Um estrategista de dados norte-americano decidiu vir ao Brasil para aprender nossa língua de forma fluente e para isso procurou interagir com várias personalidades, brasileiros de todos os tipos, buscando, principalmente, conversar durante almoços ou um chopinho. O homem ficou estarrecido pois a quase totalidade dos seus interlocutores puxava com prioridade assuntos ligados ao horóscopo.
Ele ficou sabendo que tal cantor era assim ou assado por ser de Capricórnio com ascendente em Escorpião. Aquela atriz dominava por estar na constelação de Touro e era de Câncer. O político indigitado seria de algum signo. Jogador de futebol famoso tinha lá sua casa em Aquário... e os falastrões levavam tão a sério o assunto que se perdiam em demoradas explanações e explicações, como se estivessem em defesa de uma ciência prestes a revolucionar o Prêmio Nobel.
Ele lembrou que essa coisa de horóscopo, mapa astral e assemelhados é algo raro de se falar nos Estados Unidos ou mesmo na Jamaica, onde habita quando não está no Brasil, e nos diversos países por onde passou. Em sua terra somente os raros que se dedicam ao assunto puxam este tipo de conversa, vez que a maioria acha chato e muitas das vezes sem pé e nem cabeça, outros mais radicais taxando de mera esquizofrenia. Por lá seria quase como uma tribo, uma seita, grupos específicos de pessoas da cultura alternativa a cuidar do assunto.
Aqui, segundo Julian Jordan, todo tipo de pessoa fica ligado aos destinos e perfis protagonizados pelos astrólogos e afins. Chamou a atenção dele o fato de que horóscopo e futebol são assuntos constantes e as pessoas tratam a matéria sem nem mais sentir nenhum tipo de comiseração a reação do outro, como se todos fossem adeptos da “ciência”. Ele tem razão, pois imagine que existem centenas de páginas de horoscopeiros, astrólogos e mapeiros definindo o perfil e o caráter de qualquer um, notadamente de artistas e de autoridades. Mais interessante é que nem os astros no firmamento e nem os astrólogos se entendem sobre o assunto.
Exemplos são páginas que tratam do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que para muitos seria um libriano nascido escorpiano, com sol em Escorpião ou talvez com o sol em Libra. Em seu perfil está o amor pela liberdade, ser festeiro, gostar de fazer charme e fazer amizades. Não gosta de mentiras. Quer tudo às claras. Ah! Horóscopo! Vá entender.
Jair Bolsonaro coloca os astrólogos para brigar, pois uns dizem que é de Peixes e outros que está sob o signo de Áries com ascendente em Câncer. Aí o que diz o perfil do presidente: é um homem sensível, respeitador dos outros, se importando e respondendo com tato aos problemas alheios. Possui uma personalidade paciente, amável e generosa, além de sempre passar a ideia de paz e de calma. Ah! Horóscopo! Vá entender.
Com essas afirmações dá para levar a sério esse tal de horóscopo, mapas astrais, carmas e kundalines? Ou será que os mapas astrais vêm da Atlântida ou de um universo paralelo? Será que o general tem razão ao dizer que a Terra é plana? O certo é que o estrategista norte-americano, como tantos outros incréus, acha que em pleno século XXI de física quântica, buracos negros, Teoria da Relatividade confirmada e quarks sendo medidos, olhar para o céu que nem índio isolado no coração da mata é mostrar que o Brasil é um país de loucos. E seu signo é Virgem. O do perfeccionismo. Ah! Horóscopo! Vá entender.