Opinião

O pior emprego do mundo

E em tempos de pandemia o que restará adjetivar os Secretários de Fazenda dos Estados e dos municípios?

Sinopse do livro: “Pense em uma deliberação que mexa no seu bolso e na ponta estará o ministro da Fazenda. Do gabinete no quinto andar do Ministério da Fazenda, em Brasília, foi decidido quanto dinheiro cada brasileiro poderia retirar da sua caderneta de poupança; se o país ia parar de pagar sua dívida com os bancos estrangeiros; e até qual deveria ser o preço da passagem de ônibus. Nenhum outro posto concentra tanto poder. O nível de intrigas, conspirações e invejas que cerca o Ministro da Fazenda é insuperável..”

Com esse destaque do jornalista Thomas Traumann que trabalhou na revista “Veja”, como repórter, editor e colunista, e como porta-voz da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e assessor do ex-)ministro da Fazenda Antônio Palocci. Agora, publicou o livro “O Pior Emprego do Mundo — 14 Ministros da Fazenda Contam Como Tomaram as Decisões Que Mudaram o Brasil e Mexeram no Seu Bolso” (344 páginas).

E em tempos de pandemia o que restará adjetivar os Secretários de Fazenda dos Estados e dos municípios? A esses também a incomoda pecha de exercerem o “Pior Cargo do Mundo”?

A se pautar pela visão de colunistas renomados do jornalismo brasileiro, este deve sim ser “o pior cargo do mundo. Em sua coluna no ano passado do jornal A Tarde, o jornalista: Levi Vasconcellos, escreveu no seu diário – Política com Vatapá o artigo: “o ex gente boa” refere-se a minha passagem quando fui Secretário de Fazenda de Camaçari/Ba, no período de 1998/2004, reporta o mesmo como titular daquela pasta “transitava com desenvoltura entre os colegas secretários, servidores e os munícipes de um modo geral, sempre receptivo, “tipo boa gente que andava pelos corredores distribuindo simpatia...”.

O impacto provocado pela pandemia do novo coronavírus, trouxe a queda de arrecadação para todos os entes subnacionais, diminuindo a já combalida capacidade investir dos Estados e Municípios, alcançando o comprometimento em horrarem os salários do funcionalismo e serviços essenciais das unidades da federação, o que requer ajustes fortes na política fazendária e do gasto público em cuidados contra a Covid-19.

É neste momento que se destaca o papel do titular das finanças locais, com a finalidade formular, coordenar e executar as funções de administração tributária, financeira, patrimonial e contábil em suas respectivas jurisdições. E ai como bem destacou em seu artigo o colunista Levi Vasconcellos: “ entre os que ocupam funções públicas Ministro da Fazenda como o atual Paulo Guedes e seus congêneres secretários estaduais e municipais nunca são pessoas que postulam votos graças a antipatia natural que espalham pela própria natureza do cargo. ” E por fim finaliza seu artigo concluindo que: “ Jorge completou o mandado de (Secretário da Fazenda), mas no fim já não era gente boa”

No Brasil dos 5.570 municípios, próximo de 1.254 cidades tem até 5.000 habitantes, o que torna o papel dos titulares da pasta fazendária um exercício mais penoso de carregarem perante seus munícipes o título de “gente boa”, em plena pandemia.

Em tempos de calamidade pública, resta torce para a estatística do crescimento da curva dos angustiantes rótulos nos Secretários de Fazenda do País, não suba tanto ou atinja na pior da hipótese o platô do estigma de “pior cargo do mundo” atrelado ao simbolismo de “ex-gente boa”.