Doris Pinheiro

Calça 'destroyer': está aí uma coisa que eu continuo achando feia

Mas uma destroyer com cara de que viveu muitas aventuras eu acho muito legal...


Foto: Pixabay/Creative Commons

Eu me lembro quando as primeiras calças jeans rasgadas viraram tendência de moda. Lá pelo meio dos anos 80. Elas eram claras, mais soltinhas e de fato parecia que tinham rasgos por causa do uso, e realmente a maioria tinha. Só um pouco depois a indústria da moda absorveu a ideia e passou a produzir calças rasgadas.

As tendências de consumo não rodavam na velocidade de hoje. Marina Lima, a cantora, no auge da sua beleza e carioquice usava direto... e era charmoso, descolado, rebelde...

Hoje as calças – shorts, saias, macacões, na verdade qualquer coisa em jeans de qualquer cor e formato – são vendidas com rasgos das mais variadas formas e tamanhos e com buracos. São as calças destroyer. E eu confesso, não gosto da grande maioria das que vejo. Acho feias. Não é caretice minha, não sou careta, mas seu senso estético, meu alarme de bom gosto apita e por mais que eu tente ... continuo achando feio, especialmente as que têm buracos.

Mas como eu sou uma geminiana tripla – signo solar, ascendente e Mercúrio em gêmeos – o exercício da flexibilidade é uma necessidade orgânica. Então fui conversar com meus alunos que me falaram o que acham das e como usam as peças destruídas. E se pagam a mais pelos buracos...


Foto: Pixabay/Creative Commons

Ivna acha que dá um visual despojado e ao mesmo tempo arrumado. Evita as esburacadas, que acha às vezes vulgares, e acredita que se paga a mais pelos rasgos e buracos por causa do conceito de moda.

Poliana, cheia de piadinhas criativas, tem muitas peças. Argumenta que além do look despojado e estiloso as peças ajudam na “ventilação”. E pergunta : “a senhora já usou calça jeans a semana toda, professora?”. Não sei se ventila, mas usar calça jeans no clima da gente às vezes é barril mesmo.

 
A senhora já usou calça jeans a semana toda, professora?
-- Poliana

Evilasio tem três calças destroyer, com níveis diferentes de rasgo e esburacamento, que ele, sabiamente, usa em ambientes diferentes a depender da formalidade ou informalidade do lugar. Mais uma vez a palavra descolada aparece no depoimento dele.

E Camila, que tem saques bem precisos sobre o quanto vale investir em peças que são digamos, descartáveis, dá uma dica massa : pegar as peças mais velhinhas e fazer você mesmo os rasgos. Não gasta, atualiza uma peça que você gosta e fica descolada.

Eu continuo não gostando, especialmente das esburacadas e das que têm rasgos feitos de maneira artificial. Mas uma destroyer com cara de que viveu muitas aventuras eu acho muito legal... Descolada, sem dúvida.  

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Dica importante

Foi dada pelo jornalista Sandro Lobo.

O aplicativo Moda Livre diz quais as marcas que exploram trabalho escravo.

Excelente ideia, para ver se as marcas que você consome, ou pretende consumir, se utilizam de trabalho análogo ao escravo.

Criado por uma organização não governamental mas alimentado por dados oficiais.

Baixe no celular e use!

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Salve!
Muitos “salve” aos queridos e queridas que manifestaram sua alegria em me ver voltar a falar de moda.

Foto: Pixabay/Creative Commons

Luciana Galeão, Ismael Soudam, Carol Barreto, Goya Lopes, muitos queridos colegas da faculdade e jornalistas, entre eles Suely Temporal, Luzia Santana e meu irmão Dirceu Factum, amigos, gente da família e meus animados alunos que estarão fazendo participação especial aqui.

Aliás, esta é uma coluna com coração aberto a colaborações. Mande para dodo.pinheiro@dorispinheiro.com.br sua foto, ideia, notícia.

Teremos postagens às quartas e sábados. Beijos !