Artes Visuais

Pintor dos orixás usa arte para combater intolerância religiosa

90% das obras do seu acervo são voltadas a temáticas africanas


Quadro de Ed Ribeiro

Protegido pelas bênçãos de Iansã, Oxum e Xangô, Edmilton “Ed” da Cruz Ribeiro expõe através das artes plásticas a religiosidade africana. Conhecido como o Pintor dos Orixás, ele retrata em quadros como “Iemanjá nas Estrelas”; “Renascimento e Escravos”; “Oxóssi”; “Rio de Sangue em Busca do Ouro”; “Centauro” e “Xangô Fogo”, toda a crença das religiões africanas sob a beleza do “Derramamento de Tinta”.

A técnica - única do artista baiano - dá formas naturais às figuras religiosas.

As cores quentes em “Xangô Vermelho” descrevem a dominação das chamas e justiça implacável do panteão; para “Oxalá”, Ed opta por tons mais harmônicos, entendendo o caráter construtivo e sábio do orixá; já “Oxum” é representada com cores vibrantes, ao passo que o artista mistura cores neutras para simbolizar paz e estabilidade. 

Um de seus quadros - “Iemanjá nas Estrelas” - é dedicado à Rainha do Mar, uma homenagem feita pelas mãos do artista com a chegada do 2 de Fevereiro. Aplicando o “Derramamento de Tinta”, Ed capta o movimento de ascensão da orixá com peixes e golfinhos a servir-lhe de manto, contextualizando a divindade a partir do pontilhado de estrelas em sua representação.

Com 90% das obras do seu acervo voltadas a temáticas africanas, Ed descreve a conexão com os orixás em volta do seu santuário, o Ateliê Museu Ed Ribeiro, na construção das obras. “Cada orixá quando eu pinto, eu só faço no dia dele. Hoje, segunda, é dia de Obaluaiê e Exu, então eu pinto esses orixás apenas hoje, assim como entrego essas obras apenas nos dias dessas divindades. Eu diria que isso faz parte de uma energia maior, uma conexão com as forças da natureza”, explica. 

O artista entende que a ligação das suas obras com os visitantes parte do vínculo e expressividade que a matriz africana possui até hoje no Brasil. Ed acredita na aproximação de diferentes públicos com orixás através da beleza e interpretação dos seus quadros.

“Eu não escolhi a arte, a arte me escolheu. Em tempos de intolerância religiosa, principalmente em relação ao Candomblé e a Umbanda, eu fico honrado de ser o escolhido para levar os orixás não só pelo Brasil, mas mundo afora, procurando mostrar a simplicidade e beleza da matriz africana pelas minhas mãos”, disse.

Ed Ribeiro tem 67 anos, e descobriu o mundo artístico em uma reviravolta da vida, que o fez largar os negócios como empresário no Canela para viver da arte em sua cidade natal, Catu. 

O artista é laureado pela Sociedade Brasileira de Belas Artes e Acadèmique Des Arts Sciences Et Lettres de Paris, sendo referenciado por figuras renomadas como o crítico de arte Joviano Netto, o compositor Jota Veloso e o editor chefe da Comunidade News?—?EUA, Lúcio China.