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Eleanor Rigby (Beatles) com Caetano Veloso

A lua estava em peixes, tudo condizia com essa realidade. O mundo inteiro aos destroços, as pessoas num misto de pânico e calmaria, a grande maioria dentro de suas casas, tateando o tempo invisível das coisas.

As paredes viraram grandes obras de arte, a poesia reinando quase que absoluta. Digo quase pelo fato de que nem tudo é rima, flores e algodão doce.

Acontece que o astro estando nesse signo, todo escapismo que lhe convém tem compensação na intuição, desde, que os protagonistas desses sinais lhe queiram e por assim dizer, permitam-se intuir. E não é somente a percepção que está aflorada, há brotos de empatia que florescerão em forma de compaixão.

Uma onda avassaladora de amor ao próximo chegando numa frente morna atingindo em cheio as populações, que só se aquecerá se os seres pensantes permitirem que o sofrimento humano lhes toquem os corações e haja uma percepção mais clara de que o coletivo é mais forte que individualidade fria.  

A lua quarto minguante estava em peixes, anunciando uma fase balsâmica e alguns insistiam em pensar que todo sentimento bom que invade os peitos são sinais de fraqueza, quanto deveriam entender que a bondade recupera as células, irriga melhor os vasos sanguíneos, desobstruindo artérias congestionadas pela sedimentação da mesquinhez. Numa determinada casa, três senhoras, irmãs com uma diferença de poucos anos de uma para a outra, sentadas ao redor de uma mesa de tampo de vidro circular, rezavam, cada uma a seu modo.

Era fim da manhã, o almoço já estava pronto e decidiram fazer um momento de energização espiritual por elas e por todos que careciam de luz e boas vibrações. Uma tinha o terço nas mãos, outra lia a bíblia e a outra conversava com os pensamentos. Apesar e ao pesar da lua em peixes, o sol estava em áries, sinal de início, chegará o equinócio de outono e dentro de nós brotará as energias da destruição, transmutação e limpeza.

Quem rege esse signo de fogo é o planeta Marte, que está relacionado às nossas ações e batalhas. Era quase doze horas, o satélite natural camuflado pelo dia, sol a pino no carneiro, as senhoras deram as mãos, rezaram um pai-nosso-que-estás-no-céu primeiramente, depois, a mais velha que conversava com os pensamentos, disse: que sejamos mais humanas e mais benevolentes.

Que as nossas energias aqui concentradas revigorem o ânimo de quem não tem o que comer, vestir ou onde dormir. Que os enfermos possam encontrar a cura e os doentes da alma possam enxergar a luz. Amém!

A lua estava em peixes, sol em áries e o almoço servido com um gosto de renovação para as senhoras que viam no tempo um aliado, no amor o conforto para alma e a vida um presente do universo, era tempo de sentir. Mais um aniversário da mais velha trazia votos de renovação.