Hoje (15), data oficial do registro da instituição, tem início um programa de conversas on-line com profissionais que fazem parte da história do Instituto nestes 30 anos. Ainda como parte das comemorações da data, um novo website, a ser lançado em breve, deve ampliar os conteúdos e interfaces do atual, de modo intuitivo e rápido.
Para enfrentar o desafio imposto pelo isolamento social, desde abril, o Instituto marca presença nas redes sociais com novo formato e conteúdos mais abrangentes e abordagens inéditas, apresentando aspectos da trajetória do casal Bardi pouco conhecidos do público.
Ao completar trinta anos de existência, o Instituto Bardi / Casa de Vidro comemora um intenso trabalho no sentido de manter vivo e relevante o legado de Lina Bo Bardi e Pietro Maria Bardi para a cultura brasileira.A nova gestão de Giuseppe d’Anna na presidência do Conselho de Administração do Instituto, eleito em setembro de 2019, busca aprimorar o planejamento e administração, visando o futuro da instituição.
A proposta é estruturar um comitê estratégico com profissionais e especialistas, associados ou não ao Instituto, capazes de contribuir de forma efetiva para implantar novos usos e visões do acervo, no sentido de valorizar a realização de sua missão original.
Os primeiros anos
Fundado pelo casal Bardi como Instituto Quadrante em maio de 1990, a instituição tem como objetivos primordiais o incentivo da cultura e das artes, sendo abrigada na antiga residência do casal, a Casa de Vidro.Diretor do Museu de Arte de São Paulo desde sua criação, Pietro Bardi já manifesta essa intenção em 1986, quando solicita o tombamento da Casa de Vidro ao Condephaat. Na ocasião, pensava em uma fundação que custodiasse a coleção de obras de arte, algumas delas ambientadas no seu "jardim-florestal", registrando "um trecho da história da renovação da museografia nacional".
Em 1992, Lina vem a falecer e no ano seguinte, a instituição passa a se chamar Instituto Lina Bo e P. M. Bardi. Tem início a primeira sistematização do acervo da arquiteta e sua apresentação ao público com livro, exposição e vídeo apresentados no Brasil e no exterior, atingindo mais de vinte 20 países.
Nesses primeiros anos, com a atuação dos colaboradores de Lina, os arquitetos Marcelo Ferraz, André Vainer e Marcelo Suzuki, o Instituto exerce um papel importante na divulgação da história da arte e arquitetura brasileira. São publicados volumes fartamente ilustrados sobre os arquitetos Afonso Eduardo Reidy, Vilanova Artigas e João Filgueiras Lima (Lelé), estabelecendo um novo padrão editorial na área. Pietro Maria Bardi falece em outubro de 1999, pouco antes de seu centenário que é festejado em 2000 com a publicação de sua biografia, exposições e um filme/documentário, trabalho coordenado por Marcelo Ferraz.
Desafios e conquistas
As dificuldades de manutenção da Casa de Vidro levam à suspensão de visitas em 2007. Além disso, a redução de recursos do endowment, viabilizado por Bardi quando da fundação para assegurar a missão do Instituto, tem impacto direto nas ações e projetos da instituição.
Após o falecimento da irmã de Lina, Graziella Bo Valentinetti, vice-presidente (1993 a 1999) e presidente (1999 a 2008) do Instituto, Giuseppe D’Anna assume a presidência. A casa recebe manutenção adequada, projetos de apoio à cultura (Petrobras e CEF) são bem sucedidos e o acervo tem sua importância para a pesquisa reconhecida por apoio também da Fapesp.
O reconhecimento internacional de Lina cresce e em 2010 ela recebe uma homenagem especial na Bienal de Arquitetura de Veneza. Pouco depois, a Casa de Vidro apresenta a primeira exposição em seu espaço, curada por Hans Ulrich Obrist em 2013, com dez mil visitantes. Nesse mesmo ano, o Instituto comercializa o copyright de uma edição limitada da cadeira Bardi’s Bowl para a empresa italiana Arper.
Assim inicia uma série de reedições de mobiliário da arquiteta.As comemorações do centenário de Lina ampliam seu reconhecimento, se estendendo por 12 meses, de julho de 2014 a junho de 2015, para permitir exposições, publicações e eventos em museus de prestígio no Brasil e no exterior.
Nova visão
Na presidência de Sonia Guarita do Amaral (2014 a 2019), o Instituto obtém apoio da Petrobras e inicia sua transformação em Organização Social do Estado de São Paulo. Com essa nova estrutura, apesar das dificuldades criadas pela interrupção do apoio da Petrobras em 2016, o Instituto alcança êxito na criação de novos modos de sustentabilidade financeira.
Visitas acompanhadas por serviço educativo tornam a Casa de Vidro parte do circuito cultural paulistano. O Instituto retoma sua vocação editorial e, em parceria com a Editora Romano Guerra, publica, em 2016 e 2017, as obras dos arquitetos Pedro Paulo de Melo Saraiva e Abraão Sanovicz (apoio CAU SP), o catálogo da exposição Casas de Vidro (Proac SP/ AGC) e a reedição do livro Lina Bo Bardi (MinC/Imprensa Oficial do Estado) em 2018, marcando os 25 anos da primeira edição em 1993.
Também em 2016, a Getty Foundation, pelo programa "Keeping It Modern", patrocina a elaboração de um Plano de Gestão e Conservação da Casa de Vidro, visando o futuro da primeira obra construída de Lina Bo Bardi e uma base clara de planejamento estratégico a longo prazo. Este Plano prevê ações físicas: o restauro da Casa de Vidro, estúdio e casa do caseiro, o manejo do jardim, a adequação à acessibilidade universal e criação de outras infraestruturas necessárias para o funcionamento do espaço.
No tocante à memória e produção intelectual, o Plano destaca o estímulo à pesquisa no acervo, com ênfase também ao legado de Pietro Maria Bardi.
O plano apoiado pela Getty propiciou o intercâmbio de experiências com outras casas similares nos Estados Unidos: a Glass House de Philip Johnson, a Farnsworth House, de Mies Van Der Rohe, e a Eames House, de Charles e Ray Eames. Esta aproximação permitiu entender métodos de gestão para a sustentabilidade financeira baseada em doações privadas, promoção de eventos, cobrança de copyrights e formatos de acesso público às obras.
Nos últimos três anos, o Instituto implementa um modo de levantamento de recursos similar. Exposições em parcerias com o Masp e outras instituições ocupam periodicamente a casa, assim como shows e eventos anuais são promovidos em um pavilhão temporário, instalado, entre dezembro e março, na área de acesso à residência dos Bardi. O Instituto Bardi / Casa de Vidro chega assim aos 30 anos cumprindo sua missão de estímulo à arte e cultura brasileira.