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Quadrilha junina: conheça os comandos e o que significam

Muitos dos comandos vem de expressões em francês

Foto: Tony Winston/Agência Brasilia
A "quadrille" surgiu em Paris, no século XVII e hoje é forte no Nordeste brasileiro
A "quadrille" surgiu em Paris, no século XVII e hoje é forte no Nordeste brasileiro

A quadrilha, dança típica das festas juninas brasileiras,  é carregada de referências caipiras e matutas. Mas sua origem vem de muito longe.

A “quadrille” surgiu em Paris, no século XVIII, como uma dança de salão composta por quatro casais. Era dançada pela elite europeia e veio para o Brasil durante o período da Regência (por volta de 1830), onde era febre no ambiente aristocrático.

Da Corte carioca, a quadrilha acabou caindo no gosto do povo. Ao longo do século XIX, a dança se popularizou no Brasil e se fundiu com manifestações brasileiras preexistentes.

A partir daí, diversas evoluções foram sendo incorporadas à quadrilha, entre elas o aumento do número de pares dançantes e o abandono de passos e ritmos franceses.

As músicas e o casamento caipira que antecede a dança também foram novidades incorporadas ao longo dos anos.

Veja os principais comandos da quadrilha junina

Aí vem chuva – Todos fazem meia volta, marchando em sentido contrário.

Anarriê - Os pares, de mãos dadas, voltam em marcha-a-ré até o ponto em que estavam e se separam, ficando cavalheiros em frente às damas.

Anavan - Adiante. Os casais avançam balançando os braços.

Anavantur - Cavalheiros tomam as damas e andam de mãos dadas até o centro do salão, encontrando-se com a fila da frente.

A ponte caiu – Os cavalheiros sem largar as mãos das damas, fazem meia-volta e seguem a marcha na frente das damas.

Arco-íris - Damas passam a rodar para a direita, e as duas filas rodam em sentido contrário.

Balancê - Balançar o corpo no ritmo da música, marcando o passo, sem sair do lugar. É repetido quase todas as vezes que termina um passo. 

Balancê com o par do vis a vis - Seguem somente os cavalheiros e ao se encontrarem com as damas, vão entrelaçando o braço direito no braço direito da dama. Dão duas voltinhas e retornam a seus lugares, ficando de frente para o par.

Balancê com seus pares - Cavalheiro de frente para sua dama. Ambos fazem o balanceio, sem sair do lugar.

Beija-flor - Os pares seguem até o meio da sala, onde as damas estendem a mão direita para o cavalheiro beijar.

Caminho da roça – Damas na frente, cavalheiros atrás, percorrem todo o salão, voltando aos seus lugares.

Caminho da roça outra vez - As damas seguem na frente e os cavalheiros atrás, formando a roda.

Caracol - Os pares fazem fila indiana e a dama do par guia começa a marcha em direção ao centro do salão. Quando o caracol estiver bem unido, todos esperam a ordem do marcador.

Cestinha de flores - As damas levantam os braços, passando-os por cima dos ombros com a palma das mãos para cima. Os cavalheiros que estão atrás seguram as mãos da dama e continuam a marchar.

Cortesia - Os cavalheiros dão um passo para trás sem largar a mão da dama, ficando semi-ajoelhados. As damas dão duas voltinhas pela esquerda, os cavalheiros levantam-se e aguardam o próximo passo.

Cruz de malta - Os casais ímpares continuam rodando e os números pares vão-se infiltrando na roda, segurando-se nos punhos e formando rodas maiores. Os cavalheiros seguram nas mãos dos cavalheiros e as damas seguram nas mãos das damas, formando outro braço da cruz. Continuam rodando ao ritmo da música.

Damas à direita, cavalheiros à esquerda - Os pares fazem uma curva larga e quando voltam a se encontrar, dão-se os braços, fazendo um balanceio no meio do salão.

Damas ao centro - Damas formam uma roda e cavalheiros outra, por fora. Rodam todos no mesmo sentido, para a esquerda.

Damas em roda – Os cavalheiros entram para o centro da roda sem largar as mãos. Damas fazem a roda por fora e todos começam a rodar pela esquerda, procurando seus pares.

É mentira - Nova meia volta. Continuam marchando em roda.

Engenho novo - As duas filas se aproximam no meio do salão e separadas em grupos de dois pares, executam vários passos: as damas dão as mãos, segurando-se na altura do antebraço. Os cavalheiros seguram os punhos das respectivas damas. Os casais pares rodam para a direita e os ímpares para a esquerda.

Grande chène - A dama dá a mão ao cavalheiro e este dá a mão esquerda à direita de outra dama e passam a trocar de mãos até que voltam a encontrar seus pares.

Grande chène creché ou garranché - A dama dá a mão ao cavalheiro e este a mão esquerda à direita de outra dama e passam a trocar de mãos e de dama até que voltam a encontrar seus pares.

Granmuliné - Os pares ficam à vontade, fazendo brincadeiras e algazarras.

Olha o túnel - O par guia dá as mãos, levanta-as à altura dos ombros. O par próximo ao guia passa por baixo, e coloca-se ao lado, na mesma posição. Todos os demais pares fazem o mesmo.

Otreofá - Outra vez.

Passeio - Os pares desfazem as rodas e as damas dão seu braço esquerdo para o par. Saem passeando, dois a dois, um par atrás do outro, até o centro da sala.

Passeio dos namorados – O par guia sai com sua dama pela direita, o par seguinte sai pela esquerda e os demais vão imitando. Quando se encontram novamente, formam uma única fila, depois uma roda no meio da sala.

Preparar para o grande baile - Cada dama pega o seu par e os dois começam a dançar juntos.

Ponte nova – Todos fazem meia volta pela direita e, sem largar as mãos das damas, continuam a marchar.

Preparar o caranchê - Todos param de marchar. As damas de frente para os cavalheiros, que pegam na mão direita dela, usando também a mão direita.

Returnê - Todos voltam a seus lugares de origem.

Sangé - Os cavalheiros rodam as damas pela sua esquerda, passando-as para trás e a cada sinal do marcador, largam as mãos das mesmas e vão pegar as da sua frente até chegarem aos pares certos.

Tour - Dar uma volta: Com a mão direita, o cavalheiro abraça a cintura da dama. Ela coloca o braço esquerdo no ombro dele e dão um giro completo para a direita.

Travessê de cavalheiros - As damas ficam paradas e os cavalheiros atravessam o salão, parando em frente à dama do outro par, cujo cavalheiro faz também o mesmo.

Travessê de damas - Com balanceio ao centro. Os cavalheiros ficam parados e as damas seguem até o centro do salão. Ao se encontrarem com as damas dos pares da frente, dão-se os braços, fazem duas meias-voltas, indo depois para seus lugares.

Travessê geral - As duas filas atravessam o salão ao mesmo tempo, cruzando-se no centro pela direita. Ao chegarem aos lugares voltam a ficar de frente para o par.

Trocar de dama - Cavalheiros ficam à frente, ao lado da dama seguinte. O comando é repetido até que cada cavalheiro tenha passado por todas as damas e retornado para a sua parceira.