Livros

Clube de leitura discute feminismo

Evento ocorre aos sábados uma vez por mês na Livraria Cultura

Foto: Ieda Tourinho
Primeiro encontro começa com interação
Primeiro encontro começa com interação

Feminismo, interseccionalidade, empoderamento feminino são temas bastante discutidos no ambiente acadêmico, nos movimentos sociais, nos diversos produtos da indústria cultural (telenovelas, programas radiofônicos, programas televisivos, peças de teatro). Nada mais oportuno permitir o acesso mais profundo essa temática com os mundos das letras em uma das principais livrarias de Salvador.

Essa é a ideia do Clube de Leitura “Passos Entre Linhas”, idealizado por Lorena Ribeiro, professora da área de Letras e doutoranda em Linguística pela UFBA. Antes do primeiro encontro, realizado no último dia 29 de junho, a equipe do Leia Mais.Ba conversou com Lorena, que também possui um canal na plataforma YouTube há dois anos de mesmo nome.

Os livros discutidos nesse dia foram “Sejamos todos feministas e “Para educar crianças feministas, ambos da escritora nigeriana Chimamanda Ngozie Adichie.

Confira a entrevista:

Lorena Ribeiro: Foto: Ieda TourinhoLeiamais.ba – Qual foi a motivação de promover reuniões do coletivo Passos entre Linhas em uma livraria?
Lorena Ribeiro
– Eu estou administrando o Passos Entre Linhas, que é um canal no YouTube e um perfil no Instagram @passosentrelinhas. E através do “Passo Entre Linhas, falo sobre literatura em geral, mas principalmente sobre literatura nacional, escrita por mulheres negras e livros infantis que possuem personagens negras. E, então, por eu ter divulgado Calu, uma menina cheia de, o livro da escritora e atriz Cássia Valle, a autora me convidou para substituí-la no Festival Viva Cultura, que ocorreu em abril.

Por causa disso, a produtora de eventos da livraria, Marcele Ribeiro, entrou em contato para saber se eu toparia em fazer um clube de leitura, com o intuito de dar visibilidade à Literatura Negra na Livraria Cultura, que possuem uma seção de autores negros.

Embora o coletivo discuta livros de mulheres negras, ele pretende dar espaço àqueles escritos por homens negros também e, se possível, eventos com esses escritores. É uma forma de aproximar leitor e autor, além de esclarecer esse último sobre o que se escreve.

Leiamais.ba – Os livros abordados nesse encontro foram de Chimamanda Adichie. Quais são os temas que pretendem ser abordados nos próximos encontros?
LR -
Pensei na questão da interseccionalidade, que é discutida pela pesquisadora baiana Carla em “O que é Interseccionalidade?”, porque sabemos que existe o feminismo em geral há anos, mas, hoje em dia, estamos discutindo sobre o feminismo negro.

Na verdade, o feminismo, de forma geral, luta pelos direitos das mulheres, mas há algumas militantes que não se preocupam em especificar, pois a mulher negra não sofre as mesmas dificuldades que a mulher branca. E a mulher negra pobre, por sua vez, tem outras questões. Por isso, é importante se discutir interseccionalidade.

Além disso, outro ponto abordado seria o da masculinidade tóxica [campanha publicitária do governo estadual], que também está bastante discutida hoje em dia.

Ambos os temas são importantes pois muitos têm uma ideia engessada sobre feminismo, de que é ruim. Chimamanda fala que é importante discutir o feminismo para que não criemos meninas sem esses tabus, como o de que a mulher deve se comportar de forma submissa, mas também ajudar os meninos a não crescerem com aquele pensamento de que “não posso chorar, não possa ter medo, não possa ser fraco” e que isso não vai interferir em nada no caráter dele. E essas são regras que a sociedade fica martelando e, às vezes, a criança torna-se um jovem frustrado, com um ego frágil, como a própria Chimamanda diz.

No mês que vem, vamos discutir o livro “Esperança para Voar, da escritora do Zimbábue, Rutendo Tavengerwei, que, inclusive, já veio para a Flipelô do ano passado. E eu convidei a Maria Ferreira, do blog “Impressões de Maria” sobre gênero e raça. Creio que o papo vá ser legal para levantar essas discussões também.

Leiamais.ba - Em relação a esse primeiro encontro, quais são suas expectativas quanto à versão do canal do You Tube em clube de leitura?
LR –
Tenho a expectativa de que seja um encontro bem frequentado no sentido de que as pessoas venham mesmo para participar, para discutir, porque sempre falo que gosto de participar de eventos porque sempre há troca; nunca saímos a mesma pessoa quando vai a eles e volta para casa. Então, acredito que a recepção do público seja bem positiva do clube de leitura e que ele tenha vida longa.

Acho importante também agradecer a Marcele [Ribeiro, produtora de eventos da Livraria Cultura] por ter cedido esse espaço], uma vez que falo sobre os livros na Internet, mas sabemos que a conversa no canal aquece o coração de alguns, mas outros não têm tempo de interagir ou não querem comentar. Logo, não gera a discussão esperada.