da população brasileira por unidade da Federação, sexo, faixa de idade (12-14; 15-17 anos), raça/cor e grau de escolaridade da mãe ou responsável.