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Livros destruídos por cheias em Veneza viram obras de arte

Leilões já renderam 10 mil euros para ação beneficente

Foto: (foto: Reprodução)
Um dos livros leiloados em Bolonha no dia 16 de fevereiro
Um dos livros leiloados em Bolonha no dia 16 de fevereiro

 Livros destruídos pelas marés que inundaram o centro histórico de Veneza em novembro do ano passado foram transformados em obras de arte e já renderam 10 mil euros para uma fundação cultural da cidade.

A iniciativa é promovida por uma associação beneficente chamada Libri Controcorrente (Livros Contra a Corrente), fundada por três estudantes do Instituto Europeu de Design (IED) em Milão, Maria Vittoria Miccoli Minarelli, Ambre Carladous e Anna Carera.

O grupo já realizou dois leilões de obras de arte produzidas a partir de livros destruídos pelas inundações em Veneza: o primeiro, online, ofereceu 100 trabalhos; já o segundo, em um palácio no centro histórico de Bolonha, leiloou 30 obras no último domingo (16).

O leilão desta semana foi comandado pelo duo artístico Saggion-Paganello, autor de uma instalação chamada "Esperando que a água dissolva cada coisa" e feita a partir de volumes danificados na livraria Acqua Alta, a mais famosa de Veneza. O resultado são pequenas esculturas de papel, ilustrações, aquarelas, entre outras obras.

Os 30 trabalhos leiloados no domingo foram feitos por 16 artistas, e os 10 mil euros arrecadados serão destinados à Fundação Querini Stampalia, que conserva um patrimônio bibliográfico de 350 mil volumes em Veneza e foi atingido pelas inundações de 2019.

Em novembro passado, o centro da cidade registrou quatro marés superiores a 1,4 metro, algo inédito para um único mês em toda a história de Veneza. A maior delas, no dia 12, teve 1,87 metro.

O fenômeno da "acqua alta" é mais comum entre o fim do outono e o início do inverno europeu e acontece quando o nível do Mar Adriático sobe e invade as águas da Lagoa de Veneza, inundando a cidade.

As marés são influenciadas pelo ciclo lunar e por eventos meteorológicos, como tempestades e o vento de siroco, uma corrente de ar quente proveniente do deserto do Saara, mas fatores como o aquecimento global e o assoreamento do solo lagunar também contribuem para as enchentes.