Helô Sampaio

O berro de 'I am perdida' que espantou a polícia em Noviorque

Estamos sobrevivendo, galera, e felizes, amorosos, dengosos e gulosos. Ops! Deleta a gula que o povo todo está crescendo para os lados. Droga! Porque não ficamos enjoados com comida numa hora dessas? Nã-nã-ni-nã-não. A rabada chega à mesa provocando: me coma, me coma, que eu estou gostosa. Resistir, quem há de? Mergulhamos a danada no pirão e... nhac. Mais uns graminhas de bom humor – que barriga cheia é alegria de vida – e mais um apertinho no cós da calça. Amanhã a gente faz dieta. Amanhã, não, segunda-feira, que brasileiro só começa dieta segunda-feira ou dia 1º do mês.  Somos sabidos, véio.

Estes quase 100 dias de reclusão serviram para retirar o pó dos livros e rever fotos de mil novecentos e antigamente. Trem bom é olhar fotografias, rever papai, mamãe, a gente ainda gostosinha e sedutora, os manos e outros parentes todos sorridentes. Parece que a gente volta no tempo. O que dói é que alguns já não estão mais aqui e a falta, o buraco no coração não fecha, né, mãezinha? Mas é isso, vida que segue.

Estava olhando umas fotos da minha primeira viagem ao exterior, quando Adriane Virgílio, da Flytour Salvador Paralela (71 99985 3189) formou um grupo para ir a Nova York. E eu, empolgada pelas louras geladas, resolvi que também iria. No outro dia, quando recebi a ligação para dar os dados para a passagem, me espantei. “Passagem prá Noviorque, eu? Endoidou”. Não. E a reunião vai ser depois de amanhã, em tal lugar.

Pedi a Maria Augusta, minha vizinha-irmã, que fosse à reunião – pois eu não podia sair do jornal nessa hora - e desmarcasse a minha viagem. No outro dia, Maria Augusta chega em minha casa toda passarinheira, alegre e animada que nem gato de hotel. “Pronto, Helô, já está tudo certo, viajamos no dia 14 de junho. Vamos a Nova York e Washington. Vai ser muito bom”. Achei que Malaguta tinha endoidado. Em vez de tirar meu nome, colocou o dela.  Fazer o quê, neguinho? Ela se empolgou e lá fomos nós para a viagem, com uma turma bastante animada. Era a minha – e da maioria – primeira viagem internacional.

Ficamos numa tal de rua, a Street 33. Vai falar 33 (street thirty-three) para taxista americano entender, vai, fio. Acho que é o pior número para a gente falar porque é todo gutural (para mim). Felizmente o hotel ficava em frente ao Madison Square Garden. Aí ficava fácil para a tabaroa de Ibicaraí falar. “Please, in front of the Madison”. Porque Maria Augusta não abria a boca. Só dizia, ‘você resolve, Ló’. E eu resolvia levar a turma pra beber. A responsabilidade da comunicação ficava normalmente comigo e meu ‘ingrês’. Eu chegava num barzinho, perguntava na entrada: ‘please, do you speak spanish?’. Se a resposta fosse ‘Yes’ a gente entrava; se não, seguia até encontrar um latino para despachar a gente. Sou ou não sou sabida? He-he.

A história engraçada dessa viagem é que ia uma paraibana animada, gente boa (esqueci o nome, mas não era Berninha, não, seu gozador). Num dos passeios pela cidade, ela entrou numa loja e a gente seguiu. Quando nós demos falta, cadê a ‘paraibinha?’. Adriane quase endoida. Chegamos no hotel, para ir à policia depois, quando chega a ‘paraibinha’, e com a polícia. Ela contou a história: quando saiu da loja e não nos viu, ficou apavorada, foi para o meio da rua e começou a gritar ‘help, help me, I am perdida’. Assim mesmo, nêgo, ‘I am perdida’, com força no ‘di’ de perdida.

Óbvio que ninguém entendia o que ela queria. Mas ele conseguiu dar o endereço e foram até levá-la ao hotel. Era o que Adriane mais recomendava: anota o endereço do hotel e não tira da bolsa. Mas nunca esqueci esta história. I am perdida é demais para a minha imaginação. A-mei. Até hoje eu rio quando me lembro da ‘paraibinha’. Foram 20 dias divertidos demais, cheios de aventuras resolvidas com meu ‘ingrês’. Valeu.

Vamos cuidar agora do nosso São João.  Para não ficar babando com as delícias juninas, minha amiga Elíbia nos mandou essa receita de canjida – diete, viu, lindinha, pra não perder as medidas. Não é uma maravilha? A gente vai poder comer à vontade, né, neguinha? Vamos nessa, que é bom à bessa.  

Canjica de milho verde diet de Elíbia Portela

Ingredientes:

-- 5 espigas de milho
-- 250ml de leite de vaca
-- 250ml de leite de coco
-- 1,5 xicara (chá) de adoçante stevia forno e fogão (ou  três colheres sopa) de xilitol, ou qualquer outro de preferencia, provando até o ponto desejado)
-- Uma pitada de sal
-- Canela em pó pra polvilhar e um pau de canela para decorar.

Modo de preparar:

1 - Retirar os grãos das espigas, cortando com faca (e com cuidado para não cortar a mão, recomenda Elibia). Tirar os pedaços dos grãos presos passando a faca no sabugo de cima para baixo;

2 - Separar os grãos em duas metades, colocando a primeira metade no liquidificador e bater com as metades de cada leite. Faça o mesmo com a outra metade do milho. Mas não bata demais porque o milho fica amargo, alerta a amiga.

3 - Feito isso, colocar uma peneira em cima de uma panela de alumínio de fundo grosso.

4 - Derramar o milho batido na peneira, apertar com colher de pau, pra passar o caldo do milho para a panela.

5 - Em outra vasilha, colocar o bagaço espremido da peneira e colocar nele o reto dos leites. Misturar bem e espremer em porções com uma toalha de prato, deixando o líquido cair no que já está na panela.

6 - Colocar o adoçante e o sal. Mexer bem para dissolver. Provar pra ver se está a gosto.

7 - Levar ao forgo brando, mexendo sem parar com a colher de pau. Quando ferver, continuar mexendo até a consistência de creme (25 a 30 minutos mais ou menos). Se durante o cozimento se formarem ‘pelotas’, retirar a panela do fogo e mexer a massa por uns momentos até desmancharem. Pode fazer isto mais de uma vez, até chegar ao ponto desejado.

8 - Retirar do fogo e derramar em pirex ou prato. Polvilhar com canela em pó e decorar com canela em pau. Elíbia avisa que quer estiver magrinho ou quiser ficar mais gostosa, pode trocar a mesma quantidade de stevia por açúcar. Eu mesma vou fazer isso pois estou gostosíssima. Beijão, lindinhos. Até Saõ João.