O artista plástico Jayme Fygura, há mais de 27 anos uma das imagens mais marcantes das ruas de Salvador, conhecido pelos trajes escuros, que lembram uma armadura, e o rosto sempre encoberto por uma máscara, apresenta a exposição "EXUS" durante a Virada Sustentável.
O acervo inédito, criado especialmente para o Festival, traz sete máscaras de Exu, feitas em placas de aço galvanizado, e ainda 12 fotografias de Marisa Vianna, mostrando um pouco do processo criativo.
A mostra será aberta no dia 08, às 16h, e fica em cartaz durante os três de Virada, no Museu de Arte da Bahia – MAB, com visitação gratuita e horário especial de funcionamento – estendido ao turno da manhã.
“Eu tive a liberdade de criar o que quisesse. Então, tô fazendo aquilo que vem na minha visão sobre as cabeças de Exu, que são guerreiros do passado.
E são, justamente, os modelos que eu gostaria de usar e sair por aí, mas não posso por conta das cinco costelas quebradas”, contou Jayme, que foi atropelado em 2016.
“Eu fiz como objeto de arte, em tamanho bem maior e mais pesado, para usar como uma obra em qualquer local. Nesse formato, dá pra eu ultrapassar os limites e trabalhar mais os processos da imagem”, explicou.
O processo criativo durou apenas 21 dias e foi todo documentado por Marisa Vianna - a exposição também irá exibir vídeos com o artista em atuação no seu sarcófago.
“Pra mim, basta sentar, pegar o material e, de repente, a imagem vem. Eu nem rabisco papel nem nada. Vai tudo se encaixando e, de repente, surge a imagem. É um trabalho espiritual, vem na criatividade”, destacou.
O MAB também recebe a exposição “Caretas - Uma Expressão Ancestral”, reunindo 20 obras, feitas em papel machê, por mestres careteiros de Praia do Forte.
A mostra – que é um oferecimento da CMPC Brasil - resgata uma tradição vinda desde os tempos da escravidão, quando, no Carnaval, os senhores permitiam aos escravos se expressarem culturalmente e as caretas eram uma forma de cultuar os deuses e divindades, e também de assustar os filhos dos senhores de engenho, que residiam na Casa da Torre, no Farol Garcia D'Ávila, em PF.
Entre os expositores, Mestre Ulisses, um dos careteiros mais antigos da região e que também irá ministrar uma oficina de confecção de máscaras.
E o subsolo do Museu de Arte da Bahia ainda recebe a exposição “Deformidades: Outras Monstruosidades Possíveis”, reunindo a artista visual Tati Cavalin, a artista visual transvestigenere e performer JeisiEkê, e o artista e cientista Dr X, com instalação, esculturas, desenhos e performances que defendem a igualdade de gêneros e a erradicação do preconceito.
Na mostra, o público é convidado a experimentar e vestir os objetos escultóricos, criados a partir de argila, metal, sucata, papel ou tecido, mesclando técnicas como colagem, costura e pintura, tornando, o corpo, a própria obra de arte e chamando a atenção para o declínio da indústria têxtil e a sua necessidade de ressignificação.
Já o Palacete das Artes abre as portas para a exposição “Catadoras de Luxo - Heroínas (In)visíveis”, com forte crítica social, destacando a importância das catadoras de lixo como agentes ambientais e a da profissão como fonte de renda para diversas famílias.
O projeto - multidisciplinar e integrado com educação ambiental, fotografia, artivismo e direitos humanos - reúne 12 fotografias de catadoras de Salvador. “Somos caracterizadas, pela sociedade, de uma maneira muito ruim.
E, mesmo com tantas barreiras e falta de consideração, conseguimos dar um sorriso. Ali tem mãe, que sustenta a sua família com o lixo da sociedade. O catador de rua e a catadora é resistência”, afirmou a catadora Annemone dos Santos.
E as exposições já em cartaz no Palacete também integram a programação da Virada: “Narrativas Polifônicas” - exposição das fotografias do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger, “A Salvador de Adenor Gondim: O fotógrafo da ventania”, “O Preço do Sorriso”, de João Neto e o acervo permanente de Mario Cravo Jr. Graças à parceria com a Diretoria de Museus do Estado – Dimus/Ipac, o Festival ainda contará com a programação de exposições, palestras e oficinas do Centro Cultural Solar Ferrão, Museu Tempostal e Museu Udo Knoff de Azulejaria e Cerâmica.