Ontem conheci Amar, homem vistoso, negro como a noite, olhos expressivos, sorriso fácil como de um menino. Amar tem cinquenta anos, com sua beleza estonteante, ninguém é capaz de dizer a idade que tem.
Falou-me sobre sua vida, desde sua saída da França, que esquia e faz mergulho em profundidade, de dia e de noite, que a noite é mais caro, mas a injeção de adrenalina no corpo vale mais muito a pena.
Disse que além do francês fala italiano, árabe, inglês, espanhol e português - Amar é poliglota. Disse-me que o árabe tem um grau de dificuldade maior, pois escreve da direita para a esquerda.
Disse-lhe que tenho muita vontade de ir a seu país natal e aprender sua língua, foi então que ele me confidenciou que é fácil, a língua de Amar é de fácil entendimento e aprendizado e que se parece muito com a minha.
Disse-me que hoje mora em São Paulo, mas veio a Salvador de férias por conta do frio paulistano. Contei-lhe de um projeto que tenho para escrever um livro sobre a saudade, ficou impressionado e revelou-me que saudade é um sentimento muito bonito e completo e intenso.
Por não mais de quarenta minutos conversamos, falamos sobre política, a situação do Brasil, mal social, falta de conversa e algumas amenidades. Intimou-me a continuar escrevendo, não deixar de lado meu projeto sobre saudade e providenciar urgentemente ir a França e viajar de trem.
Depois Amar me disse que precisava descansar um pouco, que iria para o hotel e me deu um abraço.
Sorriu mais ao me dar adeus e reafirmou: continua esse seu caminho, você vai longe através das palavras. Queria ter conversado mais com Amar, o homem com cara de menino, sorriso leve e fácil, que corre do frio e faz mergulho profundo.
Essa noite sonhei fazendo o checking no aeroporto, com meu passaporte e passagem de ida para Paris.
Acordei leve e com um sorriso nos lábios, acordei comigo que preciso falar mais do amar, preciso ser mais amor.
Biografia
Plínio Gomes Soares Neto nasceu em Senhor do Bonfim (BA), em 05 de março de 1983. Mora na capital baiana há alguns anos, é corretor de seguros, produtor cultural e estudante de Cinema e Audiovisual. Teve contos e crônicas publicados nas Antologias Beco do Crime (2009), Assassinos S/A Vol. 2 (2010), Crônico! (2011), Literatura Futebol Clube (2012) e publicou o livro solo de poesias: Puros Ensaios, Novos Tempos (2011) todos pela Editora Multifoco. E ainda o romance: Um dia desses... (2017) e a reunião de prosa e poesia: Zingador – Ondas, fissuras e outras coisas numa tarde descabida (2017) ambos pela Editora Mente Aberta. Em 2018 e 2019 participou das antologias Poética no Divã e Dias assim..., respectivamente, pela Editora Mente Aberta. Mantem o blog http://zingador.blogspot.com.br e Instagram: @zingador onde divulga poesia, prosa e opiniões.