Ensinei numa faculdade privada por dez anos à noite e, raras exceções, meus alunos e alunas se vestiam de forma apropriada para ir às aulas.
Muitos estavam chegando os empregos e estágios, já que a maioria pagava a própria faculdade, então não havia margem para exageros no modo de se vestir, já que o dress code do mundo do trabalho costuma ser bem claro e muitas vezes rígido.
Ao passar a ensinar numa outra faculdade pela manhã confesso que levei um choque.
Vi os alunos e alunas, em especial, vestidos de uma maneira que não considero de forma alguma apropriada para se ir assistir aula, e, em alguns casos, para ir a lugar nenhum.
Short de ir jogar baba, camiseta e sandália de borracha nos meninos e roupa curta, justa e decotada em excesso nas meninas.
Lembro que vi logo de cara uma moça bem bonita com um short curto a ponto de aparecerem as polpas da bunda, como se diz, e outra com uma legging e um top curto, com a barriga de fora com um jaleco por cima.
Achei inapropriado demais.
E continuo achando inapropriados os decotes exagerados, as saias e shorts curtos demais, as transparências, os vestidos “CJD” – curto, justo e decotado – o desmazelo dos meninos e acredito com todas as minhas forças que quem se veste assim está passando uma imagem que depõe contra si mesmo.
E não adianta vir para cima de mim com o papo de que pode ser vestir do jeito que quiser, pode ser quem quiser, que pode fazer o que quiser...
Poder até pode, mas se prepare para aguentar as consequências.
Uma das coisas de se virar adulto é entender que vida é real e existem limitações bem claras sobre o que o ser humano pode ou não fazer.
Gente sobrehumana só existe em ficção.
Se alguém decidir que vai voar, sem nenhum equipamento, por acaso vai conseguir?
Ou se decidir que vai mergulhar, sem nenhum equipamento, e visitar o fundo do mar, consegue também?
E os poderes da Mulher-Maravilha?
Alguém aí tem?
Não conheço nenhum Super-Homem, nenhum Aquaman e até conheço algumas mulheres maravilhas, mas são aquelas que batalham todos os dias pelos que amam.
Fora isso, só nas telas do cinema e da TV, ou nos HQs.
Foto: Pixabay/Creative Commons
Então, já que estamos no terreno dos reles mortais é nele que devemos viver, entender suas leis, lutar contra o que achamos injusto, mas ter em mente que o nosso direito termina onde o do outro começa.
Lição aprendida na aula de Educação Moral e Cívica, na infância.
Careta?
Não.
Verdade.
E se vale a máxima de que podemos ser e fazer o que quisermos então está validado o direito do outro também de fazer e ser como quiser...
Ninguém manda no olhar de ninguém.
Combinado?
E já que todo mundo pode tudo, passar a mão na menina de roupa curta e comentários ofensivos e grosseiros também estão permitidos?
Não, né?
Também acho que não.
Mas a ideia não é que todo mundo pode ser e fazer o que quiser?
Mas sabe o que me deixa aborrecida de verdade?
É que neste discurso pseudo-libertário continua embutida a má e velha hipocrisia, porque no final das contas todo mundo quer o direito de ser e fazer o que der na telha, mas julga, segrega, reage e trata o outro também da maneira que dá na telha, sem respeitar o direito do outro de ser como ele quer ser.
Então não é mais honesto admitir que existem mesmo regras e leis que estão escritas, muitas vezes de forma subconsciente, na nossa cultura, na nossa civilização humana (tão selvagem)?
Não tem de concordar com tudo, não concordo, pelo contrário, mas tem de entender e lidar.
É o que se chama de vida real.
Pedi a colaboração de uma especialista, Mariana Carrera, que é consultora de imagem e estilo pelo EnModa e pela Boutique de Cursos Ana Vaz, palestrante, do site www.seuladochic.com (instagram @seuladochic) e uma pessoa apaixonada por moda.
Descomplicada e muito simpática, ela me concedeu a entrevista abaixo :
Doris - Oi, Mariana, tudo bem? A coluna vai principalmente focar em como as pessoas mais jovens estão se vestindo para ir para a faculdade, mais do que nos empregos, porque no trabalho as regras são mais rígidas e claras.
O que me preocupa é que estão, meninos e meninas, se vestindo de maneira muito inadequada e aí entra aquela história de que todo mundo pode ser da maneira que quiser, que pode vestir o que quiser e que ninguém pode reagir a nada e a vida real não é assim. Então...
Mariana - Oi, Doris! Você tocou num ponto que venho trazendo bastante ultimamente: estilo pessoal como expressão da individualidade.
Ele deve existir SEMPRE! Porém, devemos nos adequar para certos ambientes, especialmente o profissional.
Doris - Quando se entra na faculdade se sai de um mundo onde se vestia fardas e se cai num mundo maior, onde o jovem veste a roupa que está no seu guarda-roupa, do seu dia a dia.
Claro, a individualidade de cada um vai aflorar, mas qual a medida certa entre essa individualidade e o código de vestimenta adequado para este novo momento da vida ?
Mariana - O vestir hoje está cada vez mais livre, e a expressão da individualidade de cada um deve ser valorizada sempre.
No entanto, nossa imagem diz muito sobre quem somos: em menos de 30 segundos somos julgados por nossa aparência! Costumo explicar para clientes e falar em palestras que a roupa que vestimos afeta o outro.
E ele vai agir com você de acordo com essa sensação.
Determinadas roupas tiram o foco do interlocutor, transmitem mensagens sobre você que podem ser inapropriadas.
Se adequamos nosso estilo pessoal ao ambiente que frequentamos, temos vantagem competitiva, angariamos mais simpatia e transmitimos uma imagem muito mais positiva.
Doris - Na faculdade rola muita paquera, claro, e de alguma maneira os jovens querem se sentir e ficar mais atraentes.
Isso pode fazer com que a exibição do corpo de maneira inapropriada possa acontecer.
Que limite é preciso respeitar para não se ficar inadequado, mas se ser ao mesmo tempo "paquerável"?
Mariana - A grande chave nesse caso é usar da sensualidade no vestir de forma comedida.
Salas de aula não são ambientes convidativos para usarmos roupa muito sexy.
Tira a atenção dos colegas e do corpo docente.
Transmite a ideia de que o estudante não leva o curso a sério.
Temos que ter bom senso e não abusar do decote, do comprimento muito curto, da modelagem muito justa, da transparência sensual demais.
Existem vários jeitos de nos mostrarmos “paqueráveis” de forma mais sutil.
Doris - Curto, justo, decotado... trio que pode não funcionar nem na balada, mas que a gente vê nas faculdades, à luz do dia. Que imagem este trio projeta no lugar errado?
Mariana - Quando juntos, o trio transmite sensualidade excessiva, e a ideia de que esse é o seu foco principal, seja no ambiente acadêmico ou profissional.
Não queremos ser interpretados erroneamente por nossa imagem, certo?
Doris - Os meninos pecam pelo excesso de "relaxamento, com sandália de dedo, bermuda, camiseta...
Isso também não é adequado né ?
Mariana - Isso pra não falar das underwears que vemos o tempo todo! É inadequado justamente por demonstrar desleixo e falta de seriedade.
É mais fácil confiar em quem transmite mais claramente que leva as coisas a sério.
Doris - O que é preciso entender sobre o que uma vestimenta pode projetar de imagem pessoal ? E como isso pode influenciar na hora de ser escolhido, por exemplo, para um estágio?
Mariana - É preciso entender que demonstramos muito de nossa personalidade através da nossa imagem, especialmente nesse momento em que as mídias sociais são tão fortes e afetam nossas vidas tão intensamente.
Somos constantemente observados! Isso tem muita influência em situações de recrutamento profissional.
Aliando nosso estilo pessoal ao ambiente de trabalho, saímos na frente! Mostramos habilidades desejáveis no mercado de trabalho, como adaptabilidade, criatividade, confiança e profissionalismo.
Tudo isso sem perder nossa essência.
E isso vale muito mais do que tentar se encaixar num padrão, especialmente se não fizer seu estilo.
Então, está entendido o ponto de vista onde quero chegar ?
E para fechar e reforçar meus argumentos poderosamente convoco aqui Umberto Eco, uma das mentes mais brilhantes do nosso tempo.
Escritor, filósofo, semiólogo, linguista, bibliófilo que nasceu em Alexandria em 1932 e nos deixou em 2016, foi professor nas Universidades de Bolonha, Yale, Columbia, Harvard, Collège de France e Toronto, entre muitas outras coisas que fez.
Uma delas é o livro “Psicologia do Vestir” que eu agora vou correr atrás para ler.
Na obra, Umberto Eco afirma que “vestir é comunicar”.
Então, o que você quer comunicar ao mundo sobre você mesmo?
Não dá para escapar dessa não, meu bem...
.:: Curtidinhas ::.
Moda em Vilas
E acontece até hoje (começando às 17h) o Palazzo Fashion Week 2018, em Vilas do Atlântico, no Palazzo Spazio di Belezza, na Avenida Praia de Itapoan, 571, em Lauro de Freitas.
Desfiles de roupas, joias e acessórios, palestras com especialistas em moda e beleza, maquiagem ao vivo, flash tattoo e uma feira têm movimentado o evento.
Parabéns a quem organiza, a fotógrafa Josefa Coimbra, o grupo de empresárias Divas de Vilas, e Silvanize Gomes, criadora do Palazzo Spazio di Belezza.
A gente sabe quanto empenho e esforço precisa para fazer um evento de moda assim...
Multitemático
A EcoSquare, espaço bacanérrimo aqui no Rio Vermelho, promove hoje, dia 26, seu primeiro evento multitemático, misturando moda, música, gastronomia e futebol.
A tarde começa com a transmissão da final da Liga dos Campeões da Europa, com a aguardada disputa entre o Real Madrid e Liverpool, exibida a partir das 14h, ao vivo.
No intervalo e depois do jogo, os clientes poderão conhecer uma coleção de t-shirts exclusivas, todas voltadas para torcer para o Brasil na Copa e criadas pela marca baiana Every – que montou uma pop up store especialmente para esse evento.
Completando o agito, a partir das 18h vai rolar muita música nas pick-ups da Kombisoul.
De dentro de uma Kombi estacionada no local, o DJ Daniel Preto vai soltar suas playlists para divertir a galera até altas horas.
A entrada é gratuita.
Dê um saque no Instagram @ecosquareoficial
Bahia Cosmética
A Mostra Bahia Cosmética acontece de hoje até segunda-feira na Praça Central do Shopping Bela Vista, reunindo expositores dos seguimentos de saúde, beleza e bem-estar.
A rede de franquias Acqua Aroma - especialista em perfumaria para casa - expõe seus produtos.
A mostra é aberto ao público.