Desde seus ensaios abertos, a obra vem despertando grande curiosidade e participação do público soteropolitano, já que mistura relatos biográficos com cenas de ficção.
Na peça escrita pelo próprio Vinicius, ele usa sua história com humor e sarcasmo como ponto de partida para mostrar as dificuldades que viveu como uma criança LGBT, que ainda nem sabe o que é, mas já é apontada por outras pessoas, passando pela adolescência e chegando na idade adulta.
“A gente precisa falar sobre isso e fazer uma revisão de nossos hábitos para não continuar criando gerações de crianças solitárias, confusas, com sensação de isolamento e falta de lugar no mundo” - reflete.
A motivação para o espetáculo surgiu logo após o ator contar aos pais, familiares e amigos sobre sua sexualidade. “Depois de conversar com eles, disse para ficarem à vontade para perguntar o que quisessem” - lembra.
Foram questões, muitas vezes tão distantes da realidade, que ele viu nelas combustível para a peça. “Resolvi fazer um espetáculo em que eu pudesse mostrar com minha história que ser gay é mais natural e simples do que parece” - pontua.
“Quando Vinicius me mostrou todo o material que tinha coletado, achei que poderíamos ir pelo caminho do biodrama e do teatro documental” - conta Paula Lice, que assina a direção e dramaturgia do espetáculo. “Acredito que para falar sobre um tema tão complexo como sexualidade é fundamental arriscar um mergulho em sua própria experiência nua e crua.
Enfrentar esse tema através das estratégias do biodrama é estreitar laços entre o público e a cena” - finaliza.