Doris Pinheiro

Nem pense em negar, já é carnaval, cidade

Foto: Doris Pinheiro

Quem não gosta ou não quer ficar, já começou a arrumar as malas.

Quem gosta, como eu, começa a sentir aquela agoniazinha alegre e a expectativa de ver e viver momentos legais.

Na lembrança, céu azul, rua, rua, rua, música de todos os lados, gente de todo jeito, olhos brilhantes e cheiro de xixi misturado com cerveja.

Hahahahahahahahah

Sim! Chuva, suor, cerveja e xixi!

Eu gosto de carnaval, embora não seja uma foliã clássica. Nunca pulei num bloco, sempre gostei de passar por todos os circuitos vendo o que acontece. Eu gosto muito de olhar...

E para quem gosta de olhar nada melhor do que ser jornalista e ainda mais jornalista de televisão.

Não sei se não consigo mais sair da fôrma e relaxar ou simplesmente, desavergonhadamente adoro trabalhar no carnaval, que me dá a desculpa de ter essa perspectiva de olhar, olhar, olhar.

E foi nesse clima que eu fui para o desfile dos Palhaços do Rio Vermelho, no sábado, dia 16.

Minha amiga me largou na rua e foi namorar, mas tudo bem. Ela tem crédito e o Rio Vermelho é meu bairro (mesmo, nascida e criada). Estou em casa.

Então, de celular na mão resolvi olhare tirar umas fotos, que não estão tecnicamente maravilhosas porque meu celular não é daqueles poderosos. Mas vamos lá...

Vi dois caras de pau com óculos escuros, bengala e uma plaquinha besta feita à mão onde estava escrito : “o amor é cego”.

Um grupo de zambiapunga, lindo como sempre, com um menininho todo vestido na frente.

Aliás, tinha muita criança na festa. Os pais levaram para que os pequenos pudessem viver coisas diferentes. Funcionou e não. Me bati com duas gêmeas de uns nove anos com uma cara de tédio terrível ! As duas ! A mesma cara !

Mas também me bati com a baianinha à frente do cortejo de baianas que me abriu o maior sorriso banguela.

E tinha muita criança em cangote de pai dançando na multidão. Vi uma mulher maravilha de pirulito na boa, curtindo os ombros largos do papai, olhando tudo de cima.

E uma família veio inteira de Amaralina com crianças de várias idades, todos curtindo juntos.

Dava também para levar os vovôs e vovós, as pessoas com dificuldade de locomoção ou qualquer outra dificuldade nesse mundo cheio de dificuldades.

Não tinha nada muito organizado, mas havia os grupos musicais que foram contratados pelos Palhaços e muitos outros – batucadas, muvuquinhas, improvisos, assustados – que se juntaram espontaneamente à festa, assim sem cerimônia.

Mas o que mais me impressionou foi o clima de relaxamento geral. Numa cidade onde você anda na rua assustada olhando para os lados, com medo de ser assaltada, brincar uma noite inteira na rua, na multidão, sem se preocupar é de uma preciosidade...

E foi assim. Acabou que deu para eu curtir umas musiquinhas aqui e ali, encontrar amigos, parar na feira de artesanato na Mariquita (ótima, por sinal), ir visitar minha amiga Ed na Fonte do Boi, na volta para casa comer churrasquinho de gato, ver a garotada tomando conta das ruas (a coroada já estava a voltar para casa, como eu), pegar um taxi e ir papeando e rindo.

Noite boa...

O Leiamais.ba vai estar no carnaval de Salvador com Rosana, Iven, Flávio, Lucas, Djair, Antônio, Felipe, Amanda e eu, e na redação com Morgana, Monalisa e Alberto, com o objetivo de mostrar retalhos brilhantes dessa festa imensa.

Onde você estiver, venha brincar carnaval com a gente!