Escritos

Falta de informação só gera confusão

"Pessoal, o coronavírus não é nada disso"

Foto: pxhere/Creative Commons

Luís, um menino de 6 anos, fã do Cascão, acordou animado. Passou uma semana em casa, jogando videogame e agora teria aula pelo seu aparelho predileto: o celular. Sua mãe conectou-se no aplicativo e, de repente, ele estava se vendo dentro de um quadradinho e, ao seu lado, estava Pedro, o seu melhor amigo.

- Oi, Luís! – O outro menino sacudia os braços, animado – Como você está?

- Oi, Peu! Estou ótimo! Passei uma semana brincando e, você não vai acreditar, isso foi só por causa de uma mentira que meus pais inventaram para eu tomar banho. E como anda a escola?

Nesse momento, o celular apitou duas vezes, mostrando que Ana e Bia também entraram na conversa por vídeo. As duas falaram oi, mas Pedro ignorou, pois estava mais interessado em responder ao amigo.

- Está todo mundo sem ir, Luís! Por causa de um fantasma chamado coronavírus.

- Então é verdade? Não é só uma desculpa para eu tomar banho o tempo inteiro?

- Fantasma? – Perguntou Ana, interrompendo a reflexão de Luís – De onde você tirou isso?

BIP. Lucas entrou na conversa, mas ficou calado. Pedro prosseguiu:

- Eu ouvi meus pais falarem bem assim: O problema é que ele é invisível e, por isso, pode estar em qualquer lugar. E quem é que faz isso?

- Eu não acho que o coronavírus seja um fantasma, porque se não ele atravessaria as paredes e minha mãe me disse que dentro de casa estamos muito seguras. Então, na minha opinião, ele é um monstro muito alto, que não consegue passar pelas portas.

Nesse momento, Lucas falou:

- Gente, eu acho que não é nem uma coisa, nem outra. Porque meus pais nunca tiveram medo de monstro, fantasma, vampiro, lobisomem... mas com esse coronavírus à solta, eles estão super assustados.

- Lucas? – Interrompeu Bia. – Diga para seus pais que não precisam se apavorar, eu descobri como vamos nos proteger desse... seja lá o que for!

- Jura? Como? – Perguntaram os outros três, interessadíssimos.

- Simples! Ouvi meu pai falando que ele está no ar, então daqui pra frente é só a gente usar ventilador e pronto, problema resolvido!

Realmente, era uma grande ideia. Os colegas aplaudiram a menina. No meio da comemoração, uma nova pessoa entrou na conversa. Era a professora, que ainda pegou o finalzinho das palmas.

- Olá, crianças! Bom dia! Posso saber o por que de tanta agitação?

- É a Bia, pró. Ela descobriu a solução para esse fantasma, monstro ou bicho não identificado, chamado de coronavírus, que ainda não sabemos o que é, mas já descobrimos que não é uma mentira para o Luís tomar banho.

Curiosa e se esforçando para segurar o riso, pediu para que Bia dividisse com ela também e a menina fez com muito orgulho. Após compartilhar o seu grande plano, a professora caiu na gargalhada e começou a explicar:

- Pessoal, o coronavírus não é nada disso. Ele é um ser vivo muito pequeno e, por isso, não conseguimos vê-lo a olho nu, ou seja, sem a ajuda de um microscópio.

- Pró, o que é microscópio? – Questionou Luís

- É um instrumento que aumenta várias vezes o tamanho de alguma coisa.

- Tipo uma lupa? – Quis saber Ana

- Sim, mas ele é muito mais poderoso, pois pode aumentar o tamanho de algo muitas vezes mais. Continuando... Vírus não é uma novidade. Eu garanto que todo mundo já ficou gripado algumas vezes, não é?

Todos responderam que sim

- Pois bem, a gripe é causada por um vírus.

- Mas meus pais nunca tiveram medo de pegar gripe – disse Lucas.

- Acontece, Lu, que esse vírus, chamado de corona, mudou, se transformou e está muito forte.

- Tipo o Hulk? – perguntou Pedro.

- Mais ou menos. Porque ele não virou um herói, mas um vilão. E, por enquanto, ninguém sabe como acabar com ele, ou seja, ele não tem cura, diferente das outras gripes que nos protegemos tomando vacina.

- Acho que agora até comecei a gostar um pouco de vacina – falou Lucas

- Outro problema causado por ele – continuou a professora – É que a gripe que ele causa está se espalhando muito rápido entre as pessoas. Quando alguém doente espirra, tosse, ou até mesmo respira, ela acaba espalhando um monte de coronavírus pelo ar, que depois de um tempo caem e ficam nos corrimões, chão, prato, papel... em qualquer lugar. A grande questão é que se alguém que não está doente tocar em algumas dessas coisas e depois levar a mão nos olhos, nariz, ou boca, ele entra no corpo da pessoa e ela pode ficar muito gripada, também.

- Então quer dizer que o banho, e lavar as mãos, realmente vai me proteger?

- Com certeza, Luís! É o melhor que você pode fazer por você e pelos outros. Porque se você não adoece, também não passa gripe para ninguém que você ama.

- E é por isso, também, que nossos pais dizem que é seguro ficar em casa?

- Sim, Ana. Na rua, várias pessoas passam pelos mesmos lugares que nós. E não temos como saber se alguém tossiu, ou espirrou e onde foi, pra gente não tocar no lugar.

- Pró, posso fazer mais uma pergunta?

- Sim, Lucas!

- Um dia, meus pais estavam vendo um negócio na TV que avisa as coisas, fala do tempo...

- Jornal? – interrompeu a professora.

- Isso! De qualquer forma, eles estavam assistindo e eu ouvi uma mulher falar que pessoas estavam morrendo de coronavírus. Desde quando gripe mata?

- Lembra que eu disse que esse vírus era mais forte?

O menino assentiu com a cabeça.

- Então, para melhorarmos de uma gripe, nosso corpo precisa lutar com o vírus e, infelizmente, no organismo de algumas pessoas, o vírus vence a luta.

- Pró, tem algo que a gente possa fazer, para ajudar nosso corpo a vencer? – Dessa vez foi Bia.

- Sim! Para deixarmos ele forte, podemos comer muita fruta, beber muito suco... Assim vamos ficar cheios de vitaminas que são o nosso super poder.

- Falando assim, até parece que somos super-heróis – riu Pedro.

- Mas somos! Sozinhos, salvamos nossas vidas e, juntos, salvamos o mundo!