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Série 'Pacto de Sangue' conta histórias de crime e suspense

Série traz Guilherme Fontes como protagonista ao lado de Mel Lisboa

Foto: Turner/Divulgação
Guilherme Fontes faz papel de repórter de TV ambicioso

Estreia no dia 27, no canal fechado Space, às 22h30, com episódio duplo (#1 e #2) e sem intervalos, a série de ficção nacional "Pacto de Sangue". Mistura de suspense com ação policial e mistério, a série vai contar em oito episódios de 45 minutos cada histórias entrelaçadas sobre corrupção, violência, drogas, tráfico e mídia sensacionalista.

Nomes conhecidos do teatro, da TV e do cinema brasileiros estão no elenco, a exemplo de Guilherme Fontes, Fulvio Stefanini, Gracindo Jr e Mel Lisboa. 

"Pacto de Sangue" carrega os dramas, o colorido, os cenários e o sotaque de Belém do Pará, onde se passa a trama. No episódio de estreia, o espectador é apresentado a Silas Campello (Guilherme Fontes), repórter de uma pequena emissora de TV da cidade, e que tem "a sua chance" graças a um furo de reportagem. Ele e o irmão Edinho (Adriano Garib), mais o cinegrafista, chegam à Favela da Barca para um encontro suspeito com o chefe do tráfico na região. A entrevista é interrompida por balas: no tiroteio, morrem o traficante e seus comparsas.

Veja o trailer

Pergunte a um jornalista ou editor que se preze o que ele faria com as imagens de sangue espirrando nas câmeras. Simão (Fulvio Stefanini), um apresentador e profissional mais experiente, foi logo dizendo que não exibiria o material. Mas acabou sendo atravessado pela falta de hierarquia e ética dos colegas de TV: Silas conseguiu a veiculação dos áudios e das cenas e, assim, seus gloriosos minutinhos de fama.

"Não é esse Brasil que queremos pro nossos filhos, mas é esse Brasil que temos hoje", comenta em tom de lamento.

Guilherme Fontes, produtor e diretor de "Chatô, o Rei do Brasil", filme sobre o megaempresário das comunicações Assis Chateaubriand,  está bem no papel do showman que não vai medir esforços para conseguir mais audiência, palanques e chegar a ser "uma das figuras públicas mais polêmicas e influentes da cidade". Qualquer semelhança com a realidade brasileira não é mera coincidência.


Adriano Garib e Guilherme Fontes, Edinho e Silas Campello, irmãos de sangue e juntos na sede de poder

A ironia é que o homem vaidoso, egocêntrico, defensor da moral e dos bons costumes é o pai ausente em casa. Pai de uma usuária de drogas, presa numa clínica de reabilitação. 

Jovens nus e aparentemente dopados são o público principal de uma cerimônia conduzida por Gringa, personagem de Mel Lisboa, em parceria com Trucco (Jonathan Haagensen). Um mistério a ser desvendado pelo policial Moreira (Ravel Cabral), que sairá de São Paulo para investigar os crimes dentro de um resort no coração da Amazônia.  

Coprodução do Space (um canal da Turner do Brasil) com a Intro Pictures, "Pacto de Sangue" é uma criação de Lucas Vivo, com direção do brasileiro Tomás Portella e do uruguaio Adrián Caetano e roteiro do argentino Patrício Vega e colaboração de Ricardo Grynszpan. O ex-Titã Paulo Miklos e André Ramiro, um dos protagonistas de "Tropa de Elite", também integram o elenco.

Pacto de Sangue
Estreia: segunda-feira, dia 27 de agosto, às 22h30, com episódio duplo (#1 e #2), sem intervalos.
Episódio inédito: toda segunda-feira, às 22h30
Reprise: quarta-feira, às 21h


Na série, Mel Lisboa e Jonathan Haagensen gerenciam hotel que é ponto de tráfico

Entrevista

"Temos uma audiência ávida por temas e formatos inusitados que agora encontram espaço para acontecer", diz o ator Ravel Cabral

Simão (Fulvio Stefanini) é um apresentador de TV que não gosta de dividir os holofotes com um colega principiante. A origem humilde de Silas Campello (Guilherme Fontes), longe de limitá-lo, foi um incentivo para querer ir mais além. Já adulto, viu nos meios de comunicação uma ferramenta para transmitir suas convicções a mais gente. Roberto Moreira (Ravel Cabral) entrou jovem para a polícia federal, ganhou confiança, missões difíceis e cresceu dentro da corporação. Acabou descobrindo o gosto pelo perigo. A seguir, entrevistas exclusivas feitas por email com os três atores da série "Pacto de Sangue".

Leiamais.ba- O material de divulgação não diz isso, mas li em algum lugar que a série "Pacto de Sangue" foi inspirada na história do apresentador de TV e ex-deputado pelo Amazonas Wallace Souza, morto em 2010. Faz diferença ter esse "alicerce" quando sabemos que a ficção nacional tem conseguido traduzir com fidelidade impressionante aquilo que já está tão escancarado na realidade, como o crime e a corrupção?
Guilherme Fontes - Eu já interpretei como ator e também como diretor alguns personagens reais e garanto que sempre me preocupei em separar isso. No caso de "Pacto de Sangue", meu personagem é uma obra de ficção e está bem acima da realidade de fatos historicamente conhecidos. Me inspirei em vários apresentadores, inclusive em alguns muito famosos que já morreram. Servem apenas com uma parte de inspiração. Me ligo mesmo é nas nuances e propostas do roteiro. Me sinto bem mais livre assim e até agora tem dado muito certo. 

Leiamais.ba- A série vai estrear a poucos meses das eleições presidenciais, vai mostrar a transformação de Silas "em uma das figuras públicas mais polêmicas e influentes da cidade". A população brasileira anda muito desacreditada da política e dos políticos... Qual o papel que a cultura pode ter num momento de tanto desalento em nosso país?
Ravel Cabral-Eu gosto muito de uma nova safra de histórias policiais brasileiras que tem abordado temas e questões radicalmente nossos. Em nosso país, hoje em dia, a corrupção (em todos os escalões da sociedade) é o maior vilão, é natural que nossos ‘heróis’ estejam se levantando para combater esse mal. Dessa forma, a cultura exerce sua função fundamental de ser espelho e inspiração para todos. E eu acho sim que é um timing muito feliz que essa série estreie no momento em que nossas atenções estejam voltadas para as eleições, quem sabe ela não servirá de modelo para identificarmos os muitos Silas que andam assolando o Brasil?

Leiamais.ba- Podemos falar em um núcleo "bom", ou seja, aquele formado por personagens com princípios éticos e a serviço da sociedade, a exemplo do delegado, do policial Moreira e de Simão, o jornalista experiente vivido por Fulvio Stefanini?
Fulvio Stefanini - Geralmente existem estes dois núcleos: o bom e o ruim.  Essa coisa maniqueísta que eu acho: nem todo mundo é bom ou ruim o tempo inteiro. Os personagens são pessoas humanas, verdadeiras, que agem de acordo com seus sentimentos e necessidades de momento.  Eu acho que quanto mais verdadeiro e autêntico for o clima criado por estes personagens, mais as histórias têm possibilidade de chegar com facilidade até o público, como é o caso da nossa série. Muito verdadeira e sincera, com seus momentos dramáticos.


Ravel Cabral é o policial Moreira, investigador que sairá de São Paulo em busca de justiça e verdade

Leiamais.ba- A julgar pelo primeiro episódio, "Pacto de Sangue" apresenta uma sofisticação e dinâmica muito própria de séries policiais que conjugam ação, mistério e suspense. Podemos dizer que a profissionalização desse setor no Brasil está criando um mercado próprio e paralelo em relação ao da TV aberta? 
Ravel Cabral-Mais do que um mercado próprio, me parece que essa é a tendência de todo o mercado audiovisual, sejam filmes, series, novelas. É muito importante que haja uma grande variedade de produtores, porque só assim é possível termos estórias novas, ousadas, que surpreendam o espectador. Tenho certeza que temos uma audiência enorme, ávida por temas e formatos inusitados que agora encontram espaço para acontecer.
Fulvio Stefanini- Acho que o mercado paralelo de séries e minisséries veio para ocupar um espaço que talvez estivesse carente. São histórias mais concentradas, concisas, as vezes é um pouco mais realista. As novelas têm um outro andamento, ritmo e também outros interesses paralelos e comerciais. A sua dinâmica pode mudar de acordo com preferências e tendências de audiência. A minissérie não. Ela já vem pronta, a história vem pronta, amadurecida, na maioria das vezes muito realista. Me encanta este gênero. Eu fico muito preso a este tipo de dramaturgia, porque é mais dinâmico, mais rápido e direto. Tem se feito muitos trabalhos muito bem feitos, terminados, com alto nível de profissionalismo. Eu sou fã das séries e minisséries. É um segmento muito importante. O cinema talvez tenha ficado um pouco mais enfraquecido com estas novas séries/seriados.

Leiamais.ba- Temos visto que um maior número de novelas e séries de TV e streaming tem chamado atenção para regiões até então pouco conhecidas dos próprios brasileiros. Me parece que "Pacto de Sangue" já tem esse mérito, mostrar a cultura e também as mazelas de uma região. Queria que vocês falassem um pouco sobre as gravações, particularidades (se houver) e o aprendizado do sotaque paraense.
Ravel Cabral - Me parece que com a chegada de novas maneiras de se assistir filmes, séries e novelas, pela internet, em nossos celulares, na hora e lugar que nos interessar, também se abriu espaço para mais ousadia nos temas, personagens e cenários - que até pouco tempo atrás eram predominantemente os clássicos dos folhetins que via de regra se passavam no RJ ou em SP.

É muito bom poder assistir uma história policial que se passa numa paisagem tão peculiar como a do Pará, isso torna tudo mais instigante. Eu fiquei muito feliz de interpretar o investigador Moreira, porque ele, assim como eu, é um paulista que é levado para o Pará.

De certa forma, o que era novidade para o personagem, era para mim também. Em especial, quando saíamos para gravar nas matas, era muito impressionante ver como rapidamente o ambiente urbano se transformava dando lugar para a natureza em toda sua potência.

O período em que filmamos em Belém é uma das memórias mais queridas para mim. Me encantou o afeto das pessoas, os mil paladares novos das comidas (ah que saudade da ‘unha’ rs), a cervejinha no final de tarde às margens do rio e ver a chuva passando por sobre a cidade.

Uma curiosidade divertida: certa vez estávamos filmando em SP cenas que se passavam no Pará. Era madrugada e era julho. Ou seja, um frio terrível de doer os ossos, e a gente fingindo que estava num calor lascado. Então antes de cada take, eu tirava meu casaco e a figurinista vinha com um borrifador jogar água na minha camisa para parecer suor, um horror! Até que em certo momento, o diretor chegou pra mim e disse “então, tá dando pra ver a fumacinha da sua respiração saindo pela sua boca…. será que você pode respirar menos?” hahahahaha.