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Salvador: 87% dos motoristas usam carro de aplicativos após bebida

É o que revela pesquisa Datafolha

Foto: Pixabay/Creative Commons
O uso de carros de aplicativos após a ingestão de bebidas reduz os acidentes
O uso de carros de aplicativos após a ingestão de bebidas reduz os acidentes

Pesquisa do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), realizada pelo Datafolha com o apoio da Uber, mostrou que 87% da população da região metropolitana de Salvador que consome bebida alcoólica passou a usar apps de mobilidade ao invés de dirigir. Isso representa um número ainda maior que a média nacional de 68%, também identificada pelo levantamento.

O objetivo da pesquisa é chamar atenção para a campanha do Maio Amarelo - iniciativa global que busca a sensibilização em relação à segurança no trânsito e redução de acidentes.

Na região metropolitana de Salvador, o número de acidentes fatais caiu em 54% desde 2012, de acordo com dados do portal de transparência da Transalvador. Para 85% dos entrevistados pelo Datafolha na região, os apps de transporte ajudaram na diminuição de mortes no trânsito causadas pelo consumo de bebida alcoólica e 87% concorda que apps de mobilidade deixaram o trânsito mais seguro.

A pesquisa aponta ainda que 83% dos moradores da região metropolitana de Salvador concordam que passaram a usar aplicativos de transporte para ir para festas, comemorações e bares e 87% acredita que a população passou a usar mais apps de mobilidade em vez de sair de carro quando consomem bebida alcoólica.

O principal motivo (48%) para os soteropolitanos utilizarem os apps de transporte é a segurança, seja por medo de assaltos ou acidentes envolvendo bebida e direção. Outros motivos que levam à essa escolha, de acordo com a pesquisa, é a praticidade com 44%, tempo menor de viagem com 24% e horário da noite com 13% da opinião dos entrevistados. O levantamento também revelou que, para 61% da população, no passado, as pessoas bebiam e dirigiam por falta de opção de transporte.

De acordo com o levantamento, a utilização dos apps de mobilidade para ir a festas, restaurantes e comemorações chega a 49% entre os residentes das regiões metropolitanas do país. Para essas ocasiões, a pesquisa aponta que 40% dos soteropolitanos opta pelo aplicativo, o transporte público fica em segundo lugar com 22% e o carro ou motocicleta própria tem 19% da preferência.

A pesquisa Datafolha entrevistou 3.531 pessoas entre os dias 2 e 10 de abril de 2019 e tem margem de erro de 2 pontos percentuais. Além de Salvador, o estudo teve abrangência nacional, incluindo capitais, cidades de outras regiões metropolitanas e cidades do interior, de diferentes portes, em todas as Regiões do Brasil.

Homens morrem mais

Acidentes de trânsito provocaram a morte de 35,3 mil pessoas, em 2017. É o que mostram os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Os números são preocupantes, e um detalhe chama a atenção: a maior parte das vítimas fatais é do sexo masculino e jovens em idade produtiva, entre 20 a 39 anos (36,75%). São milhares de mortes prematuras, ocorridas todos os anos, com forte impacto social, econômico, no setor saúde e para as famílias.

Segunda maior causa de mortes externas no país, os acidentes de trânsito geram uma grande sobrecarga nos serviços de urgência e emergência do Sistema Único de Saúde (SUS) com números crescentes de internações. Em 2017, foram 182.838, gerando gastos de aproximadamente R$ 260,7 milhões. Deste total de internação, 78,2% ocorreram no sexo masculino.

As principais vítimas fatais foram: os motociclistas (12.199), seguidos de ocupantes de automóveis   e caminhonetes (8.511); pedestres (6.469); e ciclistas (1.306).

Em mulheres, os óbitos por acidente de trânsito foram de 6.336, correspondendo a 18% dos casos em 2017. A maior parte delas também eram jovens, em idade entre 20 e 39 anos (35,7%).  

A gravidade do impacto dos  Acidentes de Tânsito Terrestes (ATTs) na saúde pública inclui também o tratamento das sequelas emocionais e físicas. Segundo estudo baseado em 1,7 milhões de internações por ATT entre 2000 a 2013, foi evidenciado que 23,5% dos pacientes apresentaram diagnóstico sugestivo de sequela física, sendo que amputação e traumatismo crânio encefálico são as principais causas, sobretudo entre homens de 20 a 29 anos, pedestres e motociclistas (Araújo & Mello, 2016).

Há fatores que impactam profundamente na ocorrência e gravidade dos acidentes de trânsito. Esses fatores estão relacionados à qualidade da infraestrutura viária, às condições do veículo e ao comportamento dos usuários de veículos.

Entre os fatores de risco relacionados aos usuários destacam-se a associação de álcool e direção e velocidade excessiva ou inadequada. Já aqueles que contribuem para gravidade dos acidentes destacam-se o não uso de equipamentos de proteção (capacete; cinto de segurança; dispositivo de retenção para crianças, etc).

Vale lembrar que o uso rotineiro do capacete para motociclistas é comprovadamente capaz de reduzir em até 40% a mortalidade e em até 70% os acidentes graves. Nos ciclistas, o uso do capacete também pode reduzir traumatismos cranianos em cerca de 60% dos casos.

A velocidade também é um fator de risco que aumenta a probabilidade de colisões. Há evidências que indicam que o excesso de velocidade entre 10 km/h ou 15 km/h acima do limite fixado contribui para ocorrência dos acidentes, principalmente quando envolve grupos vulneráveis como ciclistas e pedestres.