Bahia / Comportamento

Bahia: mulheres dedicam mais que o dobro do tempo dos homens em afazeres domésticos

Mulheres trabalham quase 4 horas a mais por semana em afazeres domésticos que os homens

Foto: Pxhere.com/Creative Commons
Esfregão e vassoura
As mulheres ainda dedicam, em média, muito mais tempo aos cuidados com a casa

Além de haver menos homens realizando afazeres domésticos ou cuidados de pessoas na Bahia, o tempo semanal dedicado por eles a essas outras formas de trabalho tem se mantido, em média, pouco menos da metade do tempo dedicado pelas mulheres - sustentando uma desigualdade que é histórica e não dá sinais recentes de superação.

Em 2019, as mulheres baianas de 14 anos ou mais de idade despendiam, em média, 20,9 horas por semana em afazeres domésticos ou cuidados de pessoas do domicílio ou parentes. Já os homens no estado dedicavam 9,9 horas semanais a essas tarefas: 11,0 horas a menos. 

No Brasil como um todo, a situação era parecida. Enquanto as mulheres dedicavam, em 2019, uma média de 21,4 horas semanais a afazeres ou cuidados, os homens dedicavam 11,0 horas (quase metade, ou menos 10,4 horas). 

Embora a diferença de tempo entre mulheres e homens se mantenha elevada na Bahia (11,0 horas é a 10ª maior diferença entre as 27 unidades da Federação), houve uma redução nessa diferença de 2017 (12,2h) para 2018 (12,1h) e 2019 (11,0h), fruto sempre do menor tempo dedicado pelas mulheres, não do aumento no tempo dos homens.

Entre 2018 e 2019, a diferença no tempo dedicado aos afazeres domésticos ou a cuidados de pessoas entre mulheres e homens diminuiu em 13 dos 27 estados brasileiros. A redução na Bahia (-1,1h) foi a maior, empatada com a verificada em Sergipe. 

No ano passado, a Paraíba tinha a maior desigualdade nesse indicador, com as mulheres dedicando em média 13,4 horas a mais que os homens aos afazeres/cuidados, seguida por Sergipe (+12,4 horas) e Minas Gerais (+12,1 horas). 

Por outro lado, Amapá (+5,2 horas para as mulheres), Amazonas (+ 6,7 horas) e Roraima (+7,5 horas) eram os estados menos desiguais.

Mulheres trabalham quase 4 horas a mais por semana que os homens

Mesmo quando têm um trabalho remunerado (são ocupadas), as mulheres ainda dedicam, em média, muito mais tempo aos cuidados com a casa e outras pessoas do que os homens, estejam eles ocupados ou não. 

Na Bahia, em 2019, as mulheres ocupadas que disseram realizar afazeres/cuidados, trabalhavam "fora" em média 32,4 horas por semana e ainda dedicavam outras 18,3 horas semanais à casa ou a outras pessoas. Os homens ocupados que realizavam afazeres/cuidados trabalhavam "fora" mais horas que as mulheres (37,4 horas ou 5,0 horas a mais), mas dedicavam à casa menos tempo que elas (9,4 horas ou 8,9 horas a menos). 

Por isso, somando as duas cargas horárias, remunerada e não remunerada, as mulheres baianas ocupadas e que realizavam afazeres ou cuidados trabalhavam, em média, 50,7 horas por semana: 3,9 horas a mais do que os homens nas mesmas condições, que trabalhavam 46,8 horas semanais. Essa diferença na Bahia era maior que no país como um todo. 

No Brasil, as mulheres que tinham trabalho remunerado e realizavam afazeres/cuidados trabalhavam por semana um total de 53,3 horas, somando as atividades remuneradas e não remuneradas. Já os homens, nas mesmas condições, trabalhavam um total de 50,3 horas semanais (somando ocupação remunerada e afazeres/cuidados), ou seja 3,0 horas a menos.

Embora, na Bahia, tenha aumentado um pouco o número de pessoas que realizaram algum trabalho não remunerado, de 10,284 milhões em 2018 para 10,335 milhões em 2019 (+51 mil pessoas), a taxa de realização recuou, de 86,7% para 85,8%, no período.

Isso significa que o aumento no número absoluto de pessoas que realizaram outras forma de trabalho, no estado, foi menor que o crescimento do total da população de 14 anos ou mais de idade.

Taxa de realização de outras formas de trabalho cai na Bahia, entre 2018 (86,7%) e 2019 (85,8%)

Considerando as outras formas de trabalho separadamente, a taxa de realização de afazeres domésticos no próprio domicílio ou em domicílio de parentes passou de 83,7% para 83,1%; a de cuidados com moradores do próprio domicílio ou parentes não moradores caiu de 33,0% para 31,9%; a de trabalho voluntário se reduziu de 3,9% para 3,6%; e a de produção para o próprio consumo variou de 10,7% para 10,6%.