Doris Pinheiro

Como será sua vida daqui a 10 anos?

Foto: pxhere/Creative Commons

A internet é uma das maiores revoluções da história da humanidade.

Mudou muita coisa e vai mudar muito mais.

O www significa World Wide (largo, extenso) Web, mas devia ser World Wilde (selvagem) Web ...

Acha não?

Minha coluna de hoje foi motivada por duas coisas que me aconteceram: uma mensagem que recebi pelo WhatsApp e por ter participado da super aula/palestra de Liliane Ferrari (@lilianeferrari / #LiliPorAí) professora, consultora especializada em Comunicação e Marketing Digital, sobre um bocado de coisas necessárias para se ter sucesso na rede, convite carinhoso da amiga e jornalista Suely Temporal, da Agência de Textos.

A mensagem no WhatsApp, enviada para mim por Binho Lisboa, outro querido amigo, fala como, a partir dos “produtos” da internet, o mundo mudou, está mudando e vai mudar ainda mais e numa velocidade danada.

Faz uma lista dos produtos da internet e diz como eles derrubaram por terra gravadoras, classificados de jornal e abalam profundamente os meios de comunicação e no final pergunta: ...e você quer viver como vivia há 10 anos?..

E eu aproveito a carona e pergunto: Como você acha que vai estar vivendo daqui a 10 anos ?

Eu escolhi falar de alguns produtos da lista como Netflix, Airbnb, Uber, Youtube e WhatsApp e fiz o seguinte chamamento no Facebook e no WhatsApp: "Minha próxima coluna Modas e Modos no site leiamais.ba vai refletir sobre mudanças a partir de um texto que recebi pelo WhatsApp. Entre outras coisas, fala assim: O Netflix faliu as locadoras; O Google faliu a Listel, Páginas Amarelas e as enciclopédias; O Airbnb está complicando os hotéis; O WhatsApp está complicando as operadoras de telefonia; As Mídias sociais estão complicando os veículos de comunicação; O Uber está complicando os taxistas; O YouTube complica a vida das TVs; Com o banco online não precisa mais ir até às agências; Qual sua opinião? O que tem sido mais impactante para você?"

Cri Cri Cri Cri Cri Cri Cri Cri Cri Cri Cri Cri Cri Cri Cri Cri Cri Cri Cri

Ninguém respondeu!

Como eu acho que resposta nenhuma também é resposta, eu acredito que as pessoas não pararam muito para pensar sobre isso, ou sentem um pouco de incômodo, ou se sente escabreadas de opinar, ou não ligam mesmo.

Tá valendo tudo.

Na verdade eu recebi uma resposta, uma só, mas pra lá de luxuosa.

O webjornalista, professor, empresário da área de mídias sociais, dono da Ness Comunicação, Zeca Peixoto, escreveu um artigo para a minha coluna.

Ahhhhhhisso é que é ser chique...


Zeca Peixoto

Vida passada em tela. Ou o passado que se repete

Por Zeca Peixoto - webjornalista

Ao entrar num veículo do Uber o passageiro é recepcionado tendo o nome mencionado, assim como este já dispõe de informações sobre o motorista.

Ambos têm conhecimento prévio um do outro.

Na mesma tela que acessou este serviço, o cidadão pesquisará um produto no Google, que, conhecendo-o por buscas anteriores, lhe dará dicas mais próximas e exequíveis.

Enquanto prossegue a viagem e deixa o portal de busca rodar, ele poderá se distrair escolhendo um conteúdo na Netflix ou serviço similar de streaming on demand.

À essa altura, o condutor já estará próximo do local que o cliente se hospedará, um quarto previamente negociado pelo aplicativo Airbnb na residência de uma família.

Estes novos modelos de negócios e padrões de sociabilidade têm gerado uma miríade de questionamentos.

Alguns até apocalípticos.

É como se uma tecnologia chegasse e destruísse os "harmoniosos" modos de convívio social e econômico de um passado recente.

Não é bem assim.

São remediações na sociedade, e que sempre ocorreram.

Ou alguém acha que não gerou estranheza quando, no início do século XX, o gramofhone possibilitou que uma obra musical se "deslocasse" do seu local de execução para a sala de estar de uma residência? O impacto foi tão grande a ponto de Theodor Adorno e Max Hokheimer, filósofos da Escola de Frankfurt, entenderem que naquele momento a arte no seu estado "puro" estava sendo sepultada pela tecnologia capitalista.

Menos.

As inquietações sobre estas mudanças, em boa medida, decorrem de percepções sem a devida nitidez por parte daqueles que vivem determinada quadra histórica.

Por isso a surpresa e os questionamentos.

À frente, servirão de parâmetros para entender e interpretar as transformações das sociedades e das tecnologias, com todos seus avanços e também retrocessos e contradições.

Que fique claro: não estamos saindo do inferno e adentrando o paraíso.

Até mesmo porque a cada movimento nas telas nossos dados estão sendo captados, avaliados e distribuídos.

Mais do que consumidores, somos mercadorias; mais do que procuramos, somos vigiados e espionados.

É um combo de mutações tecnológicas e socioeconômicas que enseja o fim de antigos modelos e o surgimento de novos formatos.

O diferencial é que estas novas plataformas digitais são convergentes.

Com a Internet, a televisão não acabou assim como o cinema.

Fundiram-se e passaram a ofertar experiências sensoriais aos usuários que antes não eram possíveis, para mencionar uma dessas mudanças.

Do mesmo modo que os serviços de hotelaria continuarão existindo concomitante as ofertas de hospedagem em residências, que não é nenhuma nova prática.

A Internet não é apenas meio de comunicação, é estrutura estruturante e tem redesenhado o mercado, o consumo e o tecido social.

E isso ocorreu à época da invenção da prensa e posteriormente do rádio, cinema e TV.

Só que agora quem conduz é a web, que liquidificou todos estes meios.

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No liquidificador mesmo

Pois é, Zeca disse tudo.

Ainda bem porque eu sigo aqui com minha cabeça girando, no liquidificador.

Quando tenho de escrever uma coluna com um assunto que me toma de chofre hahahaha, fico assim.

Ainda mais num território tão novo e tudo mais.

Então, como jornalista que sou, fui buscar apoio em informação.

O impacto causado pela internet é monumental.

O rádio levou 38 anos, a TV 13, para atingir cerca de 50 milhões de pessoas no mundo.

A internet levou quatro...

E a tal da web vem provocando mudanças em todas as áreas, não só por causa da velocidade e do acesso à informação, mas principalmente por dar às pessoas o poder de se comunicarem entre si, de criarem e divulgarem conteúdo.

Qualquer um com acesso e conhecimentos básicos pode criar seu próprio meio de comunicação, mesmo que seja “nano”.

E todo mundo caiu na rede e a rede faz parte de todo mundo.

E os artistas, antenas da vida, claro sacaram logo.

Em 1997 Gilberto Gil, em seu disco “Quanta”, gravou a música “Pela Internet".

Veja o clip de "Pela Internet"

Sua vida mudou

Olhe para o lado.

Qualquer hora do dia, em qualquer lugar tem gente trocando mensagens.

Neste momento um grande debate – mesmo aquele silencioso dentro da gente - está aberto sobre se os computadores e a internet e suas possibilidades melhoram ou pioram as relações sociais.

Pesquisas indicam que não existe muita diferença entre os relacionamentos realizados através da rede e de pessoas que não estão na rede.

“Se a internet tem algum impacto nas interações sociais, ele é positivo.

Para a maioria das pessoas, ela é uma extensão da vida em todos os seus aspectos”, diz o sociólogo Manuel Castells, da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, no livro The Internet Galaxy (A galáxia internet, inédito no Brasil).

E você? Acha o que?

Jorge Drexler, cantor e compositor uruguaio, bom pra cacete, aborda o comportamento das pessoas na internet e toca em pontos nevrálgicos da interação entre pessoas na rede, como a infidelidade.

Nova dimensão

O psicólogo social Robert Kraut, da Universidade de Carnegie Mellon, Estados Unidos, acredita que a internet trouxe apenas uma nova dimensão à vida social.

“As pessoas misturam o mundo online e o offline.

Usam a internet para manter contato com quem elas já conhecem e visitam pessoas que elas encontraram na rede”, diz.

Aí, para pessoas extrovertidas como eu, por exemplo, que tenho quatro Facebooks, quatro Instagrans e trocentos e-mails e tô de boa, as vantagens sociais da rede costumam ser maiores.

Não sei, mas de fato me preocupa quando pessoas introvertidas passam o dia inteiro diante do computador.

Para Robert Kraut há dois fatores que determinam se a internet será boa ou ruim para os relacionamentos: o uso que as pessoas fazem dela (trocar e-mail traz mais benefícios sociais do que baixar músicas, por exemplo) e o que as pessoas deixam de fazer para usar o computador (sair com os amigos é melhor do que ver mais TV, por exemplo).

E olha só o contrassenso: eu sou mega caseira, vivo na frente do computador e adoro ver TV.

Meus amigos sabem que me tirar de casa dá trabalho...

Placebo, banda londrina que eu nunca tinha ouvido, sorry, antes de pesquisar músicas para esta coluna, em seu disco “Loud Like Love” gravou a faixa “Too Many Friends”, que fala da superficialidade das relações na era digital.

Ouvi e gostei e o clipe é legal.

Há outras composições bem bacanas que falam em algum ponto da internet, como “Tribunal do Feicebuqui”, do sempre genial Tom Zé,

e “Mamãe no Face", de Zeca Baleiro

Mas agora eu quero aproveitar o espaço que me resta para falar do meu queridinho na internet, o WhatsApp.

Adoro...

Zapp zapeando

Em fevereiro deste ano Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, anunciou que WhatsApp bateu a marca de 1,5 bilhão de usuários ativos no mundo e que são realizados cerca de 60 bilhões de envios todos os dias.

O Facebook comprou o WhatsApp em 2014, por US$ 16 bilhões.

Imagine quanto não vale agora.

No começo de 2017 dados revelaram que cerca de 120 milhões de usuários do app eram brasileiros.

Mas eu acredito que um negócio pra ser sucesso mesmo tem de cair na boca do povo! E o zap zap caiu! Os espetaculares Caju e Castanha fizeram uma embolada sensacional falando de como ficaram as relações entre as pessoas por causa do WhatsApp.

Nos trilhos da rede

A música “Trem-Bala”, que é uma gracinha mas tocou tanto que deu enjoo, viralizou via WhatsApp. 

Feita pela  cantora e compositora de 19 anos Ana Vilela (de Londina, Paraná), que compõe desde os 14 e toca violão desde os 12, a canção saiu encantando as pessoas, que foram compartilhando e acabou que virou notícia.

A menina foi convidada a participar de programas de TV, cantou junto com estrelas como Luan Santana e as visualizações do seu vídeo no YouTube já ultrapassam 2 milhões. T

Tem clipe oficial.

Zap Zap é que nem Lepo Lepo

E como o WhatsApp é o aplicativo que mais aparece como fonte de briga de casal, como facilitador de infidelidade (como se antes dele as pessoas não traíssem), aí que os artistas da música popular se jogam na rede!

A dupla de sertanejo universitário Thiago (de Goiás) e Júnior (do Pará) fez a música de duplo sentido “Zap Zap”.

Mais romântico e ingênuo, o forrozeiro Amazan (de Campina Grande, Paraíba!) também fez uma música chamada “Zap Zap”, mas para ele o aplicativo é um lugar de amor e o provedor está no coração.

Não é ótimo, isso?

Mas pensa que acabou ? Que nada! Tem Mr.

Galiza, que é baiano e fez uma música que também se chama...

“Zap Zap”.

Tem gente que diz que é axé, mas ele diz que é pagofunk.

Sinta aí...

A cara da cultura musical popular da Salvador de hoje, com coreografia e tudo e uma força dada pelos amigos que participaram do clipe, com certeza.

Dança oficial

E para fechar, apresento a vocês a “Dança do WhatsApp”, da Banda Erre Som (de Cuiabá, Mato Grosso).

Eu acho que é um forrozinho eletrônico, mas eles falam em lambadão.

Mas a coreografia gente, é tão veloz e tem tanto rebolado, que eu fico pensando como foi que eles transpuseram para os movimentos o que significa metaforicamente o WahtsApp em nossas vidas (kkkkkk).

De coração, como eu adoro a cultura popular brasileira.