Oi, de volta, já pedindo desculpas...

Entrei num turbilhão que incluiu a negativa pelo INSS da minha aposentadoria, que deu um nó na minha cabeça e me adoeceu fisicamente; mas isso é tema para outro capítulo, quando esta novela acabar.

Também fui abduzida (uma abdução total do bem), pelo trabalho de divulgação da Flipelô, que me dá sempre muita felicidade e orgulho, mas que é danadinho de fazer...

Então nestes últimos tempos fiquei com a cabeça “seca”, sem ideias, e o coração pulando entre um flash de desejo de escrever isso e aquilo, e outro.

E sempre fico avaliando se o que estou escrevendo vale mesmo a publicação, então junte tudo isso que dá neste vácuo...

E para quebrar tudo isso volto contando uma maluquice de minha cabeça que funciona para me fazer dormir. Nunca acreditei naquelas coisas de contar carneirinhos.

Eu acho que devia transformar estas minhas fantasias pré-sono em contos de ficção científica, que eu adoro. Quem sabe eu faça. Mas o negócio é o seguinte :

Antes de dormir eu imagino aventuras intergalácticas em que eu sou um ser que chega nos lugares para consertar tudo que está errado, reequilibrar e dar a possibilidade de novos rumos....

Se algum psicanalista estiver lendo vai identificar um Complexo de Salvadora ou qualquer coisa assim (hahahah).

Mas a fantasia é minha, então não estou nem aí.

Eu tenho proteção completa, nada pode me atingir, porque eu sou uma espécie de embaixadora de uma federação de planetas e minha função é curar.

Curo seres, curo ecossistemas, curo planetas.

E a cura não é só física, mas emocional também. Então isso de cara já resulta na melhoria das relações,

Eu nunca contei isso a absolutamente ninguém... Engraçado estar falando aqui para todo mundo.

Eu chego nos lugares e estabeleço um local onde são erigidas instalações para atender aos seres que vivem lá, não só os sencientes.

“Senciência é a capacidade dos seres de sentir sensações e sentimentos de forma consciente. Em outras palavras: é a capacidade de ter percepções conscientes do que lhe acontece e do que o rodeia”, pesquei na rede.

O atendimento é feito por mim e por auxiliares que podem ser de muitos planetas diferentes e têm poderes, aptidões e habilidades.

E a gente cura, purifica os seres e propõe a eles que se relacionem melhor com tudo em volta.

Isso porque um planeta sobre intervenção é meio que paralisado. Ninguém pode fazer mal a ninguém, ninguém morre e tudo é recuperado e reestruturado para ser entregue de volta aos nativos.

Acho que agora vou assumir o Complexo de Controladora...

Mas acaba que ideias muito interessantes fermentam nessa minha maluquice noturna interestelar.

Uma vez eu imaginei que encontrava um sistema de pequenos planetas que eram habitados apenas por plantas.

E como eu tenho a capacidade de me comunicar com qualquer ser, claro que fui lá negociar com as plantas.

Elas estavam com problemas sérios de relacionamento entre elas e também com as plantas de outros planetas.

Havia doenças, disputa por espaço, fome, violência...

Havia superpopulação em alguns planetas, falta de plantas em outros.

E elas eram super hostis à aproximação de qualquer outra espécie.

Conseguimos curar as plantas doentes, fazer com que rivais chegassem a acordos.

Grupos inteiros foram remanejados para outros planetas e acabaram sendo criadas “estradas” entre os planetas.

Os diversos grupos de plantas passaram a negociar com seres de outras espécies e planetas os seus insumos, como substâncias que poderiam ser usadas para fazer remédios e outros grupos de plantas decidiram se aventurar e ir colonizar os planetas onde viviam outras espécies.

Em troca, além do intercâmbio com novos mundos, riquezas que elas não conheciam e que podiam ajudar a desenvolver os mundos delas.

Quando saí de lá estava tudo indo bem. Devo voltar em algum momento para saber como andam as coisas e acho que serei bem recebida....

Isso é que dá assistir a muita ficção científica...

Mas nem sempre as fantasias são tão leves. Já houve um planeta com insetos gigantes, escorpiões negros e outros bichos bem violentos, acabando com tudo. Foi difícil negociar com eles.

Não quero voltar lá.

E há outros onde os humanoides não se entendem, onde há muito preconceito, brigas violentas por território,  disputa de poder, estes problemas que a gente conhece bem aqui na terra.

Aí tem de chegar e fazer a barreiras cederem entre os grupos e até mesmo usar o poder de paralisar todo mundo e botar no jeito.

Afinal de contas eu sou humana e tenho meus defeitos também, né?.

Eu acabo dormindo lá pelo meio da história, às vezes retomo na noite seguinte, às vezes elas nunca mais voltam.

E eu deixo que estes mundos sigam seus destinos, tendo tentado fazer o melhor possível.

É um “contar carneirinhos” muito diferente mas, sinceramente, eu adoro esse meu lado secretinho (agora não mais) totalmente em fuga da realidade, imaginativo, que sempre aposta no bem, na possibilidade de mudar para melhor as coisas.

E que adora as estrelas...

Onde você coloca sua cabeça antes de dormir ?

Sobre as colagens que ilustram este texto – São da artista grega Eugenia Loli, que já morou na Alemanha, no Reino Unidos e hoje vive na Califórnia, EUA. Ela  já foi enfermeira, programadora, jornalista, cineasta, mas ao editar um videoclipe de animação em 2012, pegou gosto pela colagem... e olhe no que deu... Ela é genial.